Estudo com mais de 46 mil pessoas mostra como a pobreza, combinada com outros fatores negativos, afeta a longevidade Levantamento do National Institutes of Health, conjunto de centros de pesquisa nos EUA, mostrou que a pobreza, combinada com outros tipos de adversidades nos primeiros anos de vida, está associada a uma chance maior de morte prematura. No detalhamento do trabalho, recém-publicado no “The Lancet Regional Health – Americas”, crianças que, além de pobres, viviam em moradias inadequadas, tinham risco de morte precoce aumentado em 41% se comparadas com as que se encontravam num ambiente estável; se o agravante à pobreza fosse a separação dos pais, o percentual subia para 50%. Os dados foram extraídos de uma base composta por mais de 46 mil pessoas.
Pobreza na infância: adversidades nos primeiros anos de vida aumentam o risco de morte precoce
Premiercompanis por Pixabay
A pesquisa ratifica o que já escrevi sobre o expossoma, termo criado para designar a totalidade dos impactos a que o ser humano é submetido da concepção ao fim da existência. O conceito se baseia em três domínios, começando pelos fatores internos: idade, fisiologia, genoma. Os outros dois são os fatores externos gerais (condições socioeconômicas, aspectos sociodemográficos, local de moradia); e externos específicos, como dieta alimentar, ocupação, estilo de vida.
“O estudo vai nos ajudar a entender o peso das experiências nos primeiros anos da existência na saúde humana. No longo prazo, esperamos desenvolver estratégias e intervenções para reduzir a exposição a essas adversidades”, afirmou o principal autor, Stephen Gilman. Os participantes eram filhos de mulheres que integraram um projeto chamado Collaborative Perinatal que cobriu um período de cinco décadas. Os pesquisadores compararam os registros dessas crianças, nascidas entre 1959 e 1966 – e acompanhadas até os sete anos – com as mortes ocorridas no grupo entre 1979 e 2016.
Foram criadas cinco classificações para as dificuldades enfrentadas:
Baixa: sem registro de incidente adverso significativo – 48%
Negligência e castigos físicos ou abusos emocionais provocados pelos pais – 4%
Instabilidade familiar, como divórcios, morte de pai, mãe ou irmão, mudanças frequentes de residência – 9%
Pobreza combinada com condições de superlotação de moradia – 21%
Pobreza combinada com separação dos pais, ajuda assistencial – 19%
O risco de morte precoce aumentava em 27% para indivíduos com pelo menos duas experiências adversas; subia para 29% para três eventos; e alcançava 45% para os que sofriam quatro.
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