Moradores do oeste dos EUA e do Canadá se acostumaram com o ar obstruído pela fumaça dos incêndios florestais durante os meses de verão. Nesta semana, o problema se espalhou para o Centro-Oeste e a Costa Leste.
A cidade de Nova York estava cheia de névoa avermelhada ontem, com a pior qualidade do ar já registrada. Uma matinê da Broadway foi interrompida quando sua estrela teve dificuldade para respirar e alguns shows noturnos foram cancelados. Equipes esportivas profissionais em Nova York e Filadélfia adiaram seus jogos. Em Binghamton, NY, um meteorologista disse que a área ao seu redor “parece Marte” e “cheira a charuto”. Em Toronto, os moradores acordaram esta semana para encontrar uma espessa camada de cinzas perto das janelas abertas.
A causa imediata é uma série de incêndios florestais em Quebec e Ontário, que começaram semanas atrás. A causa maior é a mesma que prejudica a qualidade do ar no Ocidente: um aumento acentuado de incêndios florestais durante o século 21, causado em parte pelas temperaturas mais quentes e condições mais secas criadas pelas mudanças climáticas.
Bill McKibben, o escritor e ativista ambiental, mora em Vermont e argumentou que os incêndios canadenses deram a milhões de norte-americanos uma noção do que outras pessoas já sabem. “Hoje é a nossa chance de entender como realmente se sente todos os dias em um planeta movido a combustíveis fósseis, para bilhões de pessoas azaradas o suficiente para realmente suportar o peso”, McKibben escreveu no Substack. “Meus olhos estão ardendo um pouco por causa da fumaça, mas nunca vi com mais clareza.”
Minha versão pessoal do argumento de McKibben é que tive uma dor de cabeça ontem enquanto trabalhava no centro de Washington. Isso me lembrou de uma dor de cabeça semelhante quando visitei Pequim pela primeira vez, em 2010, e inalei a poluição de lá. (Aqui está um conselho do The Times sobre dores de cabeça relacionadas à poluição.)
O restante do boletim de hoje está dividido em três partes: uma seleção da melhor cobertura sobre o que está acontecendo, do The Times e de outros lugares; uma previsão para os próximos dias; e conselhos sobre como lidar com a má qualidade do ar.
Os efeitos das mudanças climáticas são aparente nos EUA: Os oceanos estão mais quentes do que nunca em décadas e, em Porto Rico, o índice de calor chegou a 125 graus.
Espera-se que o ar nebuloso e insalubre da cidade de Nova York se espalhe para o sul e oeste dos Estados Unidos hoje, envolvendo milhões de americanos.
A partir desta manhã, a Filadélfia tinha as maiores concentrações de fuligem. As autoridades emitiram um alerta de qualidade do ar “código vermelho”. O ar de Washington – oficialmente “doentio” – estava apenas ligeiramente melhor.
Até sexta-feira, espera-se que a pior poluição afastar-se do Nordeste.
“O padrão climático pode finalmente mudar neste fim de semana e, no domingo, os ventos podem mudar, aliviando a fumaça”, escreveu Judson Jones, meteorologista e repórter do Times. “O alívio pode chegar ainda mais cedo se houver progresso no combate aos incêndios florestais.” Mas Judson acrescentou que a temporada de incêndios florestais apenas começou, o que significa que a neblina pode retornar neste verão.
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