Ex-ministro de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF disse ainda que, dois dias antes do 8 de janeiro, recebeu informações de que manifestação de bolsonaristas não seriam radicais. Ele é investigado por omissão nos atos de vandalismo. Em um depoimento que começou na manhã desta quinta-feira (2) e foi até a noite, o ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, disse que a minuta do golpe é um documento “descartável” e “sem viabilidade jurídica”.
A minuta foi encontrada durante uma operação de busca e apreensão feita pela PF na casa de Torres, investigado por suposta omissão na segurança do DF no dia 8 de janeiro, quando vândalos bolsonaristas atacaram as sedes dos três poderes da República.
“Que considera a minuta do decreto totalmente descartável; que se tratava de um documento sem viabilidade jurídica; que não foi o declarante que colocou a pasta com o decreto na estante e que acredita que possa ter sido sua funcionária ao arrumar a casa; que não é por ter sido encontrado na estante é que teria importância; que na verdade já era para ter sido descartado”, registrou a ata do depoimento.
O ex-ministro de Bolsonaro também citou que o documento não tem “fundamento legal” e que não “tem ideia de quem” o elaborou:
“Deixa ressaltado que tecnicamente o documento é muito ruim, com erros de português, sem fundamento legal, divorciado da capacidade dos assistentes do Ministério da Justiça em produzir o documento; que não sabe e não tem ideia de quem elaborou esse documento”.
PF ouve depoimento de ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres
Segurança para o dia 8 de janeiro
Torres afirmou ainda que em reunião preparatória para o dia 8 de janeiro, realizada dois dias antes, teve informações de que a manifestação de bolsonaristas, que já estava marcada, não teria ações radicais.
“Que indagado se recebeu informações ou informe de inteligência sobre as manifestações que ocorreriam no dia 8 de janeiro, respondeu que recebeu essas informações no dia 6, pela manhã. Que essas informações não indicavam ações radicais.”
Ele afirmou ainda que, antes de assinar o protocolo para a segurança no dia 8, verificou que estava tudo adequado.
“Antes de assinar analisou integralmente o protocolo de ações integradas e verificou que dentro das atribuições da SSP constavam todas as diretrizes necessárias para que os órgãos de segurança pública realizassem seus deveres, com as informações que estavam disponibilizadas até então”, prosseguiu o depoimento.
Diante disso, Torres informou que entendeu que poderia viajar para os Estados Unidos com a família. Ele não estava em Brasília no dia do ataques golpistas.
“Ao perceber que todo o protocolo estava adequado para a manifestação que poderia ocorrer, ao colocar o Governador em contato com o secretário executivo, entendeu que poderia prosseguir com sua viagem familiar anteriormente planejada”, disse.
Torres foi para a mesma cidade onde Bolsonaro estava. Ele informou à PF que não combinou o destino com o ex-presidente e que eles não se encontraram lá.
“Que a viagem não teve relação nenhuma com Bolsonaro. Que não combinou com ele e que quando da emissão das passagens sequer tinha conhecimento que o presidente Bolsonaro iria para os Estados Unidos. Que um não sabia da viagem do outro e não se encontraram.”
Celular desligado
Torres também falou que não sabe onde está seu celular. Ele disse que ,após a decretação de sua prisão, recebeu muitas ligações e desligou o aparelho. Agora, não sabe onde foi parar o telefone.
“Indagado a respeito da localização do seu aparelho celular informou que não o deixou nos Estados Unidos, mas o perdeu; que com a decretação de sua prisão no Brasil, passou a ser procurado por uma infinidade de pessoas, ocasião em que resolveu desligar o celular; que não sabe onde ele se encontra, mas pode fornecer a senha da nuvem; que apenas utiliza o telefone pessoal e todas as conversas estão nesse celular; que, se necessário for, se compromete voluntariamente a fornecer login e senha”, completou.