Milhares de pessoas marcharam nesta segunda-feira (26) nas ruas das principais cidades da Colômbia contra as medidas propostas pelo presidente esquerdista Gustavo Petro, como o aumento dos impostos para os ricos e a reforma agrária.
Em Bogotá, os manifestantes se mobilizaram pelas ruas do centro e se concentraram na Praça de Bolívar, ao lado da sede presidencial, aos gritos de “Fora Petro!”.
“Petro prometeu uma mudança de política geral, mas se cercou de políticos corruptos. Isso é enganar”, disse Orlando Novoa, de 60 anos, proprietário de uma construtora com cerca de 30 funcionários.
Em Medellín, uma equipe do canal estatal Telemedellín foi agredida por manifestantes e precisou abandonar a cobertura, denunciou a ONG Fundação para a Liberdade de Imprensa.
Gustavo Petro toma posse como presidente da Colômbia
Petro se tornou o primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia ao conquistar pouco mais da metade do eleitorado com propostas de reformas, como aumentar os impostos sobre os ricos, frear a exploração de petróleo e fazer uma reforma agrária para distribuir terras férteis entre os camponeses sem terra.
Para colocar em prática estas iniciativas, Petro formou uma coalizão legislativa majoritária com o apoio de vários partidos tradicionais.
O Congresso debate atualmente um projeto de reforma tributária apresentado pelo governo que pretende cobrar mais impostos das classes altas para financiar seus programas sociais contra a pobreza e a desigualdade.
Na capital, dezenas de jovens que se mobilizaram em defesa do presidente trocaram insultos e empurrões com seus opositores, obrigando funcionários da prefeitura a intervir.
As manifestações percorreram as ruas de Medellín, Cali , Bucaramanga e outras capitais estaduais.
A chegada de Petro ao poder estimulou indígenas e camponeses a ocupar à força dezenas de propriedades. Petro criticou as invasões, mas mesmo assim, em Cali, centenas de pessoas vestidas de branco levaram às ruas cartazes que diziam “Respeito à propriedade privada” e “Petro incentiva o crime em vez da produção”.
Petro foi membro do M-19, uma guerrilha nacionalista de origem urbana, durante 12 anos. Em 1990, o M-19 assinou um acordo de paz e se tornou um partido político.
Os manifestantes contrários a Petro também reclamam do passado de Petro: “É uma desonra ter um presidente guerrilheiro. Fico indignada”, disse Manuela Hernández, de 62 anos, dona de uma empresa de roupas de banho em Bogotá.
O presidente anterior, Iván Duque, enfrentou grandes protestos em 2019, 2020 e 2021, liderados por jovens.
O mais sangrento ocorreu no ano passado, quando Duque tentou taxar a classe média para lidar com os estragos da pandemia, que provocou manifestações violentas que duraram dois meses e deixaram 46 mortos, entre civis e policiais, segundo a ONU.
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