Os brasileiros vão às urnas no domingo em uma votação que polarizou o país e deve resultar em um novo presidente. O escolhido será obrigado a lidar com uma crise econômica, o aumento do desmatamento da Amazônia e a dúvidas persistentes pela saúde da maior democracia latino-americana.
A eleição ocorre em um momento-chave para o Brasil, onde o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, bem como uma dolorosa desaceleração econômica, dificultam a vida de muitos brasileiros. No país de 217 milhões de habitantes, cerca de 33 milhões de pessoas passam fome e a pobreza extrema aumentou, revertendo décadas de progresso social e econômico.
Há também grandes preocupações ambientais e climáticas. O desmatamento na Amazônia está em níveis não vistos em 15 anos e o titular de extrema direita, Jair Bolsonaro, que acredita que a selva deve ser aberta para mineração, agricultura e pecuária e que enfraqueceu as proteções ambientais. A destruição da Amazônia – e seus efeitos nos esforços para evitar uma crise climática – tornaram o Brasil um pária global.
A eleição é um duelo entre Bolsonaro y Luiz Inácio Lula da Silvaex-presidente de esquerda que governou de 2003 a 2010. Da Silva foi preso em 2018 por acusações de corrupção, mas sua condenação foi posteriormente anulada depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que o juiz do caso era parcial.
Os eleitores estão tentando descobrir como os dois principais candidatos planejam enfrentar diferentes desafios e colocar o Brasil de volta no caminho do crescimento.
Nove outros candidatos, incluindo Ciro Gomes, ex-governador e senadora Simone Tebet, também estão concorrendo, mas todos têm menos de 10% de apoio. No domingo, os brasileiros também votarão em governadores, senadores e deputados estaduais e federais.
Bolsonaro prometeu às famílias necessitadas que lhes dará US$ 113 por mês em dinheiro, expandindo assim uma política temporária que foi criada inicialmente para mitigar as dificuldades da pandemia.
A continuação do programa, que reformulou e substituiu um programa similar, mas menos generoso, implementado no governo Lula, deve “reduzir a pobreza e contribuir para o crescimento econômico sustentável”, segundo Plano oficial de Bolsonaro.
O titular de extrema-direita também promete criar empregos por meio da remoção de restrições burocráticas, cortes de impostos e investimentos em tecnologia. Em um gesto para os investidores, que o apoiaram maciçamente em 2018, Bolsonaro promete manter sua abordagem de livre mercado e manter a dívida pública sob controle. Bolsonaro gastou muito em benefícios sociais e ajuda de combustível antes das eleições, depois de pressionar pela remoção temporária dos limites dos gastos públicos.
Bolsonaro, ecoando a retórica linha-dura que lhe rendeu o apoio de ultraconservadores e eleitores evangélicos há quatro anos, também promete defender “a família” ao se opor ao aborto legal e à educação de gênero nas escolas.
Como proponente da privatização, ele planeja reduzir “o papel do Estado na economia” e vender empresas estatais como a Petrobras, a empresa de energia.
Mas Bolsonaro também defende a expansão em larga escala da mineração e da agricultura, embora indique que o crescimento deve considerar “sustentabilidade econômica, social e ambiental”.
Ele promete combater os crimes ambientais de forma mais agressiva, mas questiona os dados que mostram um aumento acentuado do desmatamento durante sua presidência e sustenta que o Brasil tem direito ao “uso sustentável de seus recursos naturais”.
Bolsonaro também disse que expandirá a repressão ao crime e promete expandir ainda mais o acesso a armas de fogo, uma medida que ele credita ao declínio dos crimes violentos no país. “A legítima defesa é um direito fundamental”, afirma o candidato.
Da Silva presidiu uma idade de ouro de crescimento em seus dois mandatos. Naquela época, um boom de commodities fez do Brasil uma história de sucesso global. Ele promete devolver o país àqueles dias de glória.
O candidato de esquerda promete aumentar os impostos dos ricos e aumentar os gastos públicos, “colocando o povo no orçamento”. Seus aviões eles incluem uma série de programas sociais, como um vale mensal de US$ 113 que concorre com o proposto por Bolsonaro. Famílias pobres com crianças receberão outros US$ 28 por mês para cada criança com menos de 6 anos de idade.
Da Silva também prometeu ajustar o salário mínimo mensal do Brasil para a inflação e reviver um esquema de habitação para os pobres, garantindo a segurança alimentar para os famintos.
Como ex-líder sindical, Lula planeja revigorar o crescimento e “criar empregos e oportunidades de emprego” gastando em infraestrutura, uma referência à sua estratégia anterior. Mas ele também planeja investir em uma “economia verde”, alertando que o Brasil deve adotar sistemas energéticos e alimentares mais sustentáveis.
Em resposta a reivindicações infundadas de Bolsonaro de uma possível fraude com as urnas, Da Silva diz que vai “defender a democracia” e o sistema eleitoral brasileiro.
Na Amazônia, o candidato de esquerda deu a entender que enfrentará crimes ambientais perpetrados por milícias, invasores de terras, madeireiros e outros. “Nosso compromisso é lutar incansavelmente contra o desmatamento ilegal e promover o desmatamento zero”, disse.
Os brasileiros vão votar em máquinas eletrônicas, sistema que funciona há mais de 20 anos e tem sido protagonista das alegações de Bolsonaro de que há risco de que a eleição seja fraudada.
Em julho, chamados diplomatas estrangeiros ao palácio presidencial para mostrar seu depoimento, que acabou sendo uma notícia de anos atrás sobre um hack que não comprometeu as urnas. Demasiado um recrutado para os militares do Brasil na sua batalha contra as autoridades eleitoraislevantando temores de que as forças armadas possam apoiar qualquer esforço para se agarrar ao poder.
Na noite de quarta-feira, o partido político de Bolsonaro emitiu um documento que alegou, sem fornecer provas, que um grupo de funcionários do governo e contratados tinha o “poder absoluto de manipular os resultados das eleições sem deixar rastros”.
Esse foi um dos ataques mais significativos contra o sistema eleitoral brasileiro até hoje. O partido disse que chegou a essa conclusão após uma auditoria do sistema eleitoral que encomendou em julho e agora está divulgando as informações porque os funcionários eleitorais não tomaram as medidas necessárias.
A autoridade eleitoral do Brasil respondeu imediatamente na quarta-feira. As conclusões do documento são “falsas e desonestas e não têm respaldo na realidade” e constituem “uma clara tentativa de atrapalhar e atrapalhar o curso natural do processo eleitoral”, disse a agência. é uma declaração. o Tribunal Superior Ele disse que agora está investigando o partido do presidente por ter divulgado o documento.
O voto é obrigatório no Brasil e, em 2018, a participação no primeiro turno das eleições foi de quase 80%.
No domingo, a autoridade eleitoral começará a divulgar os resultados fechando as urnas às 17h, horário de Brasília, e a contagem final será anunciada algumas horas depois.
Se nenhum candidato ultrapassar 50% dos votos no domingo, um segundo turno será realizado em 30 de outubro. Uma vez eleito, o novo presidente tomará posse em 1º de janeiro.
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