Uma pesquisa recente da Fastly, realizada em julho de 2025 com 791 desenvolvedores, revela um panorama interessante sobre a adoção de Inteligência Artificial (IA) no desenvolvimento de software. O estudo aponta que desenvolvedores seniores, com mais de 10 anos de experiência, estão significativamente mais propensos a incorporar código gerado por IA em seus projetos. Surpreendentemente, 32% dos seniores afirmaram que mais da metade do código que entregam é produzido por IA, um contraste marcante com os 13% entre os desenvolvedores juniores.
Confiança e Produtividade: Uma Relação Complexa
A disposição dos desenvolvedores seniores em confiar na IA em ambientes de produção levanta questões importantes. Uma das hipóteses levantadas pela Fastly é que a experiência acumulada permite que esses profissionais identifiquem e corrijam erros gerados pela IA com mais eficiência. No entanto, a pesquisa também revela uma faceta menos otimista: uma parcela considerável de desenvolvedores (28%) relata que gasta tanto tempo revisando e corrigindo o código gerado por IA que a economia de tempo inicial é praticamente anulada.
Apesar dessa constatação, mais da metade dos desenvolvedores expressa a percepção de que trabalha mais rápido com ferramentas de IA como Copilot, Gemini ou Claude. Um desenvolvedor sênior participante da pesquisa chegou a comentar que a IA é capaz de identificar e corrigir erros de forma mais rápida e eficiente do que um humano. Contudo, um desenvolvedor júnior apontou que as decisões automatizadas da IA podem ser equivocadas, exigindo retrabalho para alinhar o código aos objetivos reais.
Eficiência e Experiência: Um Contraponto
A pesquisa da Fastly aprofunda-se na análise da relação entre experiência e eficiência no uso de IA. Quase 30% dos desenvolvedores seniores relataram que investem tempo suficiente na edição do código gerado por IA para compensar a economia de tempo, em comparação com apenas 17% dos juniores. No entanto, 59% dos seniores afirmam que as ferramentas de IA os ajudam a entregar código mais rapidamente, em comparação com 49% dos juniores.
Curiosamente, uma proporção maior de desenvolvedores juniores (50%) relata que a IA os torna moderadamente mais rápidos, enquanto apenas 39% dos seniores compartilham essa percepção. Por outro lado, os desenvolvedores seniores são duas vezes mais propensos a relatar ganhos significativos de velocidade com o uso de IA. Essa disparidade pode ser atribuída à maior capacidade dos seniores em detectar e corrigir erros da IA, como sugerido pela Fastly.
Além da Produtividade: O Prazer de Codificar
Um dado notável da pesquisa é que quase 80% dos participantes afirmam que as ferramentas de IA tornam a programação mais agradável. A Fastly sugere que essa percepção pode estar relacionada à capacidade de evitar tarefas repetitivas e à gratificação instantânea de ver o código sendo gerado sob demanda.
Conclusão: A IA como Ferramenta de Aceleração e Desafio
Os resultados da pesquisa da Fastly pintam um quadro complexo da adoção de IA no desenvolvimento de software. Enquanto desenvolvedores seniores parecem liderar a integração da IA em seus fluxos de trabalho, a eficiência e a qualidade do código gerado permanecem como pontos de atenção. Os dados sugerem que a IA pode ser uma ferramenta poderosa para acelerar o desenvolvimento e aumentar a produtividade, mas requer expertise e atenção para evitar armadilhas e garantir a qualidade do código final.
A pesquisa também levanta questões importantes sobre o futuro da profissão de desenvolvedor. À medida que a IA se torna mais sofisticada, qual será o papel dos desenvolvedores? Será que a capacidade de analisar e corrigir código gerado por IA se tornará uma habilidade essencial? A pesquisa da Fastly nos convida a refletir sobre o impacto da IA no mundo do desenvolvimento de software e a nos preparar para os desafios e oportunidades que estão por vir. É crucial que a comunidade de desenvolvedores continue a explorar as capacidades da IA, buscando formas de otimizar seu uso e garantir que ela seja uma ferramenta a serviço da qualidade e da inovação.