País é palco de onda de protestos desde 16 de setembro, após Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, morrer três dias depois de ser detida em Teerã pela polícia da moral, que a repreendeu por quebrar o código de vestimenta. Protestos tomam conta das ruas de Teerã, no Irã.
WANA (West Asia News Agency) via REUTERS 21.set
As forças de segurança iranianas atacaram, na madrugada deste sábado (29), um hospital e uma residência universitária no oeste do país, informaram ativistas, enquanto o movimento de protesto no Irã entra em sua sétima semana.
A República Islâmica é palco de uma onda de protestos desde 16 de setembro, após a morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que morreu três dias depois de ser detida em Teerã pela polícia da moral, que a repreendeu por quebrar o rigoroso código de vestimenta no Irã.
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Frases de ordem como “Mulher, Vida, Liberdade” ecoaram contra a República Islâmica fundada em 1979, em manifestações que têm sido duramente reprimidas.
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Estudantes se juntaram aos protestos neste sábado nos campi de Teerã, Kerman e Kermanshah, entre outras cidades, apesar do comandante Hussein Salami, líder dos Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irã, ter alertado: “Não saiam às ruas! Hoje é o último dia dos tumultos”.
No início da manhã de sábado, as forças de segurança dispararam contra dezenas de manifestantes reunidos do lado de fora de um hospital para “proteger” um manifestante ferido, ameaçado de prisão pelas autoridades, observou o grupo de direitos humanos Hengaw no Twitter.
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“Forças repressivas abriram fogo contra pessoas reunidas em frente ao hospital de Kowsar para proteger Ashkan Mrwati”, escreveu o grupo sediado na Noruega.
“Essas forças estão tentando deter Ashkan Mrwati, que está ferido”, acrescentou Hengaw, postando uma foto do manifestante deitado em uma maca.
Disparos contra uma residência
Segundo a mesma fonte, as forças de segurança “dispararam contra uma residência de estudantes de medicina” perto do hospital de Kowsar.
Um vídeo postado online, verificado pela AFP, mostra dezenas de policiais chegando em motocicletas e depois abrindo fogo contra a residência da Universidade de Medicina do Curdistão.
Vários universitários se manifestaram neste sábado em diferentes cidades do Irã, incluindo a capital Teerã, de acordo com vídeos amplamente compartilhados nas mídias sociais.
Segundo a Hengaw, as forças de segurança dispararam contra uma manifestação estudantil em Kermanshah.
A ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, informou que a repressão aos protestos causados pela morte de Mahsa Amini causou pelo menos 160 mortes até o momento, incluindo cerca de 20 crianças.
Além disso, 93 pessoas morreram em manifestações, convocadas por outro motivo, na cidade de Zahedan, província de Sistão-Baluchistão (sudeste). Esses protestos começaram em 30 de setembro, após o suposto estupro de uma jovem, supostamente cometido por um policial, segundo o IHR.
Na sexta-feira, o diretor dessa ONG, Mahmood Amiry-Moghaddam, exortou a ONU a “aumentar a pressão diplomática sobre o Irã e estabelecer um mecanismo de investigação para julgar os responsáveis” pela repressão.
“O risco de um massacre é real e as Nações Unidas devem garantir que isso não aconteça”, enfatizou.
No entanto, os líderes iranianos continuaram a apontar o dedo para os “inimigos” do Irã.
Em uma declaração conjunta, o Ministério da Inteligência e a Guarda Revolucionária acusaram na sexta-feira a CIA, a agência de inteligência dos EUA e seus “aliados no Reino Unido, Israel e Arábia Saudita” de “conspirar” contra a República Islâmica.
No sábado, em Shiraz, durante os funerais das 15 vítimas de um ataque reivindicado na quarta-feira pelo grupo jihadista Estado Islâmico contra um santuário xiita, uma multidão gritava palavras de ordem contra os “distúrbios”, aludindo aos protestos desencadeados após a morte de Mahsa Amini.
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