Haddad diz que irá formar em SP ‘governo de coalizão democrática’ em debate que virou entrevista após desistência de Tarcísio | Eleições 2022 em São Paulo

O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) participou na noite desta sexta-feira (14) de entrevista realizada por um pool formado por Estadão, Rádio Eldorado, SBT, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil. A sabatina substituiu um debate que estava marcado entre o petista e o candidato do Republicanos, Tarcísio de Freitas , que desistiu de ir ao evento.

A mediação foi feita por Carlos Nascimento, e o programa se dividiu em dois blocos.

No primeiro turno, Tarcísio teve 42,3% dos votos válidos no primeiro turno, e Haddad, 35,7%.

Haddad iniciou a entrevista lamentando a ausência do adversário e disse que “o confronto de ideias” daria aos cidadãos “a oportunidade de escolher o melhor caminho para São Paulo”. “Acho que teríamos uma oportunidade de ouro de debatermos e conversarmos como na Bandeirantes. Ele teria a oportunidade de defender seus projetos, e eu, os meus. E o confronto de ideias daria ao cidadão a oportunidade de verificar o que é melhor para a sua família.”

O petista afirmou que vai “acabar com o Centrão” no estado de São Paulo. “Não vou tolerar esse tipo de toma lá da cá. Fico atônito de ver como meu adversário diz, com todas as letras, que a turma do Centrão virá para o estado, inclusive com o orçamento secreto, que ele diz que não dá para contornar. Podemos ter, pela primeira vez na história, um governo de coalizão democrática que reúna as melhores cabeças do estado e não precise contar com o Centrão.”

Após a sabatina, Haddad falou sobre virar votos no interior. Disse que tem estratégia de reta final pensada para isso e lembrou que, em 2012, na disputa à prefeitura, ele era o terceiro nas pesquisas às vésperas do primeiro turno, mas passou em segundo deixando Celso Russomanno para trás e depois venceu.

Candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), chega aos estúdios do SBT para ser sabatinado pelo pool de veículos composto por Estadão/Eldorado, CNN, Veja e Rádio Nova Brasil, em Osasco, na Grande de SP — Foto: RONALDO SILVA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ao ser questionado como lidará com invasões de terra, caso seja eleito, Haddad defendeu o “cumprimento da lei para os dois lados” e afirmou que “terra tem que cumprir sua função social. “Se a terra não cumpre função social, não precisa de invasão, basta fazer chegar ao conhecimento do governador vai desapropriar para fins de reforma agrária.”

Ao ser questionado sobre valores dos pedágios nas estradas estaduais, afirmou que pretende relicitar contratos já finalizados e fazer uma nova concorrência. “O que acontece no mundo inteiro no final do contrato, você relicita o contrato. Você coloca aquele pedágio em concorrência pública e a concorrência, faz baixar o pedágio. Isso aconteceu várias vezes aqui em São Paulo. Algumas rodovias pedagiadas foram relicitadas e a concorrência fez um pedágio cair 20%, chegou a cair 30%. Essa é a prática Internacional. O governo atual não fez isso. O governo atual prorrogou contratos, mantendo o mesmo valor.”

Sobre o combate à extrema pobreza, afirmou que pretende trabalhar em conjunto com os governos municipais e que o programa Renda Básica de Cidadania deve ser implantado em caráter “emergencial”. “Eu acho que esse é um drama que está afetando não só a região metropolitana de São Paulo, mas também cidades do interior. Eu visitei, de um ano para cá, 150 cidades do interior, grandes, pequenas e médias. Pude ver, conversando com os prefeitos dessas cidades, que o drama da população em situação de rua, para dar um exemplo, é um drama que se espalhou por todo o estado.”

Haddad prometeu aumentar o salário mínimo no estado para R$ 1.580. “Eu disse e repito, não é nenhum favor, nós estamos repondo os efeitos da inflação que corroeram o salário mínimo paulista.”

O ex-prefeito criticou o sistema tributário brasileiro e afirmou ser necessário “cobrar mais de quem ganha mais e cobrar menos de quem ganha menos”. “No Brasil, quem tem menos renda paga proporcionalmente mais imposto no Brasil. E por quê? Porque os impostos incidem sobre o consumo e pouco sobre o patrimônio. Então, quem tem muito patrimônio, paga pouco imposto, e o pobre, que consome mais de 100% da sua renda e se endivida por isso, é aquele que sustenta o orçamento público. Isso foi denunciado há anos por vários economistas. Tem que inverter essa lógica, cobrar menos do consumo, sobretudo do gêneros de primeira necessidade, e cobrar mais do patrimônio e da renda.”

Haddad respondeu que pretende reativar obras paradas na área de infraestrutura. “Se fosse uma obra parada, seria fácil, mas são 500 obras paradas e reativá-las é uma das formas para gerar emprego rapidamente para a população, e o emprego direto acaba gerando empregos indiretos, porque isso faz a economia rodar. Então retomar obras é fundamental, e eu diria que na infraestrutura é mais fundamental ainda.”

“A gente precisa de recursos federais, sim, para tocar as obras contratadas e inclusive fazer novas. Tenho me comprometido com o trem intercidades, ligando Campinas a São Paulo, os projetos de São José dos Campos, Sorocaba e a Baixada Santista. E deixar pronto até o final do mandato tudo com o Bilhete único Metropolitano, que é algo que pode ser feito imediatamente”, disse.

Quando questionado sobre como pretende corrigir o déficit de policiais no estado, Haddad disse que será necessário requalificar a Polícia Civil e atrair mais jovens para a profissão. “Eu acho que nós precisamos fazer na Polícia Civil de São Paulo o que nós fizemos na Polícia Federal. Nós fortalecemos a Polícia Federal como nunca se fez. Nós fizemos uma carreira. Nós contratamos policiais federais. Hoje a polícia é um orgulho, a Polícia Federal orgulho, nós temos que ter uma Polícia Civil aqui em São Paulo equivalente.”

“Nós dependemos da investigação para desbaratar as quadrilhas. Enquanto a gente ficar só prendendo em flagrante e não der consequência e uma investigação que vai chegar na organização criminosa, que alicia e recepta os bens roubados, nós não vamos transmitir sensação de segurança.”

“Sei exatamente o que está passando com as pessoas do estado. As pessoas estão com um orçamento que não chega no final do mês. Estão subempregadas, com empregos precários. Estão preocupados com a educação dos seus filhos, evasão dos jovens da faculdade e ensino médio, estão preocupados com a fila do SUS. E onde está o Tarcísio de Freitas? Ao invés de estar junto comigo explicando para a sociedade o que queremos para o estado de São Paulo, num horário que ele deve estar em casa, ele poderia estar aqui comigo dando a melhor das oportunidades que a democracia permite.”

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