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Desnutrição infantil registra aumento de 150% no nordeste da Síria em menos de um ano


Entre 2019 e 2021, preço dos alimentos aumentou quase 800%. Crianças sírias brincam em buraco que resultou de um ataque com mísseis no bairro rebelde de Sheikh Saeed, na província de Aleppo, na Síria
AP
O número de crianças desnutridas no nordeste da Síria, devastada por um sangrento conflito desde 2011, aumentou 150%. O alerta foi feito nesta quinta-feira (10) pela ONG Save the Children, que lançou um apelo urgente por doações.
“Todos os dias estamos lidando com mais crianças desnutridas do que no dia anterior”, disse a ONG em um comunicado. A Save The Children diz ter registrado mais de 10.000 crianças desnutridas a mais em menos de um ano, elevando o total de menores que sofrem de desnutrição para 16.895.
A guerra civil, que já dura 11 anos, fragmentou a Síria e causou o colapso de sua economia, levando 90% da população para abaixo da linha da pobreza. Segundo a ONU, cerca de 9,3 milhões de crianças sírias precisam de assistência humanitária — um recorde no país. 
A situação parece ser ainda mais precária em áreas fora do controle de Damasco, como é o caso das zonas controladas pela administração curda semi-autônoma no nordeste da Síria. O ponto de acesso Al-Yarubiyah, na fronteira com o Iraque, por onde passava a ajuda da ONU nesta região, foi fechado em 2020, sob pressão da Rússia, aliada ao regime de Bashar al-Assad. 
Isso limitou ainda mais o acesso da população à ajuda humanitária. Desde então, a entrega dessa ajuda nessas áreas requer a aprovação do regime sírio. 
Valor dos alimentos subiu 800%
“Enquanto o salário médio por família não aumentou, os preços dos alimentos subiram 800% entre 2019 e 2021 e continuam a aumentar em 2022”, explica a Save The Children. A ONG divulga o depoimento de Maha, 30 anos, mãe de cinco filhos. “Às vezes, pulamos refeições para comer algo no dia seguinte”, disse ela.
Por isso, a organização faz um apelo aos doadores, pedindo-lhes que “redobrem seus esforços para enfrentar a crise alimentar e mitigar seus efeitos devastadores sobre as crianças”. Também pede que os líderes reunidos no Egito para a COP27 reconheçam que as mudanças climáticas, “como a seca no norte da Síria”, afetam “crianças em todo o mundo”.
De acordo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais 5,5 milhões de pessoas precisarão de assistência alimentar direta entre 2022 e 2023, metade delas no nordeste da Síria. “Pelo menos 60% da população sofre de insegurança alimentar, e a situação está piorando a cada dia”, ressalta o diretor interino da Save the Children na Síria, Beat Rohr.

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