A mudança no tom do discurso de Lula (PT) sobre aborto foi fruto das conversas do ex-presidente nesta semana com interlocutores de evangélicos. Ao negociar um compromisso por escrito com a pauta de costumes com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que faz a ponte da campanha com o segmento, Lula decidiu já fazer declarações públicas sobre o aborto – um dos temas mais importantes para os evangélicos.
A declaração foi feita em vídeo gravado por Lula na quinta-feira (6). E é uma mudança total de discurso. Ele disse: “não só eu sou contra o aborto como as mulheres com quem eu casei são contra o aborto. Eu acho que quase todo mundo é contra o aborto. Não só porque nós somos defensores da vida, mas porque deve ser uma coisa muito desagradável e dolorida alguém fazer um aborto”.
Em abril, quando ainda era pré-candidato, Lula tinha discurso diferente. Ele defendeu o direito de mulheres fazerem aborto em um debate em São Paulo. “Aqui no Brasil não faz porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não ter vergonha”, disse.
O tema também será abordado na carta aos evangélicos, que está sendo escrita nesta sexta-feira (7) para ser divulgada na segunda (10). A carta foi debatida na quinta entre Lula e Eliziane Gama, evangélica e filha de pastor. Na campanha de Lula, Eliziane é uma ponte com os evangélicos.
Lula e seu adversário no 2º turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL), travam uma luta pelo voto do eleitorado ligado a igrejas, especialmente o público evangélico.
Auxiliares confirmaram que não ficará de fora da carta o compromisso claro que Lula terá com a pauta de costumes — dirimindo qualquer dúvida criada por desinformação sobre a relação de um eventual governo Lula com o segmento.
A carta vai apresentar os compromisso de que:
- a pauta de costumes defendida por evangélicos não sofrerá interferência do governo;
- evangélicos vão participar de políticas públicas e terão lugar de fala para sugerir e participar de propostas;
- a grande questão para evangélicos é sentir que terão representação no governo. E que serão vistos e respeitados.