Nesse caso, a cirurgia se chama blefaroplastia superior e é considerada reparadora, com direito a cobertura dos planos de saúde depois da confirmação de comprometimento do campo visual. Apesar de rápida – dura cerca de uma hora – é feita em centro cirúrgico e o pós-operatório inclui diversos cuidados: aplicação de colírio de hora em hora, gel ocular antes de dormir, não usar celular e computador nos primeiros dias e fugir do sol durante algumas semanas. “É indispensável garantir a lubrificação do olho, por isso tantas precauções”, detalha. Durante a cirurgia é possível retirar as bolsas que se formam embaixo dos olhos, estendendo o procedimento para duas horas. A intervenção sempre é bastante delicada, enfatiza a médica: “não se trata de apenas tirar uma pelezinha. É fundamental deixar uma margem de segurança tanto na parte superior quanto na inferior da pálpebra. Nessa região, um milímetro faz muita diferença”. Há ainda a ptose, ou “olho caído”, que pode ser congênita ou senil e também atrapalha o campo visual. Acontece quando o músculo levantador da pálpebra superior apresenta frouxidão, que vai de discreta a severa.
Outros distúrbios da área orbital entrelaçam a abordagem estética à funcional. O ectrópio senil (causado pelo envelhecimento) ou cicatricial (resultado de trauma, tumor ou até da retirada excessiva de pele) é um quadro de frouxidão da pálpebra que leva ao lacrimejamento constante, ressecamento ocular e à exposição da conjuntiva. Não é difícil de identificar: a parte inferior se apresenta meio caída e se distancia da posição anatômica normal, deixando a superfície interna exposta. No entrópio, as margens palpebrais e os cílios se projetam para dentro, provocando muita dor. “A córnea é a superfície mais inervada do corpo, mas o paciente já sai do centro cirúrgico com o olho claro, o que é extremamente gratificante”, avalia a doutora Francalacci. A médica diz que, depois da pandemia, notou um aumento na procura para a realização de blefaroplastias, e que, durante o exame clínico, com frequência são mapeadas alterações periorbitais: “o que, inicialmente, tinha como objetivo uma intervenção estética, acaba levando ao diagnóstico de questões funcionais”.