Num novo teste, o líder norte-coreano Kim Jong Un liderou o disparo de dois mísseis estratégicos de longo alcance nesta quarta-feira (12), informou a agência estatal KCNA na manhã desta quinta, pela hora local.
Enfatizando que o teste foi outro aviso claro para seus “inimigos”, o líder Kim disse que o país “deve continuar a expandir a esfera operacional das forças armadas estratégicas nucleares para impedir resolutamente qualquer crise militar crucial e crise de guerra a qualquer momento”, de acordo com a KCNA.
A KCNA também disse que os dois mísseis da Coreia do Norte testados na quarta-feira voaram por 10.234 segundos para “atingir claramente o alvo a 2.000 km (1.240 milhas) de distância”.
O lançamento dos dois mísseis de cruzeiro foi “destinado a aumentar ainda mais a eficiência e o poder de combate (dos mísseis) … para a operação de armas nucleares táticas e reconfirmar a confiabilidade e a segurança técnica do sistema geral de aplicação operacional”, acrescentou.
Imagens de lançamento de míssil na Coreia do Norte são transmitidas em Seul, na Coreia do Sul, em 28 de setembro de 2022 — Foto: Jung Yeon-je / AFP
Na segunda-feira, a KCNA já havia publicado que os recentes lançamentos de mísseis norte-coreanos foram todos exercícios “táticos nucleares” assistidos pessoalmente por Kim Jong Un.
Em um congresso do partido em janeiro de 2021, Kim esboçou um plano militar de cinco anos no qual delineou o desenvolvimento de armas nucleares menores e mais leves para “usos mais táticos”.
Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos intensificaram os exercícios navais combinados nas últimas semanas, irritando o Norte, que vê os exercícios como um ensaio de invasão e os usa para justificar seus lançamentos de mísseis.
O país revisou suas leis nucleares em setembro, contemplando uma ampla gama de cenários em que poderia usar suas armas nucleares, com Kim declarando a Coreia do Norte uma potência nuclear “irreversível”, fechando a possibilidade de um diálogo sobre sua desnuclearização.
De acordo com a KCNA, o aumento nos testes recentes foi uma resposta às manobras dos três países.
Na semana passada, Pyongyang disparou um míssil balístico de alcance intermediário contra o Japão, enquanto autoridades e analistas dizem que concluiu os preparativos para um novo teste nuclear.
O líder norte-coreano Kim Jong-un observa o lançamento de um míssil Hwasong-12 em foto não datada divulgada no sábado (16, horário local) pela agência KCNA — Foto: KCNA via Reuters
A afirmação da Coreia do Norte de que seus lançamentos de mísseis são uma “resposta” aos exercícios dos EUA e da Coreia do Sul faz parte de “uma dinâmica espiral bem conhecida” na península coreana, disse o analista Ankit Panda.
“Estou preocupado que este seja o início de uma dinâmica perigosa na península coreana, onde temos dois Estados em acirrada rivalidade e cada um enfrenta fortes incentivos para disparar primeiro em uma crise séria”, alertou.
A Coreia do Norte também divulgou várias fotos de recentes lançamentos de mísseis, testes e exercícios, nos quais Kim é visto supervisionando tudo, dando ordens e posando com soldados.
Os analistas também citaram o fato de Pyongyang não apresentar os últimos lançamentos como testes dos próprios mísseis, mas das unidades de lançamento.
“Isso sugere que esses sistemas (de lançamento) estão mobilizados”, escreveu Jeffrey Lewis, do Middlebury Institute of International Studies, no Twitter.
Antes dos exercícios norte-coreanos, os Estados Unidos redistribuíram seu porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan para águas a leste da Coreia do Sul. Pyongyang criticou a presença da transportadora, dizendo nesta segunda-feira que os Estados Unidos “representam abertamente uma ameaça militar”, segundo a KCNA.