Depois da decisão do Banco Central (BC) de interromper a queda dos juros e das novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao BC, petistas passaram a especular que o substituto de Roberto Campos Neto pode ser um economista com uma visão mais heterodoxa à frente da autoridade monetária.
Passaram a circular nomes como os de André Lara Resende, Guido Mantega e Aloizio Mercadante.
Nomes que geram tensão no mercado, já que sinalizariam uma política monetária mais flexível no combate à inflação. As novas especulações surgiram depois que Gabriel Galípolo, o nome considerado favorito para substituir Campos Neto, votou pela interrupção da queda dos juros.
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Esse fato levou os petistas a criticarem Galípolo, visto como um economista com boa relação com o PT e que tem acesso direto ao presidente Lula.
Dentro da equipe econômica, porém, a avaliação é que Galípolo segue como nome forte para presidir o BC e conta com a confiança do ministro Fernando Haddad.
Assessores de Fernando Haddad avaliam inclusive que para o médio prazo a decisão unânime do Banco Central foi acertada e vai acalmar o mercado nos próximos dias. As turbulências nestes dias pós-Copom são classificadas como normais.
Por sinal, o cenário estava desenhado para que o dólar recuasse. E até começou a cair no início do dia após a reunião do Copom, que manteve inalterada a taxa de juros, em decisão unânime do Banco Central.
O resultado agradou o mercado, porque sinalizou que o BC, apesar de todas as pressões, tomou uma decisão técnica. Mas não agradou nem um pouco o presidente Lula, apesar de ele já esperar o resultado do Copom, e os petistas.
Tanto que Lula fez novas críticas ao Banco Central e levantou novas dúvidas sobre a autonomia do BC. O reflexo disso foi que o dólar passou a subir logo depois da entrevista do presidente, perto de meio-dia, e fechou o dia a R$ 5,46, maior valor desde julho de 2022.