Uma onça-parda morreu atropelada no km 463 da Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), em Pirapozinho (SP), na madrugada desta quarta-feira (27).
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, já foram contabilizados até o momento, somente em 2022, na região de Presidente Prudente (SP), cinco atropelamentos de animais desta espécie, que está ameaçada de extinção. Destes acidentes totalizados, quatro onças morreram.
O capitão Júlio César Cacciari de Moura, que é o comandante da 3ª Companhia da Polícia Militar Ambiental, com sede em Presidente Prudente, deu orientações aos motoristas para que evitem este tipo de acidente de trânsito.
“A Polícia Ambiental recomenda sempre cautela nestes deslocamentos, principalmente no período noturno e ao amanhecer do dia. Este tipo de acidente é um prejuízo gigantesco e um risco à população em termos de acidente”, explicou Moura.
O veículo envolvido no atropelamento em Pirapozinho nesta madrugada não foi localizado e, ainda segundo o capitão, a morte da onça-parda, que era um macho adulto, é preocupante dentro do cenário de preservação ambiental.
“A morte de animais de topo de cadeia sempre preocupa e gera necessidade de políticas públicas para preservação e análise dos fatores de risco que levam esses animais a falecerem por atropelamento”, finalizou o oficial.
O cadáver do felino foi descartado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Onça-parda morreu atropelada na Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), em Pirapozinho (SP) — Foto: Vítor Capataz
Também conhecida como suçuarana, puma, onça-vermelha e leão-baio, a onça-parda (Puma concolor) é a segunda maior espécie de felino do Brasil, só ficando atrás da onça-pintada (Panthera onca). Tem corpo alongado, com até 1,08 metro de comprimento. A cauda longa mede até 61 centímetros e a altura é de 63 centímetros.
O macho adulto pode pesar por volta de 70 quilos. A pelagem da suçuarana tem coloração uniforme, variando entre marrom-acinzentado bem claro e marrom-avermelhado escuro.
Geralmente os animais que vivem em florestas são menores e mais escuros e os que habitam regiões montanhosas são maiores e mais claros.
Possuem hábitos noturnos (predominantemente) e diurnos, caçam a qualquer hora do dia com certa tendência ao horário de crepúsculo.
Embora seja uma espécie terrestre, possui muita habilidade para subir em árvores e é muito ágil. A suçuarana vive solitária, menos na época de acasalamento.
Pesquisas comprovaram que a suçuarana é o predador mais eficiente e mais flexível entre os felinos. Ela consegue alimento em 75% das vezes em que parte para o ataque.
A alimentação inclui desde pequenos roedores até mamíferos de grande porte (capivaras, veados e catetos), aves e répteis.
O período de gestação varia entre 84 e 98 dias, e nascem de um a seis filhotes, cada um com 220 a 440 gramas de peso.
A espécie é considerada vulnerável e ameaçada de extinção.
Segundo o biólogo André Gonçalves Vieira, responsável por diversos levantamentos de fauna em Presidente Prudente, a onça-parda não tem o hábito de atacar pessoas, a não ser que se sinta acuada, com filhotes ou extrafragilidade alimentar.
“Infelizmente, com a perda de seu hábitat natural (cobertura vegetal nativa) e, consequentemente, queda de presas (alimentos), esse animal passa cada vez mais a ser observado próximo de áreas urbanas”, salientou Vieira.
“Uma das maiores ameaças à sobrevivência dos felinos selvagens em todo o mundo é a perda de hábitats em virtude da expansão urbana, da matriz agropecuária, a retaliação por predação de animais domésticos e os atropelamentos. Portanto, é sempre importante obedecer aos limites de velocidade das vias e se manter atento”, salientou ao g1 o biólogo Rondinelle Artur Simões Salomão, professor doutor na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em Presidente Prudente.
Salomão ainda orientou que, ao avistar um animal selvagem nas vias, é importante manter uma distância considerável e não tentar afugentá-lo.
“Esses animais não oferecem riscos diretos aos seres humanos e, se não forem incomodados, seguirão seu caminho. Onças-pardas só se defendem nos casos em que ficam acuadas ou estão protegendo suas crias”, ressaltou.
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