Israel diz que atacou central do Hamas que funcionava dentro de instalação de agência da ONU na Faixa de Gaza


Horas antes de Israel afirmar que atacou uma central do Hamas dentro de instalações da ONU, o chefe da agência afirmou que o país barra o acesso de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Palestinos perto de imóvel atacado por forças de Israel na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 5 de maio de 2024
Hatem Khaled/Reuters
O exército de Israel afirmou neste domingo (5) que atacou com caças militares uma central de comando do grupo terrorista Hamas que funcionava em uma instalação Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), na região central da Faixa de Gaza.
A guerra entre Israel e o grupo Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o território israelense, matou 1.200 pessoas e sequestrou cerca de 250 –acredita-se que hoje ainda restam cerca de 130 reféns israelenses na Faixa de Gaza. Segundo as autoridades de Saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, quase 35 mil palestinos morreram na guerra.
Em janeiro, Israel afirmou que alguns dos terroristas que participaram dos ataques do 7 de outubro eram funcionários da UNRWA, a maior organização de ajuda na Faixa de Gaza e que a agência permitia que suas instalações fossem usadas pelo Hamas (leia mais abaixo).
Neste domingo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que o Hamas posicionou o centro de comando e controle dentro de uma instalação da UNRWA “para colocar em risco os civis da Faixa de Gaza que se refugiavam lá”.
“O local serviu como área para lançamentos de diversos ataques contra tropas das FDI e como instalação para fornecimento de armas para terroristas do Hamas”, afirmaram, na rede social X (antigo Twitter), as forças israelenses.
No texto, também se diz que a partir deste local foram feitos ataques contra “esforços de distribuição de ajuda humanitária”, sem dar mais detalhes.
Chefe da UNRWA diz que Israel impede ajuda
Horas antes das FDI publicarem esse texto na rede social X, o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que Israel barra o acesso de ajuda da agência da ONU na Faixa de Gaza.
“Só nas últimas duas semanas, registramos 10 incidentes envolvendo disparos contra comboios, detenções de funcionários da ONU, incluindo situações em que foram intimidadados, despidos, ameaçados com armas e longos atrasos em postos de controle, forçando os comboios a viajar durante a noite ou abortar”, publicou Lazzarini na rede social X.
O governo de Israel não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as observações de Lazzarini.
Lazzarini também pediu “ao Hamas e a outros grupos armados para que parem com quaisquer ataques às travessias humanitárias, evitem o desvio de ajuda e garantam que a assistência chegue a todos os necessitados”.
Hamas ataca ponto de passagem
Os militantes do Hamas assumiram a responsabilidade neste domingo por um ataque que fechou Kerem Shalom, a principal passagem de ajuda humanitária para Gaza.
Segundo os militares de Israel, foram disparados 10 projéteis a partir da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, contra a região da passagem.
O Hamas afirmou que de fato efetuou disparos contra uma base militar de Israel, mas não confirmou que fez isso da cidade de Rafah.
Outro órgão da ONU também reclama
A diretora do programa de alimentos da ONU afirmou que uma “fome total” tomou conta do norte da Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas.
Embora não seja uma declaração formal de fome, a diretora-executiva do Programa Alimentar Mundial, Cindy McCain, disse — em entrevista à NBC News transmitida neste domingo — que, com base no “horror” acontecendo no local: “Há fome, fome total, no norte, e está se movendo em direção ao sul”.
O governo de Israel não respondeu a um pedido de comentário sobre as observações de McCain.
UNRWA investigou funcionários após denúncia de Israel
Em janeiro, Israel acusou 12 dos 30 mil funcionários da UNRWA de envolvimento no ataque do grupo terrorista Hamas do dia 7 de outubro de 2023.
Na ocasião, a ONU demitiu imediatamente os funcionários e colaboradores envolvidos e abriu uma investigação interna para avaliar a neutralidade da agência, que foi dirigida pela ex-ministra de Relações Exteriores da França, Catherine Colonna.
Nas semanas seguintes, outros sete funcionários da UNRWA passaram a ser investigados por supostos vínculos ao ataque terrorista contra Israel.
Cerca de 15 países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão, suspenderam o financiamento à UNRWA após as acusações israelenses. Canadá e Suécia também estavam nesse grupo, mas depois retomaram o envio de ajuda à agência.
Em março, os investigadores publicaram um relatório e disse que “a UNRWA implementou um número significativo de mecanismos e procedimentos para garantir o cumprimento do princípio humanitário de neutralidade”.
Veja abaixo uma reportagem de fevereiro sobre imagens divulgadas pelas forças de Israel que mostram um túnel do Hamas que ligava uma escola a um dos escritórios da agência da ONU.
Israel divulga imagens de túnel do Hamas que liga escola a agência da ONU

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