Investigação sobre submarino que implodiu com bilionários no fundo do mar atrasa; entenda


Tragédia está prestes a completar um ano. Investigações sobre o caso também ainda não foram concluídas. OceanGate cancelou pesquisas e viagens turísticas. Em junho de 2023, submarino para visitar área do Titanic implodiu, matando os cinco tripulantes. Destroços do submarino Titan são vistos em porto da cidade de Saint John, no Canadá, em 28 de junho de 2023
Paul Daly/The Canadian Press via AP
Aviso no site da OceanGate, a empresa que construiu o submarino Titan, que implodiu no fundo do mar a caminho do Titanic, informa de atividades canceladas, em dezembro de 2023.
Reprodução
A investigações sobre as causas da tragédia do Titan, o submarino que implodiu durante uma expedição aos restos do Titanic com bilionários a bordo, foram adiadas por tempo indeterminado, de acordo com a Guarda Costeira dos Estados Unidos, responsável pelo caso.
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Em um comunicado publicado na sexta-feira (14), a Guarda Costeira — que também comandou, na ocasião, as operações de resgate ao submarino — afirmou que terá de estender as investigações, previstas inicialmente para serem concluídas neste mês.
O principal motivo do adiamento, segundo o comunicado, foi a necessidade de voltar duas vezes ao local onde os destroços do Titan foram encontrados — a 3.800 metro de profundidade e em um ponto do Oceano Atlântico a 600 quilômetros da costa do Canadá.
Apesar de ter levado os restos do submarino, a Guarda Costeira teve de contratar duas missões extras ao local para buscar mais evidências. As missões foram solicitadas por um grupo de engenheiros das Marinhas dos EUA e do Canadá, que desde o ano passado vêm revisando as evidências encontradas nos destroços do Titan.
Os engenheiros que conduzem a investigação também perceberam que era preciso fazer mais testes com o material recolhido.
Os investigadores já sabem que a implosão foi provavelmente causada por uma falha do submarino em lidar com a pressão em uma nível tão profundo do mar. No entanto, ainda falta “uma compreensão abrangente” do episódio que permita a revisão dos atuais protocolos e a criação de novos parâmetros para expedições semelhantes com submarinos, segundo o presidente das investigações da Guarda Costeira dos EUA, Jason Neubauer.
Ninguém sabe até agora, por exemplo, por que houve essa falha — a OceanGate, empresa que criou o Titan, também não esclareceu isso publicamente (leia mais abaixo).
“A investigação sobre a implosão do Titan é um esforço complexo e contínuo”, disse Neubauer. “Nós estamos empenhados em garantir a compreensão plena dos fatores que levaram a esta tragédia, a fim de evitar ocorrências semelhantes no futuro”.
O submarino desapareceu em 19 de junho de 2023 durante uma expedição para chegar até os restos do Titanic, em profundidade do mar onde só pouquíssimas espécies marinhas sobrevivem.
Um ano da tragédia
Aviso no site da OceanGate, a empresa que construiu o submarino Titan, que implodiu no fundo do mar a caminho do Titanic, informa de atividades canceladas, em dezembro de 2023.
Reprodução
Um 19 de junho, a tragédia do Titan completa um ano, ainda sem nenhum desfecho — além da investigação inconclusa, a empresa responsável pelo Titan não foi judicialmente responsabilizada.
A OceanGate, que se dedicava a fazer expedições científicas e turísticas no fundo do mar, encerrou todas as suas atividades — o presidente da empresa era um dos tripulantes do Titan, e os outros representantes passaram a evitar dar declarações sobre o episódio.
O submarino tinha apenas 7 metros de comprimento, 2,5 metros de altura e 2,5 metros de largura.
Durante quatro dias, milhões de pessoas acompanharam com a atenção as buscas pelo Titan, que terminaram encontrando destroços dentro do perímetro por onde a embarcação navegava.
Relembre abaixo os principais momentos do episódio:
A viagem
Imagem sem data do Titan, o submarino que sumiu no oceano
OceanGate Expeditions/Reuters
As expedições turísticas e científicas da OceanGate com o Titan tinham o objetivo de visitar a área de destroços do Titanic, o famoso navio que afundou em 1912 no Oceano Atlântico.
A empresa cobrava US$ 250 mil (cerca de R$ 1,19 milhão) de cada passageiro. Eram cinco a bordo no total, e um deles era responsável por conduzir o submarino, que era guiado apenas por um joystick semelhante um controle de videogame.
O Titan movia-se a uma velocidade de 5,5 km/h, impulsionado por quatro propulsores. A viagem duraria cerca de quatro horas, a partir do lançamento do submarino no oceano a partir de um navio que levou os passageiros até a altura do Titanic, a mais de 600 km da costa do Canadá.
Na última expedição do Titan, estavam a bordo:
o diretor-executivo da OceanGate, Stockton Rush, piloto do submarino;
o empresário paquistanês Shahzada Dawood;
Suleman Dawood, que é filho de Shahzada;
o bilionário e explorador britânico Hamish Harding;
e o ex-comandante da Marinha Francesa Paul-Henry Nargeolet, principal especialista no naufrágio do Titanic.
O desaparecimento
Parte da estrutura do submarino Titan, que implodiu durante uma expedição aos restos do Titanic, chegam a porto no Canadá, em 28 de junho de 2023.
Paul Daly/The Canadian Press via AP
O submarino desapareceu em 18 de junho, pouco mais de uma hora depois de submergir no Oceano Atlântico. O Titan não é autônomo, como um submarino de grande porte, e, por isso, ficava em constante comunicação com o navio base.
Imediatamente após perder a comunicação, o navio base comunicou o desaparecimento a parentes dos passageiros e buscaram autoridades.
As buscas
No mesmo dia, Estados Unidos e Canadá mobilizaram suas equipes e começaram a operação de busca, à qual a França se uniu depois — o pesquisador Paul-Henry Nargeolet, um dos passageiros, era francês.
No dia seguinte, dezenas de navios, aviões e sondas dos três países chegaram dos Estados Unidos, do Canadá e da França e começaram uma corrida contra o tempo — eles estimavam algumas horas até que o oxigênio dentro da embarcação acabasse.
Após dois dias de mistério, um avião das Forças Armadas do Canadá registrou ruídos que se assemelham a batidas na mesma região de buscas. Foi o primeiro indício de que os passageiros do submarino poderiam estar vivos.
Toda a operação foi então deslocada para a área do ruído. No dia seguinte, um navio de pesquisa francês carregando um robô de mergulho em alto mar desacelerou enquanto fazia buscas nesse perímetro.
Sondas com altíssima capacidade de profundidade foram então colocadas no mar e identificaram destroços em uma área próxima ao Titanic.
Os destroços
Veja as primeiras imagens dos restos do submarino Titan chegando a porto
Horas depois da descoberta, a Guarda Costeira dos EUA disse que se tratava de restos do submarino da OceanGate, confirmando então o desfecho trágico do Titan.
A localização de destroços ocorreu cerca de cinco horas depois de esgotar o prazo máximo de duração de oxigênio dentro do submarino estimado pela Guarda Costeira a partir de cálculos que levavam em conta o horário de início da viagem, em 18 de junho.
Os destroços foram levados à um porto da costa oeste dos Estados Unidos.
A investigação
A principal hipótese, ainda de acordo com a Guarda Costeira, é a de que a embarcação implodiu por uma falha técnica causada por erro ou negligência que fez com que o submarino cedesse à imensa pressão no fundo do mar, gerando uma implosão imediata e total.
Um dos principais complicadores para o avanço das investigações é que o CEO da OceanGate, norte-americano Stockton Rush, estava a bordo da embarcação, com outros quatro passageiros, entre milionários e um pesquisador. Os cinco morreram na hora, segundo a principal linha de investigação.
A OceanGate
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Desde a confirmação de que o Titan se destruiu no fundo do mar, representantes da OceanGate falaram poucas vezes.
Um primeiro comunicado disse lamentar as mortes e afirmou que uma investigação própria seria feita. No entanto, representantes da empresa não voltaram a se manifestar.
O vice-presidente da OceanGate, Guillermo Sohnlein, que durante as buscas dizia ter muita esperança de que os tripulantes voltariam com vida, está atualmente investindo em outra expedição, agora para o espaço: sua nova empresa, Humans2Venus, quer levar pessoas interessadas a Vênus até 2030.
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Vitória Coelho e Wagner Magalhães | Arte g1

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