Documentário 'Sons de SP', da TV Globo, mergulha na trajetória da música negra na capital paulista


O programa passeia por endereços que marcaram o movimento na cidade, como a Galeria do Rock, a Estação São Bento do Metrô, e ouve artistas como Liniker, Paula Lima, Péricles, Thaíde e Nereu Gargalo. A cantora Liniker em entrevista ao documentários ‘Sons de São Paulo’.
Reprodução/ Tv Globo
Neste domingo (20), Dia da Consciência Negra, o especial “Sons de São Paulo – Música Negra”, da TV Globo, vai contar a trajetória da black music na capital paulista. O programa será exibido em todo o estado de São Paulo, após o Fantástico.
Do soul ao rap, do funk ao samba, o programa mostra a origem e a trajetória da música negra contada por quem fez parte do movimento musical de raiz africana que estourou nos Estados Unidos, nas vozes de artistas como Ray Charles e James Brown; e que se desenvolveu no Brasil por meio das músicas de Wilson Simonal, Tim Maia, Sandra de Sá, Jorge Ben Jor, entre outros.
O documentário ouve artistas como Liniker, Paula Lima, Péricles, Thaíde, Nereu Gargalo entre outros nomes.
“Quando eu comecei a fazer as minhas primeiras letras, fui para os bailes black para me apresentar. E a primeira vez que eu fui, fiquei bobo: ‘Mano, isso aqui é o paraíso, é aqui que eu quero ficar. Mas a gente não faz só música. Tudo o que a gente faz é um ato de resistência. A nossa existência é um ato de resistência”, conta Thaíde, em entrevista ao documentário.
“Sons de SP” passeia por endereços que marcaram o movimento na cidade, como a Galeria do Rock, a Estação São Bento do Metrô e os clubes que abrigaram os bailes da Chic Show.
O programa também resgata as rodas de dança break, relembra os sapatos bicolores e os cabelos “black power”, mas principalmente fala de pontos importantes como a inserção dos negros no mercado da música, da autoestima dos jovens das periferias e das transformações que o movimento black trouxe para diferentes gerações.
Paula Lima para o documentário ‘Sons de São Paulo’.
Reprodução/ Tv Globo
Apresentado pelas repórteres Mariana Aldano, Gabriela Dias e Denise Thomaz Bastos, o documentário tem coordenação e reportagem do jornalista Fernando Lupo, e roteiro de Felippe Caetano.
“ ‘Sons de SP’ surgiu com a vontade que a gente tinha de fazer um programa especial para a semana da Consciência Negra que falasse de luta e resistência, mas que também fosse um programa festivo que celebrasse o orgulho de ser negro. E aí, pensamos na música”, explica Fernando Lupo.
O samba, que também é um gênero de raízes negras, está no documentário. “Dos anos 80 para cá, as pessoas se reuniam para cantar samba e as comunidades que surgem em São Paulo, surgem com o intuito de cantar suas letras, suas músicas. Eu já cantei com um bocado de gente e, assim, você não vê ninguém triste numa roda de samba”, observa Péricles.
Liniker, que recentemente fez um dueto com o artista na canção ‘O melhor do mundo’, comenta a função de elo e mola propulsora que esse tipo de música tem entre os artistas negros: “É muito legal de sentir o ciclo se movimentando. Péricles é quem eu ouvia criança, e hoje, a gente está jogando essa energia juntos para o mundo”.
“Sons de São Paulo” também fala da invenção do samba rock em São Paulo até a chegada do funk atual. “A música negra é luta, é diversidade. Esse é um programa que conversa com muitas gerações, então, assistindo a trechos do programa, consegui enxergar coisas que meus pais falavam desde que eu era pequenininha”, aponta a jornalista Mariana Aldano.
Para a jornalista Denise Thomaz Bastos, “Sons de São Paulo” acerta numa memória afetiva semelhante. “A música negra é união, é história. As festas na minha casa eram regadas a samba-rock, passinho. Minha mãe brincava, e, enquanto arrumava a casa, a gente ia dançando. Então, a música está muito enraizada dentro de mim”, diz.
Já Gabriela Dias vê no documentário a oportunidade de transmissão de saberes e de exaltação do orgulho negro. “A música negra é força, é alegria. A música negra feita por pessoas negras representa potência, criatividade, muito conteúdo, que além de trazer essa representatividade e importância para o povo preto, ele também serve de ensinamento para músicas pessoas”, define ela.

Fonte

Compartilhe:

inscreva-se

Junte-se a 2 outros assinantes