Eletricidade volta a Havana após duas noites de protestos sem internet | Mundo

Em meio a protestos pela falta de eletricidade devido ao apagão ocorrido na terça-feira após a violenta passagem do furacão Ian pelo oeste de Cuba, o serviço de internet foi cortado nesta sexta-feira (30) por volta das 20h locais (21h de Brasília) em toda a ilha, segundo o NetBlocks, site que monitora bloqueios de internet em todo o mundo.

A companhia elétrica da capital, subsidiária da estatal UNE, disse em sua conta no Facebook que em “Havana, com um total de 854.074 clientes, 46.719 são afetados [e] 807.360 têm serviço de eletricidade, 94,53% de recuperação”.

Enquanto isso, na província de Pinar del Río, a mais afetada pelo furacão, o restabelecimento da energia elétrica chegou a apenas 3,12% dos consumidores. Na vizinha Artemisa, 38,11% dos usuários foram afetados.

A UNE não forneceu a taxa de recuperação do serviço a nível nacional.

A NetBlocks tuitou, na noite de sexta-feira, que “dados de rede em tempo real mostram que a internet foi cortada em Cuba pela segunda noite consecutiva”.

Segundo o site, “as métricas mostram um colapso na conectividade após as 20h, horário local, em meio a protestos por más condições e quedas de energia agravadas pelo furacão Ian”.

O serviço de internet voltou lentamente no sábado. A empresa cubana de telecomunicações Etecsa não confirmou a queda total do serviço durante as duas noites.

Em sua passagem por Cuba, no início da semana, o furacão Ian devastou o extremo oeste da ilha com ventos e inundações. Depois, ele se dirigiu para a Flórida, nos Estados Unidos, onde deixou mais de 20 mortos e centenas de desaparecidos.

Veja, no vídeo abaixo, mais sobre a destruidora passagem do furacão Ian:

Furacão Ian passa por Cuba e pelo sul dos EUA

Furacão Ian passa por Cuba e pelo sul dos EUA

Manifestantes reclamam de apagão em Havana em 30 de setembro de 2022 — Foto: Alexandre Meneghini/Reuters

Neste sábado, as manifestações continuaram em pelo menos um bairro de Havana, com 2,1 milhões de habitantes, desencadeadas na quinta-feira em vários pontos da cidade para exigir que as autoridades recuperassem a eletricidade.

Em Vedado, um bairro populoso no centro de Havana, algumas dezenas de pessoas saíram esta manhã às ruas batendo panelas para exigir luz.

Em Guanabacoa, município a leste de Havana, outro grupo de pessoas saiu para bloquear as ruas com galhos, árvores derrubadas por Ian e contêineres de lixo, como vem acontecendo em outras partes da cidade, mostram imagens divulgadas na internet.

Na noite de sexta-feira, cerca de 100 pessoas se manifestaram no município de Cerro, numa zona central da capital. Às vezes, o clima esquentava devido à forte presença policial. “Queremos luz! Queremos luz!”, repetiam.

Muitos manifestantes estão desesperadas com os prolongados apagões que colocam em risco os poucos alimentos que armazenam em seus freezers e que também impedem o bombeamento de água das fontes que abastecem a capital.

Solicitação a Washington

As forças policiais foram mobilizadas por toda a cidade, embora geralmente permitissem que os protestos prosseguissem.

A mais alta autoridade de Havana, o primeiro secretário do Partido Comunista (PCC, único), no poder, Luis Antonio Torres, disse na sexta-feira que “protestar é um direito”, mas considerou que, em vez de ajudar, atrasa o trabalho de recuperação.

O governo dos Estados Unidos recebeu um pedido incomum do governo cubano para fornecer ajuda emergencial após o impacto devastador do furacão Ian, de acordo com The Wall Street Journal.

Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou à AFP que Washington segue se comunicando com o governo cubano sobre “as consequências humanitárias e ambientais do furacão Ian e do incêndio de 5 de agosto” em um importante centro de armazenamento de combustível em Matanzas, a 100 km de Havana.

“Estamos avaliando as maneiras pelas quais podemos continuar apoiando o povo cubano, em consonância com as leis e regulamentos dos Estados Unidos”, disse. Washington mantém um embargo contra Cuba há seis décadas, endurecido desde o governo de Donald Trump (2017-2021), o que dificulta esse fluxo.

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