Empresários e nomes do mercado financeiro temem que uma eventual vitória de Lula no 1º turno dificulte as negociações com o petista – com quem, aliás, têm buscado diálogo – em temas como a manutenção de regras fiscais.
Para vencer no 1º turno, Lula precisa de 50% dos votos válidos (que excluem os brancos e nulos) mais um. A última pesquisa Ipec, divulgada na segunda-feira (26), indica que Lula tem 52%. Mas, como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, não é possível dizer se o ex-presidente poderia ou não ganhar em primeiro turno.
Lula tem dito a empresários que, se ganhar, vai saber o que fazer pois, repete, a garantia é ele mesmo, resgatando a memória do que fez durante os 8 anos de mandato.
Mas esses interlocutores têm se queixado do fato de o ex-presidente não os ouvir para definir quem vai comandar a Economia num eventual novo mandato, e de não dar detalhes sobre o seu programa econômico- além de não saberem ao certo se Lula manterá o teto de gastos- o que acreditam que ele não fará mas buscam detalhes de alternativas do PT para garantir responsabilidade fiscal.
Tais pontos devem ser tratados durante um encontro que Lula terá nesta terça com o Grupo Esfera, que reúne representantes de empresas com Bradesco, BTG Pactual, XP Investimentos, Cosan, MRV Engenharia, Multiplan e Hapvida. Como o blog revelou em agosto, o Esfera já tinha o sinal verde de Lula para marcar o encontro e aguardava apenas um espaço na agenda do ex-presidente.
Existe uma expectativa entre empresários de que Lula acene com o perfil de seu ministro da Economia nesse encontro. O ex-presidente, no entanto, não tem dado pistas.
Enquanto isso, cresce no PT a bolsa de apostas. Por ter um presidente do Banco Central liberal – Roberto Campos Neto, que tem mandato até 2024 –, o partido não quer que a economia seja ocupada por um perfil parecido (como Pérsio Arida ou Henrique Meirelles), como gostariam empresários.
Também nesta terça-feira, a campanha de Lula deve divulgar um vídeo em que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa declara voto no petista – a equipe corre também para garantir uma declaração pública de Ayres Britto, outro ex-integrante da Corte.
Do lado da política, a campanha de Lula continua a receber acenos de lideranças do Centrão. Em reservado, integrantes do grupo afirmam que o petista é “um produto muito melhor trabalhado” para o eleitor pois faz o que a equipe de campanha manda, ao contrário de Jair Bolsonaro (PL).
Essas lideranças se irritaram com os novos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral – o presidente chegou a anunciar que não cumpriria a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que o impediu de usar o Palácio do Alvorada para fazer campanha – e lembraram que, sempre que candidato vai para o enfrentamento, perde votos.
“Existem duas campanhas: a da TV, que temos controle total, e a das redes sociais. A nossa vai seguir na estabilidade. Lula faz o que a campanha manda – aqui, não tem comando – e o nosso não faz o que pedimos. Mas é como diz aquela música: é o que nós temos”, resigna-se um aliado de Bolsonaro.
Um ministro do governo concorda e, ao observar as pesquisas, disse ao blog que o “o momento é de pacificar”.
“Toda vez que Lula prega a paz, ganha voto. E, Bolsonaro ao atacar, perde.”
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