Deputados da base do governo protocolam na Câmara pedido de CPI sobre institutos de pesquisa | Política

Deputados da base do governo protocolaram nesta sexta-feira (21) um pedido para abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara sobre os institutos de pesquisa.

Os deputados reuniram 179 assinaturas. O mínimo requerido pelo regimento da Câmara é 171.

Após o primeiro turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados passaram a atacar os institutos, em razão da diferença entre alguns resultados das urnas e as previsões das pesquisas divulgadas às vésperas das eleições (veja mais abaixo a explicação dos institutos).

Após o pedido de criação de CPI ser protocolado, o presidente da Câmara precisa determinar a instalação da comissão para os trabalhos de fato começarem. Se a autorização do presidente da Casa, a CPI não é instalada.

O regimento da Câmara que o presidente analise se o pedido para abrir a CPI atende requisitos como investigar fato relevante com interesse para a vida social ou econômica do país e para a ordem constitucional.

Na última pesquisa Datafolha antes do primeiro turno, divulgada no sábado (1º), Jair Bolsonaro (PL) aparecia com 36% dos votos válidos. Pela margem de erro, poderia ter de 34% a 38%.

Já a pesquisa Ipec mostrava Bolsonaro com 37%. Pela margem de erro, ele teria de 35% a 39%.

Nas urnas, Bolsonaro teve 43,2% dos votos válidos, diferença de quatro a cinco pontos acima da margem de erro máxima nas duas pesquisas.

Já Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecia com 50% dos votos válidos no Datafolha divulgado na véspera da eleição. Pela margem de erro, tinha de 48% a 52%

A pesquisa Ipec indicava Lula com 51% dos votos.

Na margem de erro, teria entre 49% e 53%. Nas urnas, Lula conquistou 48,43% dos votos, dentro da margem do Datafolha, e um pouco fora da margem do Ipec.

Justificativa dos institutos

Institutos explicam como são feitas as pesquisas eleitorais e o que é levado em conta ao entrevistar o eleitor

Após o primeiro turno, os dois principais institutos de pesquisa do país deram uma explicação parecida para o que aconteceu.

Segundo eles, a própria divulgação das pesquisas indicando a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno pode ter feito que os eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) que votariam em Jair Bolsonaro no segundo turno antecipassem suas escolhas para o primeiro. Ou seja, a informação fornecida pelas pesquisas ajudou os eleitores a fazerem suas escolhas na última hora.

Márcia Cavallari, diretora do ipec, explicou como isso teria acontecido.

“A última pesquisa divulgada na véspera da eleição mostrava que o presidente Lula poderia ganhar a eleição no primeiro turno, e de fato ele ficou a 1,6% dos votos de ganhar no primeiro turno. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, teve seis pontos a mais do que a pesquisa apontava, e analisando os resultados nós vemos que houve uma migração dos 3% de indecisos que ainda tínhamos na pesquisa na véspera da eleição e o índice do Ciro e da Simone que ficaram menores. Então, talvez com essa informação os eleitores tomaram uma ação estratégica de antecipar um possível voto no segundo turno neste primeiro para impedir que a eleição acabasse no primeiro turno”, disse.

A diretora do Datafolha, Luciana Chong, fez uma avaliação parecida.

“O que a gente viu na pesquisa de véspera foi um índice ainda de 13% de eleitores que declaravam que ainda poderia mudar o seu voto. E entre os eleitores de Ciro esse índice era de 41%, e entre os de Simone Tebet chegava a 37%. Então a pesquisa de véspera foi finalizada no sábado, por volta da hora do almoço, e dali até o domingo, o dia da eleição, a gente viu um movimento de eleitores que votavam no Ciro, Tebet, branco e nulo indo para o presidente Jair Bolsonaro. Então o voto útil que não aconteceu a favor de Lula, aconteceu a favor de Bolsonaro nessa reta final”, afirmou.

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