Maioria dos policiais vê falha de segurança nos atos golpistas, e 40% consideram legítimas as pautas dos invasores, aponta sondagem


Sondagem ouviu profissionais da segurança pública entre os dias 24 e 27 de janeiro. Mais de 60% concordam total ou parcialmente que o Comando do Exército demorou para colaborar com a dissolução do acampamento em frente ao seu Quartel-General. Bolsonaristas durante confronto com a polícia em atos terroristas contra os 3 Poderes em Brasília
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Quase 40% dos profissionais da segurança pública avaliam que a invasão às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, e, Brasília, foi condenável e não pode ser tolerada — mas, ao mesmo tempo, entendem que as pautas defendidas pelos invasores eram legítimas e não atentam contra a democracia. É o que mostra uma sondagem feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgada nesta segunda-feira (30).
Veja os principais dados da sondagem:
40% dos policiais concordam totalmente ou parcialmente que a invasão é condenável, mas as pautas defendidas pelos invasores eram legítimas e não atentam contra a democracia;
56% concordam totalmente ou parcialmente que houve omissão no policiamento;
59% concordam totalmente ou parcialmente que a conduta dos policiais designados para as linhas de proteção inicial dos prédios foi inadequada e sem o devido rigor para controle de distúrbios civis;
51% concordam totalmente ou parcialmente que a conduta da PMDF foi correta e o problema foi exclusivamente de comando político.
O questionário foi feito com policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, penais e guardas civis entre os dias 24 e 27 de janeiro — às vésperas do fim da intervenção decretada pelo governo federal na segurança do Distrito Federal. (Leia mais sobre a metodologia no final desta reportagem.)
Conduta da PMDF
A sondagem também abordou a responsabilidade pelo que ocorreu no dia 8 de janeiro.
Mais da metade dos agentes policiais ouvidos pelo FBSP considera que a conduta da Polícia Militar do Distrito Federal foi correta e que o problema foi exclusivamente de comando político. 26,6% concordam totalmente com essa afirmação, e 24,6% concordam parcialmente.
Além disso, quase 60% concordam total ou parcialmente que a intervenção na segurança pública do DF foi a solução menos traumática para a pacificação e solução da crise. Outros 61,7% também avaliam que o Exército demorou para colaborar com a dissolução do acampamento dos invasores em Brasília.
Avaliação do planejamento da operação
A maior parte (quase 76%) dos profissionais de segurança avalia que houve falha no planejamento das forças de segurança na contenção às invasões. Mais de 70% também concordam total ou parcialmente que houve falha de comando.
O questionário também perguntou se a conduta dos policiais designados para as linhas de contenção e proteção inicial dos prédios foi inadequada e sem o devido rigor para controle de distúrbios civis. Uma parcela de 37,9% dos entrevistados concorda totalmente com essa afirmação.
Também houve baixa tolerância à conduta dos policiais que foram flagrados confraternizando com os invasores: 45,6% concordam totalmente que eles devem ser punidos após disporem de amplo direito de defesa.
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Metodologia
Segundo o FBSP, um formulário eletrônico foi desenvolvido e enviado para uma base cadastral de 6.351 endereços eletrônicos de profissionais da segurança pública construída desde 2008 pelo Fórum — e representativa de todas as forças de segurança do país.
Para aumentar a segurança da pesquisa, foram controlados, sem identificação, logs e IP de cada questionário — de modo a garantir que os retornos fossem únicos e individuais.
A partir dos retornos, os resultados foram controlados e ponderados por tipos de polícia existente no país e seus efetivos. Ao final, a amostra de respostas válidas foi de 636 questionários.

Fonte

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