Eleitores anteciparam voto do segundo turno, dizem especialistas sobre diferenças entre pesquisas e resultados das urnas | Eleições 2022

Apesar de confirmada a polarização e a falta de espaço para uma terceira via, Jair Bolsonaro foi para o segundo turno com 43% dos votos, número maior do que registrado nos levantamentos do Datafolha (36%) e Ipec (37%), às vésperas das eleições.

Para Luciana Chong, diretora do Datafolha, e Márcia Cavallari, do Ipec, em entrevista à Globonews, nesta segunda-feira (3), essa diferença se deu, no âmbito nacional, pela antecipação do comportamento que o eleitor teria em um segundo turno para evitar que a eleição terminasse no primeiro.

“Na véspera, mostramos que 13% dos eleitores no total da amostra declararam que ainda poderiam mudar de opinião até o dia da eleição”, diz Luciana.

“Esse índice era mais alto entre os eleitores de Ciro e de Tebet. Acreditamos que houve uma decisão de última hora, dos eleitores de Ciro e Tebet e daqueles que ainda estavam indecisos e poderiam votar em branco ou nulo. O movimento foi a favor de Bolsonaro.”

O cenário observado no Ipec foi parecido. “Tanto Ciro quanto Simone, na nossa pesquisa, apareciam com 5 pontos cada um. Eles terminaram com 3 e 4, então, temos uma perda de 3 pontos. Já os indecisos eram 3%”, diz Márcia. “Como estava muito no limite de terminar no primeiro turno ou ir par o segundo, essa movimentação de indecisos e dos eleitores de Ciro e Simone migraram para Jair Bolsonaro, que teve essa diferença de seis pontos.”

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As discrepâncias também apareceram nas disputas para o Senado e para os governos dos estados, como em São Paulo, onde Fernando Haddad liderava nas pesquisas e acabou ficando atrás de Tarcísio de Freitas. Os dois disputam o segundo turno.

“Em São Paulo, eu faço uma análise diferente”, diz Luciana. “A gente tinha Fernando Haddad à frente desde as primeiras pesquisas, mas ao longo do tempo, o índice foi diminuindo”, diz. Por outro lado, ela explica, o estado tinha outros dois candidatos, Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia, declaradamente antipestistas, que chegaram a ficar empatados.

“Na véspera, na pesquisa espontânea (quando não é apresentado os nomes dos candidatos), cerca de 38% dos eleitores não sabiam responder e 27% falavam que ainda poderiam mudar o voto”, diz. “Com a possibilidade de Lula vencer no primeiro turno, o que nós vimos foi a migração dos votos de Garcia, que não estavam consolidados, para Tarcísio, justamente para evitar que Haddad avançasse.”

As especialistas reforçam que as pesquisas, que são importantes fontes de informação para os eleitores, fazem um retrato de um momento específico. “Pesquisa não é um prognóstico do resultado das urnas, a gente mede a intenção de voto de um eleitor que pode consolidar ou não na urna”, diz Márcia.

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