Diretor de ‘Priscilla, a Rainha do Deserto’, diz que fará novo filme no Brasil: ‘Será algo grande’ | Cinema

O diretor australiano o diretor australiano Stephan Elliott, de “Priscilla, a Rainha do Deserto” (1994), trabalha em um novo filme que será ambientado no Brasil.

“Estou escrevendo algo, que será algo grande. Estou pensando em fazer esse projeto no Rio, especificamente, por 28 anos e chegou a hora de fazê-lo”, afirmou o cineasta em entrevista ao g1, durante passagem pelo país para a exibição de versão remasterizada de seu clássico no Festival do Rio.

O cineasta e roteirista revelou que fez uma promessa há quase 30 anos quando esteve na cidade e que, agora, ele está prestes a torná-la realidade, por mais que não tenha dado maiores detalhes sobre não ter fechado contrato para realizar o projeto. Mas ele garante que todos saberão quando acertar os detalhes da produção.

Stephan Elliott fala de seu curta para “Rio, eu te amo”

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Elliott tem uma longa relação com a cidade e já participou de algumas edições anteriores do Festival do Rio. Em uma de suas vindas para a capital fluminense, acabou conhecendo um brasileiro, com quem se casou (e se separou anos depois). O encontro virou tema de um dos episódios do filme “Rio, eu te amo” (2014).

O diretor se impressiona com o fato de que a cidade “não perdeu o tom”, mesmo depois das Olimpíadas. “O que eu absolutamente amo é que, no final das contas, a cidade está evoluindo rápido, mas esse espírito carioca ainda está vivo e bem. Sinto que tem alguma coisa no ar e acho que a cidade deve ter uma época muito interessante pela frente”, declara Elliott.

Cena do filme “Priscilla, a Rainha do Deserto”, de Stephan Elliott — Foto: Divulgação

Stephan Elliott confessa não ter assistido a “Priscilla, a Rainha do Deserto” desde que fez a restauração do filme, mas que iria assisti-lo novamente durante a sessão especial no Festival do Rio.

“Tem muita gente que ainda não viu o filme por ser de uma ‘época antiga’. E nada é mais divertido do que assistir com uma plateia que nunca o viu antes. Será a primeira vez que assistirei ao filme após um longo tempo”, revela o diretor.

“Foi ótimo converter o som do filme de duas faixas estéreo para 5.1. Ficou realmente bem legal. Mas a pior coisa de deixar as imagens em alta definição foi notar coisas que eu nunca tinha visto antes. A pior delas foi notar que eu aparecia em cena 17 vezes fazendo a direção. Foi um prazer, mas ao mesmo tempo, me assustou bastante”, lamenta o cineasta.

Hugo Weaving, Terence Stamp e Guy Pearce estrelam “Priscilla, a Rainha do Deserto”, de Stephan Elliott — Foto: Divulgação

Quando estreou nos cinemas, “Priscilla” não chegou a ser um grande sucesso em alguns países, como na Inglaterra, mas quando foi lançado em DVD se tornou um arrasa-quarteirão.

“O filme vendeu centenas de milhões de cópias. Os ingleses ainda gostam de se manter dentro do armário. Eles não iriam ao cinema para ver ‘Priscilla’. Eles só iriam assistir ao filme em casa, o que fez com que o filme ganhasse vida e continuou a crescer”, observou o cineasta.

Além dos prêmios que ganhou, como o Oscar de Melhor Figurino de 1995, Elliott ressalta a importância e a influência que o filme teve no mundo. Ele dá como exemplo o programa “RuPaul’s Drag Race”, que teria muito de “Priscilla” nele. “A frase que RuPaul usa antes de começar os desafios para as concorrentes ‘Damas, liguem seus motores!’ vem de “Priscilla”, lembra ele.

Terence Stamp (ao centro) vive a transgênero Bernadette em “Priscilla, a Rainha do Deserto” — Foto: Divulgação

Para Elliott, em seu filme é o fato uma drag queen pode ser qualquer coisa que quiser. “Você não precisa se vestir como Barbra Streisand. Foi a grande mudança que fizemos, que foi dizer às pessoas que não precisa ser um homem vestido como uma mulher. Poderiam ser garotas vestidas como criaturas do espaço. É esse tipo de envolvimento e influência que me deixa orgulhoso”, afirma o diretor.

Ele também ficar feliz por ter escrito o primeiro personagem transgênero a protagonizar um filme (Bernadette, interpretado por Terence Stamp). Ele não tinha se dado conta na época. “De repente estou percebendo o quão importante isso era e quão grande é. E aí, Terence Stamp me diz: ‘Oh meu Deus, meu telefone está tocando sem parar de novo por causa desse personagem que interpretamos anos atrás. Então é fenomenal ver isso voltando”, diz Elliott.

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