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O Carnaval do Grotesco de Pablo Barba

Há várias pinturas espalhadas pelo estúdio de Pablo Barba, no final de um quarteirão industrial distante em Long Island City, Queens. Uma é de uma jovem com um vestido floral curto olhando melancolicamente, até mesmo tragicamente, para o encanador consertando a pia da cozinha. Em outro, uma mulher diferente, de camisola rosa, fica na porta de casa aceitando uma caixa de pizza de um entregador como se fosse o Cristo recém-nascido. Ainda outra mulher em uma terceira pintura está de topless e dormindo em uma espreguiçadeira à beira da piscina, pombas brancas voando acima dela. Ao fundo, um garoto da piscina desvia os olhos enquanto arrasta uma rede pela superfície da água para retirar os detritos.

Barba, 38 anos, nasceu em Santiago, no Chile, e cresceu no final da ditadura de Augusto Pinochet, quando não havia muitas oportunidades para artistas. Seus avós e pais eram arquitetos, mas, diz ele, “todo mundo queria ser pintor. A próxima melhor disciplina em um lugar onde ser pintor não era realmente uma opção era a arquitetura. Quando eu disse: ‘Mamãe e papai, vou ser pintora’, eles ficaram entusiasmados.”

O país não tinha um acervo notável de museus nem um mercado de arte, que era ao mesmo tempo limitador e libertador. Barba teve dificuldade em encontrar certos materiais de arte, mas estava livre para pintar o que quisesse. Ele se mudou para Nova York em 2014 para se matricular no programa MFA em Columbia e passou muito tempo no Metropolitan Museum of Art, onde foi atraído pelas pinturas holandesas do século XVII, particularmente aquelas em estilo barroco conhecido como empresa, que significa “companhia alegre”. Trabalhos cômicos, eles retratam atos de consumo grotescos e muitas vezes sinistros de várias formas, possivelmente, diz Barba, como “uma reação protestante a ‘A Última Ceia’”.

De considerável influência para ele é Jan Steen – visto em um auto-retrato no centro da obra-prima “A Família Dissoluta” (por volta de 1663-64) com o rubor de um alcoólatra e fazendo cócegas afetuosamente na mão de sua empregada, que com a outra mão está servindo à esposa incapacitada e com seios adequados de Steen uma taça transbordante de vinho. Barba também tende a se concentrar em momentos em que a decadência se transforma em caos: as pinturas são engraçadas, embaraçosas, empáticas, feias e atraentes, tudo ao mesmo tempo. Seu foco principal é, para usar a frase do próprio artista ao descrever Steen, “um grupo de pessoas reunidas em torno de uma mesa em, basicamente, libertinagem”.

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