Cristiano Ronaldo e a longa caminhada

Não é, claro, a coda para sua brilhante carreira que Ronaldo poderia ter antecipado. Não é, na verdade, a coda que suas realizações garantem. Há poucas razões para demonstrar simpatia por isso: sua situação, afinal, vem com o consolo não irrelevante de ser o jogador mais bem pago em um dos clubes mais ricos do mundo.

Mas é verdade, também, que Ronaldo está preso por uma função de economia do futebol moderno. Poucos jogadores, se é que algum, fizeram tanto quanto Ronaldo, 37, para transformar o jogo no monstro financeiro que se tornou; ele tem, há anos, sido um dos líderes gêmeos (e principais beneficiários) de sua busca incansável pelo crescimento global.

Agora, porém, ele se encontra à mercê de sua própria criação. Todos os jogadores, mesmo os melhores, chegam ao fim. Com as pernas cansadas ou o corpo estalando, eles procuram um lugar um pouco mais confortável para passar seus anos crepusculares, em algum lugar onde o escrutínio seja menos gritante ou as demandas não tão exigentes ou a tarefa um pouco menos montanhosa do que nos picos absolutos do jogo.

Às vezes, ligas inteiras serviram de válvula de escape. Os torcedores europeus tendem a zombar quando os jogadores optam por se mudar para a Turquia ou MLS ou (antigamente) Rússia e (brevemente, brilhantemente) Chinamas vale a pena considerar que não faz muito tempo que a grande casa de repouso do jogo – aquela que atraiu Ruud Gullit e Jürgen Klinsmann e todos os outros com promessa de contracheques gordos e adversários supinos – foi a Premier League do década de 1990.

Mais frequentemente, porém, havia todo um elenco de clubes que estavam dispostos a desempenhar esse papel. Para os originais Ronaldo e Ronaldinho, era um AC Milan em declínio. Para o companheiro de equipe brasileiro Rivaldo, foi o Olympiacos. Mesmo Diego Maradona, depois de não um, mas dois escândalos de drogas, conseguiu encontrar um ponto de pouso seguro por um tempo no Sevilla.

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