Disciplinas como ‘brigadeiro caseiro’ vem ganhando espaço na rede pública em detrimento de grades curriculares mais tradicionais, como história e sociologia. Pedagoga explica como lacunas na grade ampliam desigualdades. Um ano após a implementação do novo Ensino Médio em todas as escolas públicas e privadas do país, autoridades no campo da educação ainda avaliam como a implementação das mudanças na grade curricular dos estudantes pode ser aperfeiçoada.
No estado de São Paulo, o secretário de Educação, Renato Feder, diz que estuda reduzir as opções do chamado itinerário formativo dos estudantes – conjuntos de disciplinas focados em uma ou mais áreas específicas do conhecimento.
Estudantes do ensino médio em sala de aula
Gabriel Jabur/Agência Brasil
A ideia de uma grade curricular flexível seria contribuir para um ensino profissionalizante, com formação técnica voltado para o mercado de trabalho. Na rede pública, disciplinas como “brigadeiro caseiro” acabam ganhando espaço, em detrimento de grades curriculares mais tradicionais, como história e sociologia.
A pedagoga Anna Helena Altenfelder defende que essas lacunas ainda não corrigidas acabam ampliando desigualdades históricas e precarizando a educação dos jovens.
“Qualquer política educacional no Brasil precisa, antes de mais nada, pensar no enfrentamento das desigualdades”, afirma Altenfelder em entrevista ao podcast O Assunto.
“Nós não podemos admitir, nem permitir que exista uma escola para os ricos e outras para os pobres e que qualquer coisa serve para a maioria da população, muito pelo contrário. Não posso imaginar o que brigadeiro caseiro pode trazer de contribuição para o desenvolvimento da cidadania, para uma inserção no mercado de trabalho, para efetivamente o desenvolvimento integral. Esse é um risco que já era apontado”, diz.
Ouça a entrevista completa no podcast O Assunto.
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