Nesta quarta-feira (5), o governo da Etiópia e os rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) anunciaram que participarão de um encontro proposto pela União Africana (UA) para negociar a paz no país africano, que está em guerra há quase dois anos.
A reunião, prevista para este fim de semana na África do Sul, será a primeira negociação formal entre os dois lados desde o início da guerra, em novembro de 2020. O conflito matou milhares de civis e desabrigou milhões de pessoas no Tigré, região ao norte do território etíope que faz fronteira com a Eritreia.
“[O governo etíope] aceitou o convite, que está de acordo com nossa posição de princípio em relação à resolução pacífica do conflito e à necessidade de conversar sem pré-condições”, disse Redwan Hussein, conselheiro de segurança nacional do primeiro-ministro Abiy Ahmed, no Twitter.
Já as autoridades regionais do Tigré disseram estar dispostos a enviar sua equipe para a África do Sul, mas afirmaram desejar saber que partes estarão presentes e que papel a comunidade internacional irá desempenhar. “Levando em conta que não fomos consultados antes desse convite, precisamos que algumas das questões sejam esclarecidas para iniciar um começo promissor para as negociações de paz”, escreveu Debretsion Gebremichael, líder da TPLF, em declaração.
Em novembro de 2020, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou tropas do exército para, com a ajuda de forças da Eritreia, desalojar as autoridades rebeldes do Tigré. Inicialmente derrotados, os rebeldes recuperaram o controle da região em junho de 2021 e o conflito continua.
Em março deste ano, o governo declarou trégua humanitária, que durou cinco meses, tendo em vista os graves impactos da guerra. De acordo com a ONU, por exemplo, quase 90% da população na região norte da Etiópia precisam de ajuda humanitária — médicos e enfermeiros relatam que há pessoas morrendo de fome e que faltam mantimentos básicos para tratar os doentes.
Em agosto, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse a jornalistas, que o cerco a 6 milhões de pessoas na região já dura 21 meses e é “o pior desastre do planeta”. Sgundo ele, o racismo explicaria o desinteresse da comunidade internacional pela situação no Tigré.
Veja como ficou a região do Tigré, na Etiópia, após bombardeio