Os austríacos votam neste domingo (9) em uma eleição presidencial que deve manter o ambientalista Alexander Van der Bellen no cargo, considerado um elemento de estabilidade no país, que enfrenta uma crise energética e inflação alta.
Van der Bellen é o favorito para vencer e garantir um segundo mandato. Seus seis adversários parecem ter ficado para trás, segundo as pesquisas.
O professor de economia pró-europeu de 78 anos alcançaria mais de 50% dos votos, o que lhe permitiria evitar um segundo turno.
“Seria bom para a Áustria. Isso nos ajudaria a nos concentrar totalmente (…) nas muitas crises que estamos enfrentando na Europa”, disse Van der Bellen após votar em Viena pela manhã.
Cerca de 6,4 milhões de pessoas são chamadas às urnas, de uma população total de 9 milhões. A votação termina às 17h (12h de Brasília) e as primeiras projeções serão conhecidas logo em seguida.
Em sua campanha, o presidente se apresentou como “a opção segura em tempos de tempestade”, diante dos efeitos da invasão russa da Ucrânia, que alimentou a inflação em toda a Europa.
Entre seus rivais há Walter Rosenkranz, do Partido da Liberdade (FPÖ) de extrema-direta, e o roqueiro Dominik Wlazny, fundador do Partido da Cerveja.
Presidente austríaco Van der Bellen neste domingo (09) — Foto: Markus Schreiber / AP
“Van der Bellen representa a integridade e a estabilidade, o que é muito apreciado pelos eleitores, dada a multiplicidade de crises que muitos países europeus estão enfrentando”, comentou à AFP Julia Partheymüller, analista da Universidade de Viena.
“Sou a favor da estabilidade”, disse Monika Gregor, aposentada de 73 anos, à AFP.
Outros preferiram, porém, dar seu voto a candidatos da sociedade civil. Alexander Nittmann, de 35 anos, escolheu o cantor punk Dominik Wlazny, que tem a mesma idade que ele.
“Acho que um pouco de ar fresco na política não faz mal”, explicou.
O partido de extrema-direita FPÖ, que quase venceu Alexander Van der Bellen em 2016, gostaria de repetir o mesmo cenário. Mas seu candidato é pouco conhecido: Walter Rosenkranz teria apenas 15% dos votos.
Os casos de corrupção fizeram com que a extrema-direita austríaca perdesse terreno. Fundado por ex-nazistas, há seis anos o FPÖ venceu com mais de 46% dos votos as legislativas.
O partido entrou no governo numa coalizão com os conservadores do jovem Sebastian Kurz, mas teve de deixar o poder em 2019 após um escândalo e não se recuperou.
Alexander Van der Bellen, por sua vez, foi capaz de garantir a continuidade, após a turbulência e as sucessivas mudanças de chanceleres. Seu perfil atípico não augurava um destino político.
Austero, agnóstico e casado duas vezes, o ex-chefe dos Verdes e decano da Faculdade de Economia de Viena soube apagar seu forte espírito esquerdista para congregar e unir.
O ambientalista também é filho de refugiados. Seu pai, um aristocrata, e sua mãe estoniana chegaram em Viena durante a Segunda Guerra Mundial antes de se mudarem para o Tirol, fugindo da chegada do Exército Vermelho.
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