Em BH, Lula diz que governador é livre para apoiar quem quiser, mas não pode pensar que ‘povo é gado’ | Eleições 2022

Durante visita a Belo Horizonte, o candidato à presidência pelo PT e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem “liberdade de apoiar quem ele quiser”, mas que ele não pode pensar que o “povo é gado”.

“A única coisa que ele tem que levar em conta é não pensar que o povo é gado. É não pensar que o povo pode ser tangido para lá ou para cá, o povo tem consciência do que está acontecendo no país”, afirmou Lula neste domingo, durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Após o resultado do primeiro turno, Zema, reeleito com 56,18% dos votos, declarou apoio à reeleição do atual presidente Jair Bolsonaro, candidato pelo PL. Em Minas Gerais, Lula venceu no primeiro turno com 48,29% dos votos, ante 43,60% de Bolsonaro.

“O povo pode medir quaisquer quatro anos meus com quatro anos de Bolsonaro. Belo Horizonte pode medir quatro anos meus com quaisquer quatro anos de Bolsonaro, que se o governador souber 10% do que nós fizemos em Minas Gerais, ele terá um problema de remorso ao não me apoiar”, afirmou o ex-presidente. “Agora, ele é livre. Ele é livre e eu vim aqui tentar convencer o povo mineiro de que a gente pode fazer mais por Minas Gerais”.

Depois da coletiva, Lula saiu em caminhada da Praça da Liberdade até a Praça Tiradentes, na Região Centro-Sul da capital mineira.

Depois da coletiva, Lula saiu em caminhada da Praça da Liberdade até a Praça Tiradentes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. — Foto: Herbert Cabral/TV Globo

Durante a entrevista, Lula também afirmou que a militância não pode aceitar nenhuma provocação. e nem “entrar em encrenca”. “Vão ser dias tensos, seja o cidadão mais pacífico do planeta Terra”, disse ele, que afirmou ainda que acatará o resultado das urnas.

“Eu já perdi duas eleições para o Fernando Henrique Cardoso, perdi uma eleição para o [Fernando] Collor, e no dia seguinte voltei para casa sem reclamar da vida”.

Lula em cima de caminhão durante caminhada em Belo Horizonte, neste domingo (9). — Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-presidente disse que não venceu no primeiro turno, porque “uma parcela da sociedade” não quis que ele ganhasse e afirmou ser a eleição mais polarizada da histórica do país. “Os votos estão definidos. Ou seja, quem é cruzeirense não abre mão de ser cruzeirense e quem é atleticano não abre mão de ser atleticano, nós temos aí alguns torcedores do América, que nós vamos tentar ganhar, que é o pessoal da abstenção, que não votou no primeiro turno”, disse Lula em uma metáfora com os times de futebol mineiros.

“Eu tenho pedido para a militância do PT: não tem mais folga, agora é 24 horas por dia, todo santo dia. E ainda tem que enfrentar as fake news, desmontar as mentiras contadas”, afirmou Lula sobre o trabalho da campanha nestas semanas até o segundo turno, que será em 30 de outubro.

Lula também voltou a criticar a ausência de políticas públicas do atual presidente para os indígenas, a Amazônia e para a questão climática. “Como eu penso 100% diferente dele, eu quero dizer que vamos fazer a mais importante política de preservação ambiental que esse país já viu, já fizemos quando era governo”.

Entre 2004 e 2012, durantes os governos Lula e início do primeiro governo de Dilma Rousseff (PT), o desmatamento da floresta amazônica caiu 83%, após a implementação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Durante o governo Bolsonaro, a derrubada da floresta cresceu por três anos seguidos – o que não acontecia desde o início do milênio. Em 2021, o desmatamento atingiu a maior área em 15 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O candidato petista disse ainda que não se pode “confundir o agronegócio com o desmatador”. “O agronegócio tem muita gente produtiva, muita gente séria, muita gente preocupada. Aquele que não quer preservar não é agronegócio, é bandido mesmo”, afirmou Lula, num afago a um setor que apoia, majoritariamente, a reeleição do atual presidente.

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