Peter Lanzani e Alejandra Flechner têm muito a dizer sobre o tema do filme “Argentina, 1985”, exibido durante o Festival do Rio, no dia 12 de junho. O longa argentino estrelado por eles vai disputar uma das cinco vagas para concorrer ao Oscar 2023 de Melhor Filme Internacional.
A produção dirigida por Santiago Mitre mostra a história real dos promotores Julio Strassera (Ricardo Darín, de “Relatos Selvagens”) e Luis Moreno Ocampo (Lanzani). Eles chefiaram a investigação para levar militares à justiça por crimes cometidos durante a ditadura na Argentina. O filme será lançado no Amazon Prime Video no dia 21 de outubro.
Para Alejandra, que interpreta a esposa de Strassera, é importante voltar ao período histórico mostrado no filme. A atriz era adolescente na época do julgamento e afirmou que o processo foi necessário para que os argentinos soubessem o que tinha ocorrido no país.
“Algumas pessoas podiam e não queriam ver, mas outras não viram porque tudo aconteceu de uma forma muito armada, monstruosamente armada”, conta Alejandra.
Peter Lanzani e Alejandra Flechner durante coletiva de imprensa no Festival do Rio para divulgar o filme “Argentina, 1985” — Foto: Célio Silva/g1
Já Peter Lanzani, que nasceu em 1990, disse que trabalhar no filme ajudou a reafirmar conceitos e aprender coisas que não lhe ensinaram. Para ele, o roteiro foi importante para desenvolver esse aprendizado por tratar da dificuldade que os personagens passam na história.
“Por não ter vivido na minha própria pele esse período, seria muita hipocrisia da minha parte dizer que o entendo completamente, mas acho que este filme de uma forma ou de outra vem nos ensinar, nos aproximar e gerar esse compromisso”, diz Peter.
Ricardo Darín e Peter Lanzani interpretam os protagonistas do drama “Argentina 1985” — Foto: Divulgação
Os atores também acreditam que “Argentina, 1985” é relevante não só para o Brasil, mas também para outros países latino-americanos por mostrar a punição dos militares torturadores.
Peter Lanzarini destacou o fato de que o longa fala dos excessos cometidos na ditadura e ressaltou a luta do seu personagem e o de Darín para levar justiça às vítimas. “É um filme que mostra heróis numa época de filmes de super-heróis. Mas heróis sem capas, heróis com coragem. É um filme que desperta e isso me parece muito necessário neste momento”, afirma o ator.
Alejandra Flechner concordou com o colega e lembrou que o filme dialoga fortemente com o presente. Para ela, o que aconteceu com a Argentina durante o período da ditadura não pode mais voltar a acontecer.
A atriz também ressaltou a importância de sua personagem em ser o apoio necessário para que o promotor vivido por Darín tenha coragem de continuar com sua luta contra os torturadores.
Ela também disse conheceu muitas mulheres semelhantes a que interpretou no filme. “Estamos falando de 40 anos atrás. Mas sim, claro que havia sempre Silvias, mulheres muito lutadoras, mas também capazes de abraçar, cobrir seus entes queridos e acompanhá-los em sua fragilidade. E isso não é certo?”, indaga a atriz.
Cena do filme ‘Argentina, 1985’ — Foto: Divulgação
Questões familiares também foram levadas em conta por Peter Lanzani em relação a seu personagem, já que Luis Moreno Ocampo vinha de uma família militar e teve que se opor a seus parentes para conseguir fazer justiça.
Esse conflito, para o ator, foi importante para levar às novas gerações a importância da denúncia mostrada no filme.
“Parece que ele descobriu, através de suas experiências pessoais, onde o julgamento tinha que ser inserido. Mas eu acho que nunca houve qualquer dúvida sobre se ele tinha que participar ou não. Eu acho que ele fala mais dele do que qualquer outra pessoa em sua família”, disse o ator.
Os atores argentinos também não pouparam elogios a Ricardo Darín, o protagonista de “Argentina, 1985”. Peter Lanzani disse que foi uma experiência impressionante dividir a cena com uma pessoa que ele chamou de “gênio”.
Visto no cultuado “O clã”, Lanzani ressaltou que trabalhar com Darín foi uma experiência incrível. “Felizmente, levo comigo um amigo e uma pessoa com quem aprendi muito, não só profissionalmente, mas humanamente, o que, no fundo, é o mais importante”, afirma Lanzani.
Alejandra Flechner lembrou que já conhecia Darín por ter trabalhado com ele em “Samy y yo”, de 2002. Ela considera que o colega, além de um grande ator, uma pessoa bastante humilde. “Ele gostava muito dos detalhes. Para mim ele é um grande ator e uma grande pessoa, ou seja, é realmente um prazer trabalhar com ele. É lindo e não posso acrescentar muito mais do que isso.”
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