Fortalecido na liderança da China, Xi Jinping terá grandes desafios em seu 3º mandato; entenda quais são | Mundo

O Congresso do Partido Comunista Chinês terminou com a nomeação de Xi Jinping neste domingo (23) como o secretário-geral do partido. O presidente chinês vai assumir seu terceiro mandato no cargo.

Além da escolha pela manutenção do atual líder, no Congresso também foi determinado quem são os membros do conselho de políticos mais poderosos da China —em países comunistas, esse conselho recebe o nome de Politburo, que era a denominação da antiga União Soviética para essa instituição.

Com o terceiro mandato, Xi se tornou o líder chinês mais poderoso desde Mao Tsé Tung, mas deve enfrentar desafios mais complexos.

Os analistas em geral não esperam mudanças significativas na direção política em um terceiro termo de Xi. Em sua década no poder, ele colocou a China em uma trajetória cada vez mais autoritária que priorizou a segurança, o controle estatal da economia em nome da “prosperidade comum”, uma diplomacia mais assertiva, pressão militar mais forte e a intensificação da pressão para reincorporar Taiwan, governado democraticamente.

Veja abaixo os desafios que Xi terá que enfrentar em seu terceiro mandato:

  • Economia em desaceleração
  • Descontentamento com a política de Covid zero
  • Relações com Taiwan
  • Relações com países do Ocidente
  • Pressão para que a China pare de perseguir os uigures

Congresso do Partido Comunista chinês deve dar 3º mandato ao presidente Xi Jinping esta semana

Economia em desaceleração

Nos últimos anos, Xi adotou políticas que desaceleraram o crescimento econômico —por exemplo, as medidas para impedir a disseminação da Covid-19 com fortes lockdowns, mesmo depois da disponibilidade de vacinas.

O governo também tomou ações para controlar o mercado imobiliário, e isso desacelerou a construção civil no país.

O Partido Comunista adiou a divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre. É incomum que um país atrase a divulgação de um relatório econômico como o resultado do PIB.

O adiamento sugere que os órgãos estatais não estão conseguindo fazer seu trabalho ou que a economia da China está em uma situação pior do que se imaginava. O crescimento esperado para este ano é de cerca de 3%, que já é mais baixo do que a média histórica dos últimos anos.

A desaceleração da economia da China pode ter consequências no Brasil. A China é o maior consumidor das exportações brasileiras. As vendas do Brasil para o país asiático subiram nos últimos anos.

Exportações do Brasil para a China

Em bilhões de dólares

Fonte: Comex

A China manteve restrições aos deslocamentos das pessoas mesmo com a vacina. Por exemplo, os viajantes que chegam ao país ainda precisam ficar 10 dias em quarentena (o governo agora estuda reduzir esse período para sete dias).

Quando há algum aumento do número de infecções (mesmo que sejam poucos casos) há um lockdown severo. Isso tem prejudicado a retomada da atividade econômica em importantes centros industriais, como Shenzhen e Tianjin.

As pessoas também mudaram seus hábitos de consumo: os números do varejo e do turismo, por exemplo, pioraram. Em setembro o governo gastou mais em infraestrutura.

Xi Jinping foi nomeado para um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês — Foto: Andre Slachta/g1

No começo do congresso do Partido Comunista da China, Xi afirmou que cabe ao povo chinês resolver a questão de Taiwan, e que a China nunca renunciará ao direito de usar a força, mas lutará por uma solução pacífica.

Taiwan, que a China vê como seu próprio território, respondeu que não vai recuar em sua soberania ou comprometer a liberdade e a democracia.

As tensões entre China e Taiwan aumentaram dramaticamente em agosto, após a China organizar jogos de guerra perto de Taiwan, depois de uma visita a Taipé da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. Essas atividades militares continuaram, embora em ritmo reduzido.

Xi disse que a China sempre “respeitou, cuidou e beneficiou” o povo de Taiwan e está comprometida em promover intercâmbios econômicos e culturais em todo o Estreito de Taiwan. “Resolver a questão de Taiwan é assunto do próprio povo chinês, e cabe ao povo chinês decidir”, disse ele.

“Nós insistimos em lutar pela perspectiva de uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e os melhores esforços, mas nunca prometeremos desistir do uso da força e reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”.

Essa opção visa a “interferência” por forças externas e um “número muito pequeno” de apoiadores da independência de Taiwan, em vez da grande maioria do povo taiwanês, disse Xi.

Navios de guarda e Taiwan perto da linha de separação entre a ilha e a China — Foto: Ann Wang/Reuters

Relações com o Ocidente

A China não apoiou abertamente a guerra da Rússia na Ucrânia, mas desenvolveu laços econômicos e estratégicos com os russos nesses meses de conflito, em contraste com o Ocidente, que adotou sanções sem precedentes para tentar demover Moscou de prosseguir com a agressão.

Xi já disse que apoia “a soberania e a segurança” da Rússia. Isso garantiu aos chineses o apoio dos russos em relação a Taiwan.

O presidente russo Vladimir Putin disse que Moscou adere ao princípio “uma China”, segundo o qual Taiwan é parte integrante do território chinês.

Grupos de direitos humanos acusam Pequim de abusos contra os uigures, uma minoria étnica majoritariamente muçulmana (são cerca de 10 milhões de pessoas dessa etnia; eles vivem na região de Xinjiang). O governo chinês é acusado de empregar os uigures em trabalhos forçados em campos de detenção. Os EUA acusam a China de genocídio.

Pequim nega quaisquer abusos e disse que está “pronta para a luta” se forem tomadas medidas contra ela. Um relatório da ONU apontou possíveis crimes contra a humanidade contra uigures e outros muçulmanos no país.

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