Isso era um sinal do que estava por vir. Nas manifestações que levaram ao impeachment e destituição de Dilma Rousseff em 2016, manifestantes vestidos com a camisa amarela pediram intervenção militar e tirou selfies com policiais militares. Quando Bolsonaro iniciou sua campanha para presidente em 2018, o time de futebol estava firmemente associado a uma agenda de direita.
Durante sua gestão, os dois se tornaram inseparáveis quando os apoiadores saíram às ruas para exigir o fechamento do Supremo Tribunal Federal, o levantamento das restrições da pandemia e o fim da votação eletrônica. Nesses encontros, a camisa da seleção dividiu espaço com símbolos da extrema direita como bandeiras neonazistasfaixas com slogans antidemocráticos e até tochas tiki.
E o lado em si? Embora vários jogadores tenham dado as boas-vindas a Bolsonaro à presidência, não ficou claro qual era a posição política do time. A Copa América em 2021 – polêmica sediada pelo Brasil depois que Colômbia e Argentina se recusaram, citando preocupações com a pandemia – parecia esclarecer as coisas. Após reunião, a equipa decidiu avançar com a competição, frisando que não se tratava de um “político” decisão. Para muitos, essa aquiescência parecia provar que a seleção havia caído sob o domínio de Bolsonaro.
Isso não é totalmente justo. Ao longo dos quatro anos de governo de Bolsonaro, o apoio explícito ao presidente por parte da equipe foi raro. Alguns jogadores, como o atacante do Tottenham Richarlison, se manifestou contra a politização do time. Paulinho, um jovem atacante promissor, chegou a declarar seu apoio ao rival eleitoral de Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva. A maioria dos jogadores, claro, prefere manter a cabeça baixa.
Mas uma seleção nacional, como todos sabem, é muito mais do que a soma dos jogadores individuais envolvidos — é um símbolo. No Brasil, o emaranhado de esporte e política produziu algo estranho: uma seleção quase inteiramente associada a um projeto político divisivo e agora, após a vitória apertada de Lula em outubro, um político derrotado.
As coisas podem não ficar assim. No Catar, foi Richarlison quem proporcionou o momento mais marcante, com sua gol surpreendente contra a Sérvia; Neymar, depois de perder dois jogos por lesão, não conseguiu levar o time ao triunfo. Em casa, os sentimentos se misturam. O desempenho da equipe, oscilando entre sublime e enfadonho, lisonjeado para enganar.
Após uma derrota dolorosa, a questão sobre o que é o time do Brasil – e para quem ele é – permanece em aberto.
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