Desmantelada rede de prostituição que explorava cerca de 50 latino-americanas na França


Doze pessoas foram presas esta semana na França, Espanha e Colômbia. Vítimas eram principalmente colombianas e venezuelanas, mas também peruanas e paraguaias. Imagem de ilustração. Uma operação policial desbaratou uma rede que explorava pelo menos 50 latino-americanas na França.
REUTERS
Doze pessoas foram presas esta semana na França, Espanha e Colômbia em uma operação para desmantelar uma rede de prostituição que explorava pelo menos 50 mulheres latino-americanas em cidades francesas, informou uma fonte policial à AFP, nesta sexta-feira (2).
As vítimas, com idades entre 20 e 40 anos, eram “principalmente colombianas e venezuelanas, mas também peruanas e paraguaias”, disse a policial Elvire Arrighi, diretora do Escritório Central de Repressão ao Tráfico de Pessoas (Ocrteh).
“Elas eram exploradas de forma absolutamente industrial na França”, com até dez clientes por dia, o que permitiu à rede faturar até €30 milhões por ano, destacou Arrighi.
A rede, cuja organização era piramidal, era comandada da Colômbia por um casal formado por um colombiano e uma venezuelana, que recrutavam as vítimas com falsas promessas de um futuro melhor na Europa e cobravam pelos benefícios.
A operação resultou na prisão do casal na Colômbia; de mais seis pessoas – quatro homens e duas mulheres — na Espanha; e dois homens e duas mulheres na França, segundo a fonte policial, que confirmou informações da rádio France Inter e do jornal Le Parisien.
Os detidos na cidade de Saint-Louis (nordeste da França), são de nacionalidade espanhola e colombiana, indicou o jornal, especificando que a operação ocorreu na terça-feira (29), simultaneamente às seis da manhã na França e na Espanha, e à meia-noite na Colômbia.  
Completamente isoladas
As investigações começaram há dois anos, após uma denúncia apresentada por duas mulheres em Bordeaux (sudoeste), segundo a France Inter. Em setembro de 2021, a Justiça francesa abriu uma investigação por proxenitismo, tráfico de pessoas com agravante, lavagem de dinheiro, formação de gangue organizada e associação de criminosos, disse uma fonte judicial à AFP.
A rede forçou mulheres à prostituição em toda a França: do oeste da costa atlântica (Roche-sur-Yon, La Rochelle, Mérignac), indo para o leste (Saint-Louis ou Annemasse), passando por Roubaix, no norte, até Plaisir e Bussy-Saint-Georges, na região de Paris, segundo Le Parisien.
As mulheres estavam “completamente isoladas porque não falavam francês” e eram constantemente deslocadas, razão pela qual “não ficavam mais de uma semana na mesma cidade”, segundo Arrighi, especificando que elas “não tinham nenhum controle sobre seus horários”.
“A rede tinha um ‘call center’ na Espanha, que funcionava como intermediário entre clientes que ligavam da França” para números exibidos em anúncios online, informou a Polícia Nacional espanhola em nota.
Esses call centers estavam localizados em Madri e na região de Málaga, acrescentou a polícia, especificando que foram realizadas 25 buscas domiciliares no total. Nas três realizadas na Espanha, foram apreendidos €17 mil e 33 celulares.
Segundo o jornal Le Parisien, a rede instalou detectores de presença e câmeras para gravar os clientes quando pagavam pelo serviço. Além disso, a policial francesa explicou que as mulheres “tinham que prestar contas por mensagem após cada serviço”.
Para que as vítimas se dedicassem “totalmente” aos clientes, outros integrantes da rede cuidavam de sua alimentação, transporte e segurança, explicou Elvire Arrighi.
Os investigadores estimam que a rede arrecadou pelo menos €5 milhões por ano com a exploração sexual das vítimas, embora as estimativas possam subir até €20 milhões a €30 milhões.
Caso histórico
Os integrantes da rede e as mulheres dividiam igualmente o dinheiro dos serviços, que estas últimas usavam principalmente para reembolsar as despesas da viagem à Europa e depois enviavam remessas para suas famílias.
Para Elvire Arrighi, que coordenou a operação, as mulheres estavam “sob domínio” da rede, “porque nunca conseguiriam aquele dinheiro, até €250 euros por dia”, permanecendo em seus países de origem.
Os representantes da rede na França se encarregavam de enviar os lucros em dinheiro vivo para a Espanha, onde as quantias eram lavadas, antes de serem transferidas para a Colômbia.
“Este caso é histórico, um caso de manual, tanto pelo funcionamento e dimensão da rede como pela qualidade da cooperação internacional”, disse a comandante do Ocrteh.

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