O endividamento das famílias avançou neste ano e bateu recorde, em meio à corrida eleitoral para presidente da República, limitando a capacidade de consumo da população e impulsionando a inadimplência. O próximo presidente eleito terá de lidar com o tema.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias endividadas atingiu 79,3% do total de lares no país em setembro. Nas casas com renda inferior a 10 salários mínimos, o endividamento superou os 80% pela primeira vez.
A pesquisa considera dívidas a vencer no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.
Ao mesmo tempo, segundo a CNC, número de pessoas que atrasaram o pagamento de contas de consumo ou de dívidas também cresceu em setembro, alcançando 30% do total de famílias no país. A terceira alta consecutiva levou o indicador ao maior percentual da série histórica iniciada em 2010.
De acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quatro em cada dez brasileiros adultos (39,71%) estavam negativados em setembro de 2022 – o equivalente a 64,25 milhões de pessoas, um novo recorde da série histórica do levantamento, realizado há oito anos.
O alto patamar de endividamento e de inadimplência acontece em um momento de puxada nos juros para conter a disparada da inflação. A taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central, está em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos.
Com isso, a taxa média de juros cobrada pelos bancos é a maior desde março de 2018 e, no caso do cartão de crédito rotativo, é a mais alta em cinco anos. Essa linha de crédito, a mais cara do mercado, é utilizada principalmente por pessoas com renda inferior a dois salários mínimos.
Em seu plano de governo protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo Partido Liberal, não cita diretamente o assunto.
O documento traz críticas ao “modelo de gestão anterior” e informa que o “novo modelo”, implantado desde 2019 no país, produz e distribui riqueza, gerando “recordes” na geração de empregos, aumentando os benefícios sociais para os mais vulneráveis e facilitando a abertura de novas empresas.
No começo deste mês, a Caixa Econômica Federal relançou um programa de renegociação de dívidas de pessoas físicas e jurídicas, que prevê descontos de até 90%, conforme a situação de cada contrato. Os débitos que poderão ser renegociados estão em atraso em mais de 360 dias na Caixa.
Os setores de habitação e agronegócio não estão contemplados nessas regras. Ao todo, serão englobados na campanha 6,9 milhões de contratos, distribuídos entre quatro milhões de clientes pessoa física e 396 mil empresas.
A proposta da Caixa Econômica não considera operações com outros bancos, e também não abrange carnês de lojas e dívidas com prestadoras de serviços públicos, como água e luz.
O g1 entrou em contato com a campanha do presidente Jair Bolsonaro e perguntou se há alguma outra proposta para reduzir o endividamento da população, e quais seriam as condições e setores beneficiados. Entretanto, não obteve resposta.
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, avaliou, em seu plano de governo protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que a renda familiar dos brasileiros e brasileiras desabou e o endividamento das famílias explodiu.
“Vamos promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivos aos bancos privados para oferecer condições adequadas de negociação com os devedores”, diz o documento.
Segundo o plano de governo, a ideia é avançar na regulação e incentivar “medidas para ampliar a oferta e reduzir o custo do crédito, ampliando a concorrência no sistema bancário”.
Material de campanha divulgado na semana passada detalha um pouco mais as medidas. O PT diz que será criado pelo governo um fundo que garantirá crédito para possibilitar a renegociação de dívidas no comércio ou contas da casa – que não se enquadram em “bancárias”.
“Os credores que aceitarem participar do programa deverão oferecer opções de desconto, sendo que os que oferecerem o maior terão prioridade”, diz.
No caso das dívidas com bancos, a proposta é liberar para as instituições financeiras depósitos “compulsórios” (recursos que têm de ser mantidos no BC pelos bancos) proporcionando “condições adequadas de desconto, prazo e custo para que as famílias paguem suas dívidas acumuladas no cartão de crédito, cheque especial e crédito pessoal”.
O BC, entretanto, é autônomo, com mandato fixado para a atual diretoria até 2024 e teria de concordar com a proposta. O atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, foi indicado por Bolsonaro.
Os depósitos compulsórios são recursos dos bancos mantidos no BC como forma de ajudar regular a quantidade de dinheiro na economia e, com isso, ajudar a controlar a inflação.
Questionada pelo g1, a assessoria do programa de governo de Lula concordou que o BC é uma instituição autônoma, mas acrescentou que, em sua visão, “também é verdade que o Banco Central tem todo interesse objetivo de manter uma situação saudável do ponto de vista do mercado de crédito e do endividamento das empresas e das famílias”.
Também opinou que “a liberação de uma parcela do compulsório não remunerado” não teria “qualquer impacto inflacionário, uma vez que o banco irá pegar esse recurso e remunerar junto ao Banco Central”. A campanha de Lula diz que o BC, nesse caso, seria um parceiro nesse programa.
Na manhã de sábado, 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil,…
Certificado lista destinos em áreas costeiras que tiveram compromisso com a preservação ambiental e o…
Gisèle Pelicot abriu mão do anonimato para tornar público o julgamento de seu ex-marido e…
"Embora 99,999% dos usuários do Telegram não tenham nada a ver com crimes, os 0,001%…
Mesmo com o imposto de 100% sobre o valor dos veículos americanos, os carros elétricos…
A medida tem como objetivo garantir o direito ao voto para o eleitor. A restrição…