O ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência nas eleições deste ano, pediu neste sábado (24) a seus apoiadores que compareçam às urnas no próximo dia 2 de outubro para poder cobrar os candidatos eleitos.
Lula participou no fim da manhã de um ato na Zona Sul de São Paulo (SP) e no fim da tarde, na Zona Leste. Ele não compareceu ao debate presidencial, o segundo realizado nestas eleições, promovido por um pool de veículos de imprensa formado por SBT, CNN, ‘Estadão’/Rádio Eldorado, Terra, Veja e Rádio Nova Brasil FM. Sua ausência foi criticada pelos demais candidatos.
“Qual o problema de a gente não votar? Se a gente não votar, perde autoridade moral de cobrar. Então, vejam, é importante comparecer. A gente não pode ter 20% de abstenção, 10% de voto nulo. É importante a gente convencer nesses próximos dias cada pessoa a ir votar. Compareçam e votem. Escolha sua deputada, seu deputado, seu governador, seu senador e seu presidente. Para, depois, você ter o direito de cobrar das pessoas”, declarou Lula no evento da manhã.
Também participaram do ato aliados do ex-presidente, entre os quais o ex-ministro Fernando Haddad (PT), candidato a governador do estado; o ex-governador Márcio França (PSB), candidato a senador; a ex-ministra Marina Silva; e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa de Lula.
Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta (22) mostrou que 4% dos eleitores avaliam votar nulo neste ano. O levantamento não apresentou projeções sobre eventual abstenção.
Ainda no discurso da manhã, Lula voltou a dizer que irá retomar o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, transformado em Casa Verde e Amarela no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
O candidato do PT também voltou a dizer que adotará medidas para gerar emprego. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nível de desemprego atingiu 9,3% da população (10,1 milhões de pessoas) em junho deste ano.
“A economia brasileira, já faz anos que não cresce. Se a economia não cresce, não gera emprego. Se não gera emprego, não gera salário. Se não gera salário, não gera consumo. Se não gera consumo, não movimenta o comércio. Se não movimenta o comércio, não gera emprego. Aí, a gente fica desempregado”, disse.
Violência nas periferias
Ainda no discurso deste sábado, Lula voltou a defender que os governantes precisa adotar medidas para garantir que os moradores das periferias tenham acesso a serviços públicos, diminuindo assim, segundo ele, os índices de violência.
Recentemente em uma agenda no Rio de Janeiro, Lula disse que a “guerra” nas favelas não se dá pela falta ou pelo excesso de polícia, mas, sim, pela ausência do poder público.
“Meninas e meninos com 18, 19 anos aqui na periferia saem para procurar emprego e não conseguem arrumar porque não têm experiência. Depois, muitas vezes, essas crianças ficam desanimadas, desesperadas porque querem trabalhar, comprar um tênis, comprar uma calça, comprar comida e não têm dinheiro. Aí, vem a polícia, e cada menino negro que ela encontra, vem atirando de forma desordenada sem que a pessoa desse nenhum motivo”, disse Lula neste sábado.
“Na verdade, a violência que existe na periferia não é do povo, é do Estado brasileiro, que não cuida do povo como ele merece. Cadê a saúde na periferia? Cadê a educação na periferia? Cadê o lazer na periferia? Cadê a cultura na periferia? Cadê água tratada, esgoto? Não, o povo pobre vai, cada vez mais, sendo tocado para longe do centro, cada vez mais vai sendo empurrado”, declarou.
Diante de uma plateia de apoiadores, Lula afirmou que, se eleito, não facilitará o acesso a armas.
Durante a campanha de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro (à época no PSL) disse que, se eleito, facilitaria o acesso a armas. Já eleito, Bolsonaro (PL) editou uma série de decretos facilitando o acesso da população a armas e a munições.
“A gente não vai facilitar a compra de armas. A compra de armas como o Bolsonaro está fazendo é para quem sabe dar facilidade ao narcotráfico ter acesso a arma. Veja, um homem sério, uma família séria, não precisa de armas dentro de casa”, afirmou Lula.
No discurso à tarde, Lula fez críticas ao comportamento de Bolsonaro durante a pandemia. “Se ele tivesse ouvido a ciência, se ele tivesse ouvido aqueles que entendem de saúde, se ele tivesse comprado a vacina no tempo certo, não teria morrido tanta gente”, afirmou.
“Ele ainda brincava com a morte, ele dizia que quem tomasse vacina ia virar jacaré”, completou.
Neste ano, já na campanha eleitoral, ao ser questionado sobre a falta de sensibilidade em declarações ao longo da pandemia, Bolsonaro disse que se arrepende da ocasião em que, perguntado sobre os mortos pela doença, respondeu não ser “coveiro”. Sobre a fala de ”virar jacaré”, disse que foi uma figura de linguagem.
Também à tarde, Lula repetiu a promessa de que vai tirar o sigilo de 100 anos que Bolsonaro impôs sobre o acesso dos filhos do presidente ao Planalto.