Conflitos históricos viram assunto nas redes após Marrocos eliminar Espanha e Portugal na Copa; entenda


Em uma analogia ao passado, internautas falaram em ‘retomada’ da Península Ibérica após o país africano eliminar Espanha e Portugal no mata-mata do Mundial. Marrocos derrota Portugal e faz história como primeiro africano em semifinal da Copa.
Reuters
O avanço histórico da seleção de Marrocos para a semifinal da Copa do Mundo após vitória contra Portugal rendeu uma série de publicações nas redes sociais sobre conflitos que envolveram os territórios desses países.
Muitos relembraram os confrontos que se estenderam por quase oito séculos na Península Ibérica, território no sudoeste europeu onde hoje estão localizados Portugal e Espanha.
Em uma analogia ao contexto histórico, usuários do Twitter falaram em “retomada” da Península após o país africano eliminar Espanha e Portugal no mata-mata do Mundial – além de ter, pela frente, a França na semifinal da competição.
Marroquinos celebram a vitória da seleção sobre Portugal na Copa do Mundo
O que aconteceu na Península Ibérica?
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A Península fica no extremo sudoeste da Europa, onde estão Portugal, Espanha, Andorra, Gibraltar e uma pequena parte do sul da França.
Em meados do século VIII, os mouros – termo usado pelos europeus para se referir ao povo do norte da África, onde fica hoje o Marrocos – passaram a ocupar a região. Eles eram da religião muçulmana.
“Os árabes, através de vários principados e califados, ocuparam a Península Ibérica por cerca de oito séculos. Em certo momento, a partir do século doze, os cristãos passaram a reocupar a região”, explica o historiador Alberto Aggio.
Antes da ocupação pelos mouros, o contexto era de conflitos territoriais entre o próprio povo que habitava a Península. Naquele período de disputas internas, já havia grande adesão ao cristianismo.
Península Ibérica foi marcada por conflitos entre os séculos VIII e XV.
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Em meio aos confrontos da Península, um grupo local recorreu ao apoio de lideranças que dominavam o norte da África.
A ocupação dos mouros no sudoeste europeu teve início naquele momento, e se estendeu do século VIII ao século XV. A expansão territorial, no entanto, não atingiu outras regiões da Europa, sendo barrada no sul da França, ao norte da Península.
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Há, nesse contexto, a questão religiosa: cresceu o sentimento antimuçulmano nos territórios cristãos ocupados – o que ampliou a força europeia na região.
A ofensiva contra os mouros ganhou ainda mais força nos séculos seguintes: em meados dos anos 1250, os cristãos europeus recuperaram a maior parte da península – período batizado de “reconquista”.
“Essa é uma leitura dos cristãos, que reconquistam um território que, na verdade, lá no passado, estava na mão dos romanos. Por isso, falam em reconquista. E, a partir daí, vão se formando os reinos que fazem parte das origens do que seriam depois Espanha e Portugal”, diz Aggio.
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O fim da resistência moura (muçulmana) na Península Ibérica ocorreu no final do século XV, com a total retomada pelos cristãos.
“A reconquista da Península Ibérica pelos europeus deu a lógica militar da luta dos cristãos para conquistar territórios. Isso está presente, inclusive, nas conquistas da América”, explica Aggio.
Batalha de Alcácer-Quibir
Os usuários das redes sociais também relembraram a Batalha de Alcácer-Quibir, entre portugueses e marroquinos, ocorrida no norte do Marrocos, já no século XVI.
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A Batalha de Alcácer-Quibir aconteceu em 1578 e teve como líder português o rei Dom Sebastião.
“Era uma tentativa de conquista por meio de uma cruzada no norte da África. Na batalha, Dom Sebastião morre, e o corpo dele não é encontrado. Daí, criou-se o mito do ‘Sebastianismo’. De 1580 a 1640, Portugal fica sob domínio espanhol – tanto o território português quanto as colônias, o que inclui o Brasil”, explica o historiador Alberto Aggio.
O domínio espanhol foi consequência do espaço deixado por Dom Sebastião. Ele não tinha filhos, e Portugal ficou, portanto, sem um rei.
O rei espanhol Filipe II reivindicou, então, o trono português e o anexou à Espanha, alegando parentesco com Dom Sebastião.
A Batalha de Alcácer-Quibir já havia deixado o reino de Portugal em forte crise, impactando negativamente aquele período de expansão.
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