O calor do sol rebatia no concreto das calçadas, dos prédios e no asfalto. A temperatura máxima, em Belo Horizonte, foi de 32º C. Mesmo assim, ele estava na Praça Sete, no Centro da capital. O tempo todo em contato com o público, disponível para uma rápida troca de ideias e para fotografias. Djonga é o nome dele.
O rapper visitou o “moinho de vento”, instalado para celebrar o lançamento do álbum “O dono do lugar”, seu novo trabalho. Marca uma ruptura em um calendário tradicional, no qual o cantor sempre escolheu o dia 13 de março para trazer novidades. Desta vez, foi em 13 de outubro.
Com a mesma receptividade que tratou seu público, Djonga recebeu a reportagem do g1 (veja vídeo acima) e conversou sobre o novo disco, com músicas já disponíveis nas plataformas digitais. Um protesto contra o mercado musical brasileiro e a imposição de padrões que determinam o que, quando e de que forma o artista deve se apresentar.
Outro aspecto presente no álbum é a reflexão sobre a masculinidade do homem negro e como ela é construída na sociedade. As letras autorais trazem muito dos aprendizados que o próprio rapper desenvolveu, reproduzidas por meio das experiências de vida que Djonga acumulou até aqui.
Moinho de vento está em capa do disco “O dono do lugar”, do rapper Djonga — Foto: Divulgação
A sensação de pertencimento é compartilhada por boa parte do público que dedicou alguns minutos para bater um papo com Djonga. Dezenas de pessoas (veja vídeo acima) observaram o moinho que ele montou no quarteirão fechado da rua Rio de Janeiro, na Praça Sete.
“É muito ‘massa’ quando a gente [pessoas pretas] tem esse tipo de referência em lugares que, para a gente, parece impossível de chegar. Ele vai e chega. É uma pessoa que fala por nós, de certa forma”, disse a atriz Flávia Conandes.
Estudante de publicidade e admiradora do rapper, Mariana Boniolo percebeu que a obra é uma maneira que Djonga encontrou para extravasar as experiências dele.
“O moinho ele pode espalhar e também pode cortar, ne? Então, para mim, é um processo disso se expelir por diversos lugares, mas também um processo de cortar padrões que já vieram dos processos dele, talvez, e do quanto isso vai atingir a gente como ser, do tipo tudo o que a gente pode ter imaginado sobre nós e sobre ele também”, contou.
Segundo o artista, o moinho é uma releitura da foto de capa do álbum, inspirada em “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes.
“É uma grande alegoria sobre essa loucura, idealismo, confusão. Acredito que isso diga muito sobre as letras do disco e sobre meu momento atual”, afirmou. “O moinho é a analogia da capa ali, do ‘Dom Quixote’, que luta contra esse inimigo gigante, contra esse inimigo que, às vezes, você nem sabe quem ele é, você nem sabe se você pode deter e, às vezes, você nem sabe se ele existe. Talvez seja coisa da nossa cabeça, tá ligado? E a mãe preta segurando, fala: ‘calma, vamos lutar’, mas vamos lutar de outras formas também para você não se prejudicar também. Mas é uma analogia da loucura, da loucura que é desafiar o que está estabelecido”, completou.
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