Cantor havaiano está em turnê com o álbum ‘Meet the Moonlight’ e toca em São Paulo, Belo Horizonte e Rio em janeiro. Jack Johnson vai fazer três shows no Brasil em janeiro de 2023. O cantor havaiano está em turnê com o álbum “Meet the Moonlight”, lançado em junho.
São Paulo – 18 de janeiro – Espaço Unimed
Rio de Janeiro – 20 de janeiro – Qualistage
Belo Horizonte – 22 de janeiro – Festival de Verão de BH
Os ingressos serão vendidos a partir da próxima terça-feira (1º) em pré-venda. O público em geral vai podre comprar a partir de quinta-feira (3).
Os valores vão de R$ 197 a R$ 665 em São Paulo e de R$ 132 a R$ 525 no Rio. Veja serviço completo abaixo.
O cantor e compositor carioca Rogê foi escalado para abrir os shows em São Paulo e no Rio.
Ambos com vibe praiana, os artistas se conheceram nos bastidores de um show e devem lançar dois singles na próxima sexta-feira (28). São eles: “Sunsets For Somebody Else” e “Big Sur (Brasil Versions)”.
‘Meet the Moonlight’
O cantor “Upside Down”, “Times Like These” e “Better Together” apostou em uma linha reflexiva no oitavo álbum de estúdio. Um pouco por conta da pandemia, mas também por conta da maturidade.
Quantas vezes você parou e olhou para o céu na última semana? Ou no último mês? Jack Johnson propõe ações simples como essa em “Meet the Moonlight”.
“Sempre tento escrever da perspectiva que é verdadeira para mim e isso tem mudado de acordo com o tempo. O meu primeiro disco é muito sobre viver em uma casa com seis pessoas, logo após a faculdade”, explica ao g1 em junho.
“Os álbuns seguintes são sobre trazer uma nova vida ao mundo, ter filhos, formar uma família. Não quero dizer que estou velho, mas tenho filhos que estão tocando música comigo na sala de casa, sabe?”, completa.
“Calm Down” e “Open Mind” são exemplos claros de como Johnson quer viver o hoje e construir um futuro melhor com o seu folk suave de sempre.
Com todo esse espírito paz e amor, Johnson não está preocupado se vai emplacar outro hit nas paradas. Aliás, essa nunca foi uma meta.
Desde o começo da carreira, o objetivo é mais simples: “Apenas espero que seja o álbum favorito de uma ou duas pessoas, isso já é legal demais”.
Jack Johnson vive no Havaí e diz que ensina filhos a terem ‘gratidão’ pela vida
Divulgação
Mas se tem um assunto que Johnson não é desapegado é na vida em comunidade. Ele e a esposa Kim Johnson são ativistas e fundadores da Kōkua Hawai’i Foundation, ONG dedicada a apoiar a educação ambiental.
Boa parte da vida do músico é dedicada à instituição, à criação dos três filhos e, claro, ao surfe, esporte que pratica todos os dias.
Na entrevista abaixo, Johnson fala sobre os caminhos do novo álbum, a convivência com os filhos e a contribuição da mulher na escolha das músicas que vai gravar.
g1 – Qual foi o ponto de partida para o álbum?
Jack Johnson – Essa é uma boa pergunta. Acho que algumas dessas músicas já existem há anos. O jeito que funciona para mim é… Eu escrevo as pequenas ideias que vão surgindo, às vezes um verso, às vezes um refrão. O teste é se eu consigo lembrar e continuar tocando. Se isso não acontece, essas ideias simplesmente desaparecem.
Minha esposa é meio que a minha editora. Se ela me ouvir tocar as coisas uma certa quantidade de vezes, ela fica falando “E essa ideia aqui? Acho que você provavelmente deveria gravar”.
Nos conhecemos quando tínhamos 18 anos e ela tinha uma coleção de CDs mais legal do que eu. Confio no ouvido dela mais do que no meu. Eu tinha um monte de música que amava, mas quando ela compartilhou seus CDs comigo eu fiquei impressionado que havia toda essa música lá fora e eu nunca tinha ouvido falar.
Ela sempre teve esse papel de editora. Sempre confiei no ouvido dela. Então, acho que minha longa resposta à sua pergunta é que sempre que ela me disser que tenho músicas suficientes, eu vou entrar no estúdio novamente. O processo para esse álbum provavelmente começou há dois anos.
Jack Johnson toca em São Paulo em 2011
Raul Zito/G1
g1 – O álbum propõe muitas reflexões sobre a vida, sobre o lugar e o jeito como vivemos. Essa escolha foi algo relacionado à pandemia ou você já tinha essa ideia?
Jack Johnson – Seria ingênuo da minha parte dizer que não tem nenhuma relação. Todos nós passamos por esse momento estranho dos últimos anos e onde quer que você estivesse no mundo, era diferente do que nos anos anteriores.
Ter visto amizades às vezes se fragmentando ou pessoas se unindo e fazendo coisas bonitas para a comunidade, para o bem comum, como garantir que todos tivessem comida suficiente. Vivemos no Havaí e foi uma época estranha porque muitos de nossos alimentos chegam até nós. Quando a pandemia começou, havia muito medo que não tivéssemos alimentos suficientes. Mas conseguimos com muito apoio aos agricultores nessa área e muitas pessoas garantindo que todos tivessem acesso aos alimentos. Foi lindo ver a comunidade reunida aqui.
Outro ponto é a forma como as pessoas estão se comunicando nesta era moderna, com redes sociais principalmente. A natureza humana não mudou muito, mas a tecnologia mudou bastante. Foi interessante ver essa dicotomia e algumas das músicas refletem sobre isso também.
g1 – Qual é a maior diferença do novo álbum em relação aos anteriores? O que ele trás de novo para sua carreira?
Jack Johnson – O álbum reflete também onde estou no mundo. Sempre tento escrever da perspectiva que é verdadeira para mim e isso tem mudado de acordo com o tempo. Se você olhar para o meu primeiro disco, é muito sobre viver em uma casa com seis outras pessoas, logo após a faculdade.
Os álbuns seguintes são sobre trazer uma nova vida ao mundo, ter filhos, formar uma família. Não estou tentando dizer que estou velho, mas tenho filhos que agora estão tocando música comigo na sala de casa. É muito divertido. Eu tenho muitas músicas inspiradas nessas “jams familiares”. Eles são todos músicos muito melhores do que eu neste momento, é muito divertido.
Jack Johnson em foto para divulgar a segunda turnê no Brasil, em 2011
Divulgação
g1 – O que eles tocam? Violão?
Jack Johnson – Na verdade, eles tocam vários instrumentos. Eu cresci em uma casa que sempre tinha música tocando, mas não tinha muitos instrumentos ao redor. Ganhei uma guitarra aos 14 anos e amei. Depois disso, eu comprei um set de bateria, quando fiz 20 anos eu acho…
A gente vive em uma casa que não tem TV na sala de estar, apenas instrumentos espalhados por todos os lugares. Sempre tive essa regra até quando eles eram bebês. Eles podem tocar tudo, nunca fui muito noiado com os instrumentos.
Eles também gostam de várias outras coisas, claro, mas é um grande hobbie da nossa família. A gente vive no Havaí, então surfar ainda segue como a diversão favorita, mas música vem em segundo.
g1 – Conta um pouco mais sobre essa convivência em família e sobre esse outro jeito de ver o mundo.
Jack Johnson – Nós conversamos muito antes do jantar. Conversamos sobre o quanto somos gratos por aquele dia ou apenas pela vida em geral. Acho que a gratidão é o principal. A gente não sabe o que o amanhã vai nos trazer.
Quero que meus filhos ou qualquer criança no mundo tenham esperança. Você tem que ter esperança de continuar trabalhando para tentar tornar o mundo melhor e melhorar sua comunidade.
Não importa o que aconteça, seja grato pelo nosso lindo mundo em que vivemos, com o objetivo de fazer o seu melhor para tentar manter a beleza e fazer as coisas.
g1 – Você canta “It’s good not to miss too many chances to follow love” na música “Meet The Moonlight”. Com a correria da vida, você acha que a gente perde momentos importantes?
Jack Johnson – Sim, e eu também me incluo nisso. As pessoas pensam muito no futuro, com as ambições e objetivos realmente grandes, mas às vezes eu digo aos filhos, quando estou levando-os para escola, “Não sonhe muito alto, apenas tente estar aqui”. Se você está olhando muito longe, você perde as pequenas deixas para se apaixonar pelo que está acontecendo agora.
Não é apenas sobre se apaixonar, mas por tudo na vida. É tão fácil atravessar uma porta e apenas observar o céu, a lua. É uma decisão muito rápida e fácil simplesmente passar por aquela porta. Não é como algo que você tem que fazer um plano, sabe?
Eu só penso qual é o motivo de não fazer isso todas as noites. Apenas passe algum tempo fora de casa observando. Tudo bem que eu estou no Havaí e aqui é lindo… Mas a mesma coisa se estou em turnê às vezes decido sair pela varanda do hotel ou algo assim para ver as nuvens no céu, ouvir os barulhos da cidade.
Às vezes, ficamos trancados nos apartamentos, nas casas e, como todos os dispositivos de tecnologia agora, é muito fácil esquecer de caminhar na natureza à noite.
g1 – “All the Light About It Too”, seu último álbum, é de 2017. Por que tanto tempo sem lançar algo inédito? Muito ocupado sendo ativista ou foi um tempo natural para você?
Jack Johnson – Um pouco dos dois. Nós compramos uma propriedade grande para fazer uma “learning farm” com a nossa equipe da Kuku Hawaii Foundation. As crianças podem ir lá e fazer viagens de campo para estar na natureza, aprender sobre o cultivo de alimentos. Temos dedicado muito tempo por lá.
De certa forma, levou muito tempo para mim, mas foi bom porque se eu passo muito tempo trancado no estúdio tentando escrever as músicas não sai nada bom.
Quando você tem uma boa música realmente significa que a sua vida está funcionando, você está vivendo e tem algo para compartilhar. Então, talvez tenha demorado um pouco para mais, mas isso fez com que as músicas tivessem mais vida.
g1 – Você chegou no topo das paradas, mais de uma vez no passado. Olhando para o mercado da música hoje, você acha que consegue chegar tão alto como antes?
Jack Johnson – Quem sabe isso, né? É sempre divertido quando uma música ou um álbum está indo bem. Tenho muita sorte porque as pessoas que dirigem a minha gravadora são meus melhores amigos.
Elas compartilham comigo quando as coisas estão indo bem e esse tipo de coisa é sempre meio empolgante, mas no final das contas eu me sinto muito sortudo por poder fazer música.
Lembro de quando fizemos o primeiro disco e estávamos ouvindo as mixagens finais e não tinha saído ainda. Lembro de dizer à minha esposa “só espero que seja o disco favorito de alguém”.
Então, em cada álbum que fiz, tentei manter isso em mente. Apenas espero que seja o álbum favorito de uma ou duas pessoas, isso já é legal demais.