A Costa do Marfim se aproxima de um momento crucial em sua história política com a proximidade das eleições presidenciais. A decisão do atual presidente, Alassane Ouattara, de concorrer a um quarto mandato tem gerado ondas de controvérsia e aumentado as tensões em um país que busca consolidar sua estabilidade democrática após anos de conflito. A proibição de protestos e o afastamento de figuras da oposição adicionam camadas de preocupação ao cenário político.
Um Legado de Desenvolvimento em Contraste com a Busca por Mais Poder
Durante a inauguração de uma ponte que leva seu nome em Abidjan, em 2023, Ouattara comentou, em tom de brincadeira, que a obra valeria por vários mandatos. De fato, seus apoiadores apontam para o desenvolvimento da infraestrutura, como as novas pontes na capital econômica, como símbolos de uma era de modernidade e liderança estável sob seu governo. No entanto, críticos argumentam que o progresso material não deve justificar a erosão dos princípios democráticos e a perpetuação no poder.
O Debate Constitucional e o Limite de Mandatos
A principal questão em torno da candidatura de Ouattara reside na interpretação da Constituição. Após uma reforma constitucional em 2016, o presidente alega que a contagem de seus mandatos foi reiniciada, permitindo-lhe concorrer novamente. A oposição contesta essa interpretação, argumentando que o limite de dois mandatos deve ser respeitado, conforme o espírito da lei fundamental. Esse debate jurídico e político tem inflamado as paixões e aprofundado a polarização no país.
Oposição Marginalizada e a Restrição de Protestos
Além da questão do limite de mandatos, a oposição enfrenta desafios significativos para apresentar uma alternativa viável ao eleitorado. Figuras proeminentes foram marginalizadas, e a proibição de protestos limita a capacidade de expressar discordância e mobilizar a sociedade civil. Essas medidas restritivas levantam sérias dúvidas sobre a legitimidade e a transparência do processo eleitoral.
Um Futuro Incerto para a Estabilidade na Costa do Marfim
A situação na Costa do Marfim é um lembrete dos desafios enfrentados por muitas nações africanas na busca por um equilíbrio entre desenvolvimento econômico, estabilidade política e respeito aos princípios democráticos. A decisão de Ouattara de concorrer a um quarto mandato coloca em risco os avanços alcançados nos últimos anos e lança uma sombra de incerteza sobre o futuro do país. O diálogo inclusivo, o respeito aos direitos da oposição e a garantia de um processo eleitoral justo e transparente são cruciais para evitar um retrocesso e preservar a paz social.
O mundo observa atentamente os acontecimentos na Costa do Marfim, esperando que a liderança política e a sociedade civil encontrem um caminho que conduza a um futuro de prosperidade, justiça e democracia para todos os cidadãos.