Governo Lula classifica acampamento bolsonarista como organização criminosa e reavalia esquema de segurança da posse


No fim de semana, um homem instalou explosivo em um caminhão de combustíveis e foi preso por com arsenal de armas e bomba. Com a crescente de ameaças, transição reavalia segurança de Lula. Material apreendido com bolsonarista suspeito de montar artefato explosivo em Brasília
Marcus Barbosa/TV Globo
Interlocutores do ministro da Justiça do governo Lula (PT), Flavio Dino, e do futuro diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues Passos, classificam integrantes de acampamentos como membros de uma organização criminosa.
Ao todo, já foram solicitados 27 inquéritos para responsabilizar suspeitos de atos de vandalismo e terrorismo, mas a avaliação é a de que há uma inércia e apatia das autoridades atuais. No dia da diplomação, 12 de dezembro, bolsonaristas tentaram invadir o prédio da PF em Brasília, incendiaram coletivos e depredaram prédios sem ser contidos pela polícia.
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Segundo interlocutores, o governo de transição não recebe nenhum tipo de informação de inteligência do atual ministro da Justiça ou do diretor-geral da Polícia Federal sobre os casos recentes.
No sábado (24) um homem tentou montar um artefato explosivo em um caminhão de combustível, perto do Aeroporto de Brasília. George Washington de Oliveira Sousa foi preso na sequência, mas com ele foram encontrados um arsenal em explosivos, além de fuzil, espingardas, revólveres e munições.
O preso tinha licença como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Apesar disso, estava com o registro irregular. Setores que cuidam da segurança pública do governo Lula querem saber por que o Exército não fiscalizou o registro e a compra do volume de armas. A equipe do presidente eleito afirma que há uma falta de controle dos militares a respeito do tipo de arsenal apreendido com o criminoso. Inclusive, o homem estava com a licença irregular, mesmo assim mantinha as armas.
Bolsonarista preso após montar artefato explosivo perto do Aeroporto de Brasília
Diante da escalada de ameaças, a avaliação interna é de que o cenário é crítico e uma ala do novo governo defende reavaliar o esquema de segurança de Lula na posse. Inclusive, sugerindo que ele não desfile em carro aberto.
A informação é de que uma das prioridades do novo governo vai ser enfrentar com rigor o extremismo de direita que se instala no Brasil. A proposta inclui, ainda, a revisão de leis sobre segurança pública e terrorismo.
Jair Bolsonaro e o ministro da justiça e segurança pública, Anderson Torres
Wilson Dias/Agência Brasil
Mudanças e cobranças na Justiça
Apesar de ainda não estarem no comando, os indicados para a segurança pública do governo Lula discutem mudanças e responsabilização de autoridades do governo Bolsonaro na área. Para o novo governo, além de cobrar na Justiça as omissões e convivências de Anderson Torres, atual Ministro da Justiça, a ideia é incluir o presidente Bolsonaro: há uma avaliação de que os envolvidos em atos golpistas só agem por incentivo do presidente em exercício.
George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, após preso, disse à polícia que é apoiador de Bolsonaro e que queria com a ação causar estado de sítio no país – quando há restrição de direitos e à atuação de Legislativo e Judiciário. E, com isso, impedir que Lula (PT) assumisse a presidência.
Além de Bolsonaro e Torres, o novo governo prevê a troca no comando de pelo menos 20 das 27 superintendências da Polícia Federal. A avaliação é de que Bolsonaro conseguiu aparelhar com nomes de sua confiança os principais postos da corporação.
Por fim, está no planejamento da segurança de Lula tirar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, para tirar a inteligência das mãos de militares também considerados bolsonaristas.

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