EUA vão barrar imigrantes ilegais de Cuba, Haiti e Nicarágua


Governo adotará para esses países política similar à adotada em relação aos venezuelanos, permitindo a entrada legal de 30 mil pessoas oriundas de lá ao mês. Imigração é um dos pontos sensíveis do governo Biden. Multidão de imigrantes tenta cruzar o Rio Grande, no Texas, nos EUA
Christian Chavez/AP
O governo Biden anunciou nesta quinta-feira (5) que começaria imediatamente a barrar cubanos, haitianos e nicaraguenses que cruzam a fronteira dos EUA com o México de forma ilegal, uma ampliação significativa de uma medida que já era usada para impedir venezuelanos entrem no país.
A administração democrata aceitará 30 mil pessoas por mês dos quatro países por dois anos e oferecerá a possibilidade de trabalho regularizado, desde que entrem legalmente, tenham patrocinadores e passem por verificações e checagens de antecedentes.
Estes quatro países afetados são aqueles para os quais as migrações fronteiriças aumentaram mais rapidamente, sem uma maneira fácil de devolver rapidamente os migrantes aos seus países de origem.
É uma mudança significativa nas regras de imigração e continuará valendo, mesmo se o Tribunal Supremo dos EUA acabar com uma lei de saúde pública da era Trump que permite que as autoridades americanas recusem solicitantes de asilo.
O presidente dos EUA, Joe Biden, fala à imprensa antes de embarcar em Washington, EUA, em 4 de janeiro de 2023
REUTERS/Leah Millis
A nova política pode resultar em 360 mil pessoas desses quatro países entrando legalmente nos EUA em um ano. No entanto, atualmente, muito mais pessoas desses países estão tentando entrar nos EUA a pé. Migrantes desses quatro países foram impedidos de entrar nos EUA 82.286 vezes em novembro.
A administração Biden tem lutado para gerenciar o aumento do número de migrantes cruzando a fronteira dos EUA com o México e tem sido relutante em tomar medidas duras que pareceriam com as da administração Trump.
Isso resultou em muitas críticas dos republicanos, que dizem que o presidente democrata é ineficaz na segurança da fronteira.
Biden deverá falar das mudanças na política de fronteira em um discurso mais tarde na quinta-feira. Ele viajará para El Paso, Texas, neste fim de semana, sua primeira viagem à fronteira sul como presidente, antes de uma viagem planejada à Cidade do México para se encontrar com líderes da América do Norte, na segunda-feira.
O México concordou em aceitar até 30 mil migrantes por mês dos quatro países que tentam caminhar ou nadar através da fronteira dos EUA com o México, de acordo com a Casa Branca.
Tema sensível
O tema da imigração é particularmente sensível para a Casa Branca, que atualmente trabalha para implementar uma estratégia sustentável que permita controlar as chegadas à fronteira com o México, que tem 3 mil quilômetros de extensão.
Até agora, a política de imigração do governo Biden dependeu, em grande parte, da medida implementada pelo ex-presidente republicano Donald Trump (2017-2021), que foi aplicada no início da pandemia de Covid-19 e restringe severamente a entrada ao território alegando problemas de ordem sanitária.
Este instrumento legal, conhecido como “Título 42”, foi objeto de diversas batalhas judiciais. A Suprema Corte decidiu mantê-lo em 27 de dezembro, à espera de uma decisão de fundo para a primavera boreal.
Ativistas dos direitos humanos criticam a vigência da medida, que entre, outras coisas, permite a expulsão imediata, sem recurso legal, dos imigrantes.

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