Debate para governador em SP tem ‘dobradinhas’ para ataques, polarização Lula x Bolsonaro e embate PT x PSDB no estado | Eleições 2022 em São Paulo

O debate dos candidatos ao governo de São Paulo na TV Globo começou nesta terça-feira (27) com uma dobradinha entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que lideram as pesquisas de intenção de voto. Depois, ambos passaram a ser alvo, sendo Tarcísio associado a Bolsonaro, e Haddad a Lula. No último bloco, Rodrigo Garcia (PSDB), terceiro colocado, subiu o tom contra Haddad e afirmou que o petista teme ser derrotado pelo PSDB no segundo turno.

No início, o petista e o candidato do Republicanos fizeram perguntas entre si e isolaram Rodrigo, com o apoio de Vinicius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT).

Pesquisa do Ipec (ex-Ibope) divulgada na tarde desta terça aponta que Haddad lidera a disputa com 34% das intenções de voto, seguido por Tarcísio, que tem 24% e assumiu isoladamente a segunda posição, e Rodrigo (PSDB), com 19%.

Seguindo a Lei Eleitoral, foram convidados os candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares, e sem impedimento na Justiça, seja eleitoral ou comum.

  • Fernando Haddad (PT)
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos)
  • Rodrigo Garcia (PSDB)
  • Elvis Cezar (PDT)
  • Vinicius Poit (Novo).

Candidatos ao governo de SP antes do início do debate na TV Globo em São Paulo — Foto: Fábio Tito/g1

O debate foi dividido em quatro blocos:

  • Primeiro e terceiro blocos: temas livres;
  • Segundo e quarto blocos: temas determinados;
  • No quarto bloco, os candidatos fizeram as considerações finais.

Logo no início do debate, no bloco em que candidatos selecionavam para quem fariam uma pergunta, Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu Fernando Haddad (PT), que foi questionado sobre as propostas do petista para geração “imediata” de emprego.

Haddad respondeu citando a gestão do ex-presidente Lula (PT), e aproveitou para criticar o governo federal. Ele também defendeu a redução do ICMS da carne e do leite, além da elevação do salário mínimo.

“No tempo em que eu fui do governo federal, por nove anos, no governo Lula, nós crescíamos mais de 4% ao ano. Hoje nós crescemos, nos últimos 4 anos, pouco mais de 1%. A economia é movida por dois fatores: consumo das famílias e investimento privado e público. As famílias tiveram seu rendimento achatado nos últimos anos, particularmente aqui no estado de SP. Pra que se tenha uma ideia, o salário mínimo paulista ficou congelado durante todo o período da pandemia, se aproximando do salário mínimo nacional, sendo que ele sempre foi 20% superior.”

Na sequência, em pergunta para Tarcísio, Haddad afirmou que o candidato era o único dos cinco presentes que defendia “obstinadamente o governo Bolsonaro”.

No questionamento, o petista cita o negacionismo com a ciência, a demora na vacinação contra Covid, os cortes em programas sociais, na merenda escolar e o tratamento que o atual presidente destina às mulheres e pergunta se é esse modelo de gestão que deseja replicar no estado de SP.

Tarcísio usa a resposta para defender a gestão de Bolsonaro e atacar o governo do ex-governador João Doria (PSDB) e de Rodrigo Garcia (PSDB).

“Isso é gestão, é compromisso, nós tivemos compromisso com a população. Compromisso que faltou na gestão do estado de SP de Rodrigo e do Doria, que aumentaram impostos, fecharam empresas, nós vamos fazer tudo diferente.”

Abrindo o segundo bloco, Elvis Cezar poupou Haddad e voltou a criticar a política do governo de São Paulo, desta vez, sob o tema do meio ambiente, focando na poluição dos rios Pinheiros e Tietê.

Rodrigo perguntou para Tarcísio sobre obras inacabadas para atacar o candidato do Republicanos em sua área, ele foi ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Segundo Rodrigo, Tarcísio só entregou 18 obras.

Na sequência, Haddad perguntou ao pedetista Elvis, marcando uma dobradinha do segundo bloco entre os partidos mais à esquerda presentes no debate.

Tarcísio aproveitou que tinha que direcionar a pergunta para o liberal Poit e questionou sobre inovação e startups.

O bloco foi encerrado com o tema sobre o crescimento da fome no país. Rodrigo foi novamente o último a ser escolhido. Ele foi questionado sobre fome por Poit, e afirmou que que irá ampliar o número de restaurantes Bom Prato.

Elvis Cezar abriu o terceiro bloco citando o esquecimento de Tarcísio que marcou a semana: ele não soube responder onde era seu colégio eleitoral. O candidato do Republicanos respondeu o mesmo que escreveu no Twitter, o que importa é não esquecer do povo.

Na sequência, Poit perguntou para Haddad se ele concorda com comentário feito por Lula em uma entrevista, quando disse que o caipira do interior de SP é ignorante.

Haddad relata os preconceitos já sofridos por Lula e afirma que Poit descontextualizou a frase “Pra criar uma cenoura que não existe”.

“Na verdade eu não conheço ninguém no Brasil que tenha sofrido mais preconceito do que o presidente Lula. Até hoje depois de passar oito anos na presidência ser reconhecido num mundo. Um dos maiores líderes políticos da história contemporânea ele sofre o preconceito da elite, da elite econômica desse país. É uma pessoa que dá a mão e abre, abriu o palácio do catador de material reciclável até o banqueiro. Sem fazer nenhuma distinção. Se tem uma coisa que não dá pra acusar o presidente Lula é de preconceito. Foi vítima de preconceito e nunca foi preconceituoso com ninguém. Você está descontextualizando uma frase pra tentar pinçar aí uma expressão. Pra criar uma cenoura que não existe.”

No quarto bloco, Poit falou a Tarcísio sobre corrupção no governo Bolsonaro e disse temer o ingresso do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso na Operação Lava Jato, em um eventual governo do Republicano.

Ao ser questionado sobre Tarcísio, Haddad atacou Bolsonaro e lembrou seus “deboches” contra a população indígena, as mulheres, e outras minorias.

O quarto bloco também foi marcado pelo ataque de Rodrigo Garcia a Fernando Haddad. Garcia usou a resposta a uma pergunta sobre segurança pública para se dirigir ao petista.

Ele afirmou que Haddad não tinha “coragem” de fazer perguntas a ele por temer que o PSDB chegue ao segundo turno.

“Você tem medo de disputar a eleição no segundo turno? Porque você sabe que mais uma vez eu vou derrotar o PT. Quem assiste as tuas propagandas aqui até parece que você ajudou a gente a construir o estado que esse que a gente tem. São Paulo é o melhor estado do Brasil porque o PT nunca governou esse estado do PT e do Haddad pessoal. Ninguém tem saudade.”

No último bloco do debate, cada candidato teve direito a um minuto para fazer suas considerações finais.

Fernando Haddad (PT)
Muito obrigado, Cesar Tralli, Rede Globo. Muito obrigado aos demais candidatos, e a você que nos acompanhou até aqui. Domingo pode ser um grande dia, um dia de restabelecer a democracia no nosso país. Um dia de restabelecer os seus direitos, que foram ceifados pelos governos tanto estadual quanto federal. Foram cortados vários direitos importantes, frutos de lutas históricas do povo trabalhador, cortados sem dó nem piedade. Um dia em que a gente vai voltar a reindustrializar o Estado de São Paulo. Não podemos perder mais empresas, do Vale do Paraíba, do ABC, do Norte de São Paulo, do Oeste de São Paulo. Empresas estão indo embora por causa do aumento de impostos, estão afugentando os investidores. Nós precisamos de mais comércio, de mais indústria, mais empregos de qualidade. E mais comida na mesa. Isentando de impostos e aumentando o salário mínimo paulista, você vai chegar até o final do mês sem dívidas acumuladas. Você vai se livrar das dívidas e vai voltar ao mercado de consumo de massa, que é o que faz a economia rodar. O industrial e o comerciante não vão contratar se não tiverem pra quem vender. E o segredo disso é o seu poder de compra, que não para de cair em virtude de governos impopulares, que não se importam com você. Um estado rico como São Paulo ter 100 mil pessoas em situação de rua? Alunos de ensino médio ter o conhecimento de um aluno do sétimo ano do fundamental? Uma fila de 1,2 milhão de procedimentos do SUS aguardando agendamento? 500 obras paradas? Não, nós precisamos dar a mão, as mãos ao país. Brasil e São Paulo podem caminhar juntos e acabar com essa briga de um presidente e um governador. Vamos dar as mãos para o desenvolvimento do nosso país, para a prosperidade do nosso país. Vote 13.

Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Rodrigo Garcia (PSDB)
“Quero agradecer à Rede Globo por dar essa oportunidade, de fazer esse último debate antes do 1º turno. Agradecer à Deus, à minha família, à minha esposa, por estar aqui, participando desse momento, e pedir a sua atenção para essa eleição de governador de São Paulo. É o governador que está aqui, no dia a dia, cuidando do nosso estado, da Segurança Pública, da Saúde, da Educação, das nossas estradas, do Metrô. Portanto, o futuro de São Paulo depende muito de quem você, no próximo domingo, vai escolher para comandar São Paulo pelos próximos quatro anos. Eu tô aqui há mais de 20 anos, trabalhando por esse estado. Amo São Paulo. Ajudei a construir o nosso estado ao lado de você. O estado que a gente tem hoje não é fruto de um governador, de um partido. É fruto de milhões de pessoas, que ajudaram a gente a chegar até aqui. São Paulo é o melhor estado do Brasil e precisa continuar. Eu sei que ele só vai continuar se a gente ficar distante dessa briga política, que só atrasou o Brasil. Desde quando começou essa briga ideológica, o que mudou na sua vida, pessoal? Tenho certeza que a resposta é nada. Portanto, estou aqui para proteger as nossas conquistas. Para trabalhar para que os AMEs, para que as ETECs e Fatecs, para que as obras de Metrô – são cinco hoje em andamento – que os mais de 15 mil quilômetros de asfalto, que as centenas de milhares de obras do Pró-SP, não parem. O que está em jogo é isso. Qualquer um dos adversários que ganhar a eleição vai parar. Vai tentar entender como funciona São Paulo. E São Paulo vai perder um tempo que a gente não tem. Estou aqui para proteger as nossas conquistas. Mas ao mesmo tempo, olhar para frente. Continuar avançando na área do combate à fome, com o cartão ‘Bom Prato’, o imposto zero para a população mais carente. Olhar pra frente fazendo o Pró-SP, fase 2. Mais 600 novas estradas. Olhar pra frente fazendo o MédioTec, fazendo com que todos os alunos do ensino médio possam fazer o ensino integrado com o técnico. Olhar pra frente protegendo as mulheres desse estado, aos jovens, dando a eles oportunidade de emprego e de renda. Por isso, pessoal, eu peço seu voto de confiança no domingo para o Rodrigo, 45, governador. Para São Paulo seguir em frente. Pra São Paulo seguir em paz”.

Elvis Cezar (PDT)
“Eu quero agradecer a Deus, eu quero agradecer à Rede Globo, agradecer a você que ouviu todas essas propostas ao longo desse debate. Agradecer a minha esposa, minha família, agradecer minha equipe que tem trabalhado muito nessa campanha eleitoral. Eu quero agradecer a minha vice-governadora, a Gleide Sodré. Quero falar e pedir o voto para o Ciro Gomes, para presidente, número 12, para o Aldo Ribeiro senador número 123, pra todos os deputados estaduais e federais do PDT número 12. Sabe? Nos últimos 20anos eu tenho combatido o bom combate. Eu combati a corrupção, denunciei máfias e mais máfias, desmontei máfias, eu ganhei prêmios com quatro vezes com o melhor prefeito do Brasil, sabe? Entreguei mais de duzentas e cinquenta obras, mas isso não foi o mais significativo na minha carreira. Foi, sim, ter feito a maior evolução da educação do estado de São Paulo ser referência em combate à mortalidade infantil no estado de São Paulo e no Brasil ser um vetor de geração de empregos, de transformação. Por isso eu quero ser governador de São Paulo. O Haddad já teve a chance, falhou, o Tarcísio já teve a chance, falhou. O Rodrigo, de cada 10 pessoas, 7 reprovam este governo. Me dá a oportunidade pra mudar São Paulo tem cinquenta por cento dos votos indecisos nós juntos. Vamos pro segundo turno e ganhamos a eleição, sim. É um projeto novo, mas com capacidade e experiência. Eu sou o Elvis o seu governador número 12. Vote 12.”

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