Os gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 passaram por vazamentos entre esta segunda e terça-feira (26) pela manhã. Sismólogos europeus disseram ter sentido fortes explosões na área.
Os gasodutos, projetados para levar gás da Península Yamal da Sibéria Ocidental (Rússia) diretamente à Alemanha, a maior economia da Europa, têm sido o foco de uma guerra energética entre a Rússia e seus clientes tradicionais europeus no meio do conflito com a Ucrânia.
Bolhas aparecem na superfície do Mar Báltico próximo à Dinamarca, após vazamento do Nordstream 2 — Foto: Comando de Defesa da Dinamarca/Reprodução via REUTERS
A Rússia disse nesta terça que não descarta a possibilidade de sabotagem para as explosões.
O Kremlin disse que estava muito preocupado com a situação, que exigia uma investigação rápida, pois era uma questão que afetava a segurança energética de todo o “continente”.
“Esta é uma notícia muito preocupante. Na verdade, estamos falando de alguns danos de origem pouco clara para o gasoduto na zona econômica da Dinamarca“, disse Peskov.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, e a Rússia disseram que a sabotagem não poderia ser descartada. O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, foi mais assertivo e disse que os vazamentos foram sim causados por sabotagem.
“Há algumas indicações de que é dano deliberado”, disse uma fonte de segurança europeia, acrescentando que ainda era muito cedo para tirar conclusões. “Você tem que perguntar: Quem iria lucrar?”
Uma segunda fonte europeia, quando perguntada se havia informações específicas indicando sabotagem, disse: “Ainda não é específico, mas parece que essa falha de pressão só pode acontecer quando um tubo é completamente cortado. O que praticamente diz tudo.”
Tubos das instalações do gasoduto Nord Stream 1 em Lubmin, na Alemanha — Foto: REUTERS/Hannibal Hanschke
“Os múltiplos vazamentos submarinos significam que nenhum gasoduto provavelmente entregará gás à União Europeia durante o próximo inverno, independentemente dos desenvolvimentos políticos na guerra da Ucrânia”, dizia um comunicado do Grupo Eurasia, uma empresa de consultoria e análise de riscos políticos,
“Dependendo da escala do dano, os vazamentos podem até significar um fechamento permanente de ambas as linhas.”
A Gazprom, estatal russa responsável pelas exportações de gás, recusou-se a comentar.
Mapa mostra os gasodutos Nord Stream 1 e 2 no mar Báltico — Foto: Arte g1
Os gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 têm uma capacidade anual conjunta de 110 bilhões de metros cúbicos – mais da metade do volume de exportação de gás da Rússia.
O Nord Stream 1 de 1.224 km de comprimento consiste em dois gasodutos paralelos com capacidade anual de 27,5 bilhões de metros cúbicos cada, indo de Vyborg, na Rússia, até o ponto de saída em Lubmin, na Alemanha. Essa linha começou a abastecer a Alemanha em 2011.
O Nord Stream 2 mede 1.230 quilômetros. Ele passa sob o Mar Báltico e tem capacidade de 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano. Segue o mesmo percurso que o Nord Stream 1, que funciona desde 2012.
A Autoridade Marítima da Suécia emitiu um aviso sobre dois vazamentos no gasoduto Nord Stream 1, logo após um vazamento no oleoduto Nord Stream 2 que levou a Dinamarca a restringir o transporte marítimo em um raio de 9 km nesta segunda-feira.
A Nord Stream AG disse que era impossível estimar quando a capacidade de funcionamento do sistema de rede de gás seria restaurada.
Os fluxos via gasoduto, que trabalhavam com apenas 20% de sua capacidade desde julho, foram interrompidos no final de agosto para manutenção.
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