Foi uma estreia nada auspiciosa, para dizer o mínimo. Em fevereiro de 1975, um pouco conhecido governador da Geórgia chamado Jimmy Carter apareceu em Des Moines, Iowa, para iniciar uma campanha improvável para presidente. Sua equipe alugou um salão de baile em um hotel e comprou comida suficiente para uma multidão de 200 pessoas. Três apareceram.
Então Carter começou a trabalhar nas ruas e lojas. Gerald Rafshoon, que era seu assessor de mídia, relembrou outro dia uma história que mais tarde ficou famosa. “Carter entra em uma barbearia e diz: ‘Meu nome é Jimmy Carter e estou concorrendo à presidência’”, disse-me Rafshoon. “E o barbeiro disse: ‘Sim, os meninos e eu estávamos rindo disso.’”
A partir desse começo modesto, no entanto, algo realmente grande cresceu. No ano seguinte, Carter praticamente morou em Iowa e venceu todos os outros candidatos nas convenções que se seguiram, levando-o à Casa Branca. Agora, quase meio século depois, a plataforma de lançamento de Iowa está prestes a fechar. Com ele irá o romance do candidato de longa data que vai de porta em porta em uma fazenda para emergir da obscuridade e alcançar as alturas da política americana.
A pedido do presidente Biden, o Comitê Nacional Democrata está movendo-se em torno de sua programação primária presidencial para acabar com o status de primeiro na nação de Iowa. O Comitê de Regras e Estatutos do partido aprovou na sexta-feira um cronograma colocando a Carolina do Sul em primeiro lugar, seguida por New Hampshire e Nevada e, em seguida, Geórgia e Michigan, retirando Iowa da escalação inicial. Para que as mudanças sejam adotadas, o DNC completo ainda deve ser sancionado no início do ano que vem.
Não está claro se os republicanos seguirão o exemplo, mas como meu colega Viagem Gabriel escreveu“um dos concursos mais idiossincráticos e consequentes nas eleições americanas chegou ao seu provável fim”.
A descoberta de Carter em 1976 deu origem a gerações de campanhas de candidatos pouco conhecidos na esperança de replicar seu sucesso impressionante. Iowa nunca havia sido uma força na política primária até então, mas a equipe de Carter, que percebeu que George McGovern se recuperou de uma exibição de segundo lugar no estado em 1972, decidiu investir tempo e recursos lá.
Foi uma experiência humilhante. Conseguir que um repórter aparecesse em um evento já era uma grande vitória. “Qualquer um com um bloco de anotações e um gravador nos deixaria em êxtase”, Carter lembrou a Jonathan Alter em sua biografia “o melhor dele.” Mas, do nada, Carter obteve 28% dos votos em 19 de janeiro de 1976, ficando em segundo lugar atrás de “descomprometido”, com 37%, mas à frente de todos os candidatos de carne e osso. Ele venceu as primárias de New Hampshire que vieram a seguir.
Iowa foi um campo de provas para a maioria dos candidatos que o seguiram. Quando George HW Bush venceu Ronald Reagan lá na disputa republicana de 1980, ele declarou em êxtase que tinha “o Big Mo”, ou ímpeto, apenas para cair em New Hampshire depois. Em 2008, Barack Obama derrotou a favorita, Hillary Clinton, demonstrando que um candidato negro poderia vencer em um estado predominantemente branco e dando credibilidade à sua campanha subestimada.
Iowa escolheu o último candidato democrata quase duas vezes desde a disputa original de 1976, com exceção de 1988, quando Richard Gephardt venceu as caucuses apenas para perder a indicação para Michael Dukakis, e 1992, quando o próprio senador de Iowa, Tom Harkin, estava concorrendo. Do lado republicano, tem sido menos influente. Deixando de lado os candidatos à reeleição, nenhum vencedor de Iowa conquistou a indicação do Partido Republicano desde George W. Bush em 2000. Mas sempre desempenhou um papel na peneiração do campo.
Um candidato que não gostou particularmente de ser peneirado foi um senador e posteriormente vice-presidente chamado Joseph R. Biden Jr. Em 2008, Biden obteve menos de 1% dos votos em Iowa e desistiu. Em 2020, ele terminou em um humilhante quarto lugar quando era o suposto favorito, embora tenha se recuperado.
Não é surpresa, portanto, que Biden não se sinta muito comprometido com a reivindicação de Iowa ao primeiro voto. A Carolina do Sul, sua escolha para a disputa de abertura em 2024, foi onde ele deu a volta por cima em sua campanha de 2020.
Não ajudou que a nova contagem baseada em aplicativo do Partido Democrata de Iowa em 2020 foi tão mal feito que o vencedor não apareceu por dias. (Sob suas regras complicadas, Pete Buttigieg mal superou Bernie Sanders para a maioria dos equivalentes de delegado estadual, a métrica chave.)
E esse é o fim do cenário de Jimmy Carter, pelo menos para os democratas. “Quando decidimos fazer isso, foi uma das coisas mais inteligentes que fizemos”, Rafshoon me disse. Agora, isso é apenas uma história nos livros de história.
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