O principal comandante militar da Ucrânia disse na terça-feira que bloquear os avanços russos na cidade arruinada de Bakhmut continua sendo de “importância estratégica primordial” e prometeu que os militares ucranianos manterão a linha ali, apesar das baixas surpreendentes de ambos os lados.
“É fundamental para a estabilidade da defesa de toda a frente”, disse o general Valeriy Zaluzhny, comandante das forças armadas da Ucrânia, em comunicado após se reunir com o presidente Volodymyr Zelensky e outras autoridades ucranianas de alto escalão.
Enquanto as forças russas agora controlam a metade oriental de Bakhmut, as forças ucranianas na metade ocidental assumiram posições defensivas em fortificações abandonadas atrás de um rio que corta a cidade. Autoridades ucranianas disseram que estabilizaram o controle sobre a última estrada restante que podem usar para abastecer e reforçar suas forças.
O comandante das forças terrestres da Ucrânia, coronel general Oleksandr Syrsky, disse na segunda-feira que as forças russas, lideradas por mercenários da companhia militar privada Wagner, estavam lutando para chegar ao centro de Bakhmut.
“Todas as tentativas inimigas de capturar a cidade são repelidas por artilharia, tanques e outro poder de fogo”, disse ele.
Travada desde o verão passado, a batalha por Bakhmut é uma das mais longas e mortíferas desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala há quase 13 meses, e nos últimos meses Moscou alocou montes de recursos para tentar capturar a cidade.
Alguns analistas militares ucranianos e ocidentais questionaram a sabedoria de manter a linha defensiva em torno de Bakhmut, sugerindo que a taxa de baixas está alta demais para justificar a manutenção de uma cidade de ressonância política e simbólica, mas apenas valor estratégico marginal.
É difícil avaliar a sabedoria da estratégia da Ucrânia porque não há avaliações confiáveis e independentes das baixas. Ambos os lados concordam, porém, que dezenas de milhares de russos e ucranianos foram feridos e mortos na batalha.
Ivan Kyrychevskyi, analista de defesa ucraniano, disse que as forças ucranianas esperaram o máximo que puderam para se retirar para a metade ocidental da cidade e agora estabeleceram “uma zona de derrota” onde os russos continuariam a perder um grande número de soldados, enfraquecendo suas forças antes de uma esperada ofensiva ucraniana na primavera.
“A situação atual é crucial para o sucesso de nossa contra-ofensiva futura”, disse ele.
No canto noroeste de Bakhmut, soldados de Wagner postaram fotos de um complexo industrial, sugerindo que chegaram ao mesmo local onde Zelensky fez uma ousada visita em dezembro para reunir soldados ucranianos.
A agência de inteligência militar britânica disse na terça-feira que a escassez de munição de artilharia na Rússia provavelmente piorou nas últimas semanas, na medida em que as forças estão racionando projéteis em muitas partes da frente oriental.
Com os soldados ucranianos também expressando preocupação com a escassez de munição, as autoridades em Kiev estão pedindo aos aliados ocidentais que acelerem a entrega de armas. Oleksii Reznikov, ministro da Defesa da Ucrânia, disse na terça-feira que as negociações continuam para adquirir mais caças para proteger os céus da Ucrânia.
O Sr. Reznikov disse a repórteres que o poder aéreo será crítico para uma contra-ofensiva bem-sucedida e que as forças russas já haviam se movido para posições defensivas no sul da Ucrânia, onde tentarão manter o controle de uma faixa de terra entre a Crimeia e a Rússia. Ele também disse que Moscou está fazendo planos de contingência, cavando um elaborado sistema de trincheiras na Crimeia; novas trincheiras são visíveis em imagens de satélite divulgadas recentemente.
“Os russos acreditam que os ucranianos lançarão uma contra-ofensiva”, disse Reznikov. “E isso é um bom sinal. Já estamos criando o futuro. Eles já perderam. Uma vez que eles ficaram na defensiva em sua operação militar especial, eles já perderam esta guerra.”
