Mourão critica 'lideranças' que, 'com o silêncio', deixaram para as Forças Armadas a conta de 'inação' ou 'pretenso golpe'

Vice-presidente e senador eleito assumiu comando do Executivo na sexta, após Jair Bolsonaro viajar para os Estados Unidos. Ambos estarão ausentes na posse de Lula, neste domingo. O presidente em exercício, Hamilton Mourão, criticou neste sábado (31) “lideranças” que, “com o silêncio”, deixaram crescer um clima de desagregação no país e levaram para as Forças Armadas a conta da “inação” ou de um “pretenso golpe”
Mourão fez um pronunciamento de fim de ano transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão.
“Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desasgregação social. E de forma irresponsável deixasse que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta. Para alguns, por inação, e para outros por fomentar um pretenso golpe “, afirmou Mourão.
Senador eleito, Mourão é o presidente em exercício porque, na sexta-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro viajou para a Flórida, nos Estados Unidos. Assim, Bolsonaro termina o mandato em solo estrangeiro. Neste domingo (1º), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assumirá a Presidência.
Mourão não citou nomes em sua fala de pouco mais de 8 minutos. Ele fez referência aos pedidos de parte do eleitorado de Bolsonaro para que as Forças Armadas atuassem para reverter o resultado da eleição.
Nos dois meses que se seguiram ao resultado da votação, Bolsonaro se manteve recluso na residência do Palácio da Alvorada e praticamente não falou em público, enquanto seus apoiadores acampavam em frente a quartéis do Exército fazendo reivindicações antidemocráticas.
Sem falar diretamente dos acampamentos, Mourão disse que é “equivocada” a “canalização de aspirações e expectativas para outros atores públicos que, no regime vigente, carecem de lastro legal para o saneamento do desequilíbrio institucional em curso”.
Mourão afirmou também que a “alternância de poder em uma democracia é saudável e deve ser preservada” .
Mensagem de fim de ano
Nos três anos anteriores, Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, veicularam mensagens de fim de ano usando a cadeia nacional de rádio e TV. O casal sempre optou pelo dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Relembre:
2019: Bolsonaro diz que ‘o mundo voltou a confiar no Brasil’
2020: Bolsonaro diz se solidarizar com vítimas da Covid
2021: Bolsonaro cita ‘ano de muitas dificuldades’
Em 2022, Bolsonaro passou os últimos dois meses do ano recluso após ter sido derrotado por Lula no segundo turno das eleições. O presidente e a primeira-dama não produziram mensagem de fim de ano.
Na sexta, antes de embarcar para os Estados Unidos, Bolsonaro fez uma “live” de mais de uma hora nas redes sociais. Não incluiu, no entanto, uma mensagem do tipo aos brasileiros.
Bolsonaro fora do país
Ao viajar para os Estados Unidos nesta sexta, Jair Bolsonaro abreviou o próprio mandato presidencial em dois dias. Na prática, ao deixar o país, o chefe do Executivo transmite o cargo para seu sucessor.
Bolsonaro não participará da cerimônia de posse de Lula – e, com isso, também não passará a faixa presidencial ao futuro presidente. A passagem da faixa é uma tradição que simboliza a alternância de poder e a força do sistema democrático.
Até a noite deste sábado, o cerimonial da posse ainda não tinha revelado quem passará a faixa a Lula. O gesto tem valor apenas simbólico, e mudanças nesse rito não têm qualquer impacto sobre a sucessão dos mandatos.

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