Em dia mais letal, 18 morrem em protestos contra o governo no Peru; recém-nascida está entre vítimas


Onda de manifestações já soma 46 mortos e ocorre há semanas, desde que Pedro Castillo foi deposto do poder após tentar um golpe de estado. Manifestantes pedem saída de atual presidente. Carro incinerado bloqueia pista de avenida em Ica, no Peru, durante onda de manifestações contra a presidente Dina Boluarte, em 6 de janeiro de 2023.
Martin Mejía/ AP
A retomada dos protestos no Peru contra o governo da atual presidente, Dina Boluarte, deixou na segunda-feira (9) 18 mortos em um único dia devido a confrontos entre manifestantes e policiais no sul do país.
As manifestações, que começaram no início de dezembro passado contra a destituição de Pedro Castillo da presidência, após ele tentar dar um golpe de estado, já somam 46 mortos, segundo contagem da Ouvidoria. Os protestos pedem, principalmente:
A antecipação das eleições gerais;
A renúncia de Boluarte;
O fechamento do Congresso.
Na segunda-feira, dezessete pessoas morreram em confrontos com policiais na cidade de Juliaca, em Puno, segundo a Ouvidoria. Além disso, uma recém-nascida morreu porque não pôde ser levada a um hospital já que a estrada foi bloqueada pelos protestos.
Com esse saldo, a segunda-feira (9) foi o dia mais letal desde o início dos protestos, em dezembro passado. Até agora, o dia mais violento havia sido 15 de dezembro, com oito mortos, segundo a Ouvidoria.
As manifestações ganharam novo fôlego na última quarta-feira, após uma trégua parcial nas férias de final de ano.
O governo culpou os manifestantes pela violência em Puno. O primeiro-ministro do país, Alberto Otárola, afirmou em mensagem televisionada que “mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto e 2.000 dessas pessoas iniciaram um ataque total contra a polícia (…) lamento.” Outros ministros acompanharam Otárola no pronunciamento, com a notável ausência de Boluarte.
Manifestantes com cartaz pedindo antecipação das eleições para 2023 no Peru, em Ica, em 6 de janeiro de 2023.
Martin Mejia/ AP
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Até agora, 46 vítimas foram contabilizadas no contexto dos protestos: 39 no confronto com as forças de ordem e outras sete devido a acidentes de trânsito ou em eventos ligados a bloqueios de estradas.
Boluarte assumiu o governo depois que Castillo, que era presidente desde 2021, foi destituído pelo Congresso após tentar dissolver esse poder estatal com uma mensagem de televisão em 7 de dezembro.
A atual presidente foi vice-presidente de Castillo e foi eleita na mesma lista de seu antecessor. O Parlamento a empossou no mesmo dia da demissão de Castillo como seu sucessor constitucional.
Castillo foi preso quando estava em um veículo com sua comitiva em uma avenida no centro de Lima. Segundo o Ministério Público, ele se dirigia à embaixada mexicana para pedir asilo político.
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Em Juliaca, o protesto se intensificou desde sexta-feira, quando centenas de manifestantes tentaram tomar o aeroporto, mas foram impedidos pela polícia. O aeroporto de Juliaca mantém a suspensão de suas operações.
Os mortos nos confrontos eram jovens entre 21 e 35 anos, além de um menor de 17 anos, segundo os registros da Direção de Saúde de Puno. Três pessoas de 38, 50 e 55 anos também morreram. Quatro vítimas ainda não foram identificadas.
Um dos mortos era um jovem médico, Marco Samilán Sanga, 29 anos, que, segundo a Federação Peruana de Estudantes de Medicina Humana, morreu devido a disparos de pellets enquanto tratava dos feridos no confronto.
No final da tarde de segunda-feira, a Ouvidoria da República informou sobre mobilizações, greves e bloqueios de estradas em 25 províncias.
Em comunicado, o Provedor de Justiça lembrou às Forças Armadas e à Polícia que “têm o dever de cumprir a regulamentação em vigor e as normas internacionais sobre o uso da força”, e que o Ministério Público “deve realizar as investigações necessárias para identificar os responsáveis ​​pelos a perda de vidas humanas (…) a fim de evitar todas as formas de impunidade”.

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