O número de casos suspeitos quase dobrou entre 20 e 23 de outubro, passando de em torno de 1.000 para cerca de 2.000. Imagem de Porto Príncipe, em 24 de outubro de 2022
Richard Pierrin / AFP
O número de suspeitas de casos de cólera no Haiti quase dobrou em dias, e a ONU demonstrou preocupação com o “aumento acentuado” nesta terça-feira (25).
“Segundo o Ministério da Saúde do Haiti, o número de casos suspeitos quase dobrou entre 20 e 23 de outubro, passando de em torno de 1.000 para cerca de 2.000”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
De acordo com o Unicef, crianças com menos de 14 anos representam cerca de metade dos casos suspeitos
“Até alguns dias atrás, o aumento de casos de cólera era progressivo, mas agora vemos um aumento acentuado inquietante. Então a situação se torna mais complicada”, afirmou a sueca Ulrika Richardson, coordenadora humanitária da ONU no país.
A doença, embora fatal, pode ser prevenida e há tratamento.
Richardson afirmou que autoridades do governo e ONGs deram uma resposta ráida, apesar do caos gerado pelo bloqueio do principal terminal petrolífero por parte das gangues há um mês.
A escassez de combustíveis torna o trabalho da equipe humanitária muito mais difícil: interrompe-se a distribuição de água potável, que é fundamental no tratamento da doença.
O Unicef começou a distribuir água para quase mil pessoas em Cité Soleil, um bairro pobre da capital Porto Príncipe e um dos epicentros desse novo surto de cólera.
Ulrika Richardson, que visitou vários centros médicos nos bairros mais afetados em Porto Príncipe, descreve cenas angustiantes, de crianças “tão desnutridas que era muito difícil inserir uma infusão em seus braços ou pernas; e adultos realmente doentes”.
Conselho de Segurança da ONU se reúne para discutir situação humanitária e de segurança no Haiti
Volta após três anos
O cólera voltou a assombrar o Haiti no início de outubro, após três anos sem casos. Esta doença foi introduzida por efetivos das forças de paz da ONU em 2010 e a epidemia causou estragos até 2019, provocando mais de 10 mil mortes.
Para enfrentar a paralisação do país e a situação sanitária e humanitária, o governo pediu ajuda à comunidade internacional. A pedido de Guterres, o Conselho de Segurança da ONU está considerando enviar uma força internacional para restaurar a ordem no país caribenho.
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