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Fuvest 2023: professores comentam provas de disciplinas específicas da segunda fase


No domingo (8), candidatos fizeram prova de português e redação, que teve ‘Refugiados ambientais e vulnerabilidade social’ como tema. Resultado da primeira chamada será divulgado em 30 de janeiro. Candidatos realizaram a segunda fase da Fuvest no domingo (8) e na segunda-feira (9)
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
Candidatos que disputam uma vaga na Universidade de São Paulo realizaram nesta segunda-feira (9) provas de disciplinas específicas da segunda fase do vestibular da Fuvest , de acordo com a carreira escolhida.
O resultado do vestibular, em primeira chamada, será divulgado em 30 de janeiro.
A abstenção foi de 8,05% — foram 2.426 ausências registradas em relação aos 30.155 candidatos convocados.
A prova começou às 13h e a saída dos candidatos foi liberada a partir das 16h. No domingo (8), foi aplicada a prova dissertativa de português e redação, que teve ‘Refugiados ambientais e vulnerabilidade social’ como tema.
Segundo a Fuvest:
A disciplina de História trouxe questões que passaram pelo movimento cultural Tropicália, dos anos 1960, até a colonização portuguesa no Congo;
A prova de Geografia abordou o tema da segurança alimentar, questões relativas ao clima e ao problema ambiental causado pelos microplásticos;
A norma NBR 9077, que regulamenta as dimensões de uma escada, foi objeto de questão da Matemática, entre outros temas já bem estabelecidos no vestibular;
Química discutiu a necessidade de se pensar em novas formas de garantir a oferta de fertilizantes no mundo, de forma que fiquemos menos suscetíveis a guerras ou questões políticas;
Física abordou o funcionamento da ótica do telescópio James Webb e os resultados de uma pesquisa brasileira recente sobre buracos negros;
Biologia trouxe questões relativas aos biomas brasileiros e à qualidade alimentar.
Professores de cursinhos comentaram questões das disciplinas cobradas no vestibular desta segunda. Confira:

Geografia
Para Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, o nível da prova foi “de mediano para difícil” e cobrou mais geografia geral do que geografia do Brasil. “Um dado que chama bastante a atenção é a ausência de questões sobre geografia urbana, que é um assunto clássico do currículo do ensino médio e em primeiras e segundas fases”, destacou ele.
Matemática
“Talvez, uma prova surpreendentemente difícil para um exame de segunda fase”, definiu Paganim. Para ele, o conteúdo pedido foi bastante técnico, com enunciados que já traziam elementos conceituais bem específicos.
“Um candidato com conhecimento superficial sobre funções, geometria, esse conhecimento não seria suficiente para fazer todas as questões”, informou.
O professor Rodrigo Carmo, da Oficina do Estudante, disse que a prova de matemática foi mais difícil que a da edição anterior do vestibular da USP. “O grau de complexidade dos itens b e c fez com que a prova fosse mais difícil. Lamenta-se a ausência de questões de sequências numéricas, geometria espacial, exponenciais e logaritmo e geometria plana”, apontou.
História
O professor Rodrigo Miranda, da Oficina do Estudante, apontou que a Fuvest manteve sua característica de abordar temas clássicos, como Revoluções Francesa e Industrial, Independência do Brasil e Ditadura Militar, além de garantir um equilíbrio entre questões de História do Brasil, Américas, História Geral e África.
“As questões estão todas apoiadas em textos que auxiliam o aluno a compor a resposta, bem como utiliza-se de imagens de apoio em metade delas. Em geral, as questões apresentam baixa dificuldade quando comparadas à segunda fase da Unicamp neste ano”, comparou.
“A questão que pode apresentar algum desafio para o aluno é aquela que versa sobre o período Helenístico na Antiguidade Clássica, porque cruza esse conhecimento com a compreensão de heranças no mesmo em um período histórico mais moderno”, completou.
Biologia
Gustavo Camacho, professor da Oficina do Estudante, disse que a prova de biologia foi “bem-feita e bastante abrangente”. Explicou que cada questão abordou um tema diferente da área: Ecologia, Zoologia, Fisiologia Humana e Bioquímica, Genética molecular e botânica.
“De modo geral, os itens a eram muito diretos, e a prova seguia para os itens B e C com um gradativo aumento da dificuldade. Não encontramos nenhuma surpresa com conteúdo, mas com a forma, já que a prova cobrou bastante a análise e construção de gráficos”, disse o professor.
Química
“O nível foi mediano e dentro do esperado”, afirmou Sérgio Paganim, diretor do curso Anglo. Ele disse que foi uma prova muito abrangente em termos de conteúdo, porque uma mesma questão, por exemplo, trabalhava até três conteúdos diferentes.
“Damos destaque para as contextualizações — sempre presentes, mas com textos químicos, ou seja, falam de química para cobrar química, com pouca conexão com a atualidade. Em contraponto, a questão 5 chama atenção, porque traz contexto mais próximo ao cotidiano dos alunos”, explicou.
Física
Paganim definiu como “difícil e exigente” a prova de Física da Fuvest 2023. Ele destacou também os enunciados longos, complexos e precisos.
“A Fuvest mantém sua tradição de precisão na disciplina. Conceitualmente, muito bem-feita. A distribuição temática também bastante equilibrada — um terço da prova dedicada à Mecânica, Estática dos Fluidos e Cinemática Escalar; outro terço dedicada à Eletricidade e Eletromagnetismo; e um terço para Ótica e Ondulatória”.
O professor destacou dois pontos: a cobrança de dois temas de Física nas questões 3 e 4, e a independência dos itens nas questões, “o que pode ajudar na correção, no desempenho final dos alunos”.
Esta reportagem está em atualização.

Redação e prova de português
Candidatos chegam ao prédio da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), na Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste da capital paulista, neste domingo (8), para o primeiro dia de provas da segunda fase da Fuvest.
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO
O tema da redação da segunda fase da Fuvest, que aconteceu no domingo (8), foi ‘Refugiados ambientais e vulnerabilidade social’.
Os candidatos que concorrem ao vestibular de 2023 contaram com textos de apoio de Graciliano Ramos e Ailton Krenak, foto do livro Êxodos, de Sebastião Salgado, e reportagens com dados e informações sobre o assunto para a realização da redação.
Com a proposta, a Fuvest afirma que espera que os candidatos reflitam a respeito dos deslocamentos forçados por desastres ambientais, assim como aqueles causados pelas mudanças climáticas, que afetam principalmente grupos sociais mais vulneráveis e causam crises humanitárias.
A íntegra da prova deste domingo pode ser consultada no site da Fuvest.
Segundo Felipe Leal, professor de redação do Curso Anglo, o tema desta edição se diferencia do padrão seguido em anos anteriores. “A Fuvest, ela tem uma tradição maior de trazer temas de caráter mais abstrato e filosófico. Agora, você tem um tema que se assemelha mais a uma proposta redação do Enem, mas só nós no aspecto da escolha do tema, por ter uma abordagem mais de um problema social”, analisa.
Para o coordenador de redação do Curso Etapa, Wellington Borges, o tema proposto tem amplitude global, com relevantes exemplos do Brasil, e aborda os eixos ambiental, social e econômico. “Impossível não lembrar certa relação que este tema guarda com o último do Enem, visto que uma das características dos povos tradicionais é justamente a parceria com a natureza para subsistência”, avalia o professor. Em 2022, a redação do Enem teve como tema os “desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.
Na visão da professora Vanessa Botasso, da Oficina do Estudante – Campinas, o tema da redação com a coletânea que foi apresentada desafiou os candidatos a saírem do senso comum e ousarem em estratégias argumentativas.
“Os textos apresentados pela coletânea não apresentaram grande densidade temática e conceitual, o que pode tornar difícil aprofundar a análise sobre a questão. Além disso, o trabalho com os dados numéricos apresentados em um dos excertos pode levar um candidato desavisado a redigir um texto mais expositivo do que argumentativo”, analisa Vanessa.
Prova de Português
Segundo o professor de português Laudemir Guedes Fragoso, do Curso e Colégio Objetivo, a Fuvest manteve sua tradição de ser uma prova bem exigente com os vestibulandos, cobrando deles competência linguística para interpretar textos e elaborar respostas.
Assim como o tema da redação, a prova de português abordou questões sociais e foi classificada como “diversificada” por Laudemir. Sua coletânea contou com charges, infográficos, textos de Paulo Freire e de Lilia Schwarcz, poema de Gregório de Matos e até um rap de Criolo. “Foi uma prova que exigiu que o candidato se mostrasse uma pessoa madura e com conhecimento”, analisa.
Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, considera que, na parte de gramática e texto, esta não foi uma prova de ruptura – as questões cobradas seguiram o modelo tradicional da Fuvest. Contudo, o vestibular teve um foco maior em aspectos técnicos do que o que vinha se observando nas últimas edições. “Cobraram-se questões mais conceituais, como o uso de vírgula, que pressupõe identificar funções sintáticas; só intuição não resolve esse tipo de questão”, comenta.
Para os professores Liliane Negrão e Marcelo Maluf, da Oficina do Estudante – Campinas, a prova de literatura teve um grau de dificuldade elevado e exigiu do candidato uma leitura aprofundada dos livros obrigatórios. “As questões, de maneira geral, cobraram, além da leitura das obras, a capacidade do candidato de interpretar textos de maneira densa e crítica”, analisaram.
De acordo com a Fuvest, a abstenção do primeiro dia foi de 7,2%: dos 30,1 mil convocados, 2.184 não compareceram. Na segunda-feira (8), os estudantes realizam as provas de disciplinas específicas, de acordo com a carreira escolhida.
A primeira fase, em dezembro de 2022, teve 13,8% de abstenção entre os 114 mil inscritos, percentual similar à da edição passada, no vestibular de 2022, quando 13,7% dos candidatos faltaram.

Fonte

MicroGmx

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