O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, foi criticado por seus adversários por não comparecer ao evento – promovido por um pool de veículos de imprensa formado por SBT, CNN, ‘Estadão’/Rádio Eldorado, Terra, Veja e Rádio Nova Brasil FM.
Para os comentaristas do g1 e da Globonews Ana Flor e Valdo Cruz a ausência de Lula no debate ‘saiu barato’ para o petista. Jair Bolsonaro, que ocupa o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, foi o alvo preferencial dos demais candidatos.
Já a presença do Padre Kelmon, candidato do PTB que defendeu pautas de costumes, serviu de “linha auxiliar” para Bolsonaro, avaliou Fernando Gabeira.
- Datafolha: Lula tem 54% no 2º turno; Bolsonaro, 38%
Veja, a seguir, as análises dos colunistas.
Ana Flor analisa ausência de Lula (PT) no debate presidencial deste sábado (24)
“A ausência do ex-presidente Lula Inácio Lula da Silva (PT) no debate deste sábado acabou saindo barato para o atual líder nas pesquisas de intenção de voto”, avaliou a colunista do g1 Ana Flor.
“Apesar de ser atacado e ter um púlpito vazio para lembrar que ele não aceitou o convite de participar do debate, Lula não se tornou o alvo principal de todos os adversários. Foi, sim, o alvo preferencial de Jair Bolsonaro (PL) e, em grau menor do que se poderia esperar, de Ciro Gomes (PDT).
O grande número de debatedores e as farpas trocadas entre os presentes acabaram por diluir o impacto negativo para Lula. Muito diferente de 2006, no debate em que faltou no 1º turno das eleições e que foi chamado de fujão pelo adversário à época, Geraldo Alckmin, hoje seu vice.
Entre os participantes, ficou visível a dobradinha entre Bolsonaro e o candidato do PTB, Padre Kelmon, que chegou a criticar os demais candidatos por “massacrarem” o atual presidente.
Bolsonaro focou suas falas em mandar um discurso ao eleitor de baixa renda, mas não escapou de ataques sobre casos de corrupção no governo e denúncias envolvendo sua família.”
“Alvo de ataques no debate, o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi classificado de positivo por sua equipe”, destacou Valdo Cruz.
“A avaliação é que o presidente aproveitou para falar de seu governo e teria conseguido se defender das acusações de corrupção, mesmo sem dar respostas definitivas. Além disso, assessores destacaram que desta vez ele evitou atacar candidatas e jornalistas, como fez no primeiro.”
Para o colunista do g1, Lula acabou menos atacado por sua ausência do que Bolsonaro.
“O problema, lembram auxiliares, é que Lula não teve como se defender pela decisão de faltar ao debate.”
Os melhores no debate foram Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), avaliou Valdo Cruz.
O bom desempenho dos candidatos, no entanto, não deve alterar o cenário da polarização da eleição.
“O efeito do debate pode ser sentido na definição ou não da campanha no primeiro turno. Sem Lula no debate, e com o bom desempenho principalmente de Ciro e Simone, o voto útil pode não acontecer na intensidade desejada pelo ex-presidente.”
Gabeira comentou a participação do Padre Kelmon no debate presidencial
O comentarista da Globonews Fernando Gabeira comentou a participação do Padre Kelmon no debate presidencial. Ele avalia que a passagem do candidato foi uma tentativa de fortalecer Bolsonaro.
“Ele certamente foi ali para funcionar como linha auxiliar”, disse Gabeira.
“Eles já a haviam combinado e ele ia insistir na pauta de costumes. Essa foi a função dele. Ele só perguntava sobre temas ligados a costumes e a repressão de religiosos na Noruega. Outro fator que ele mencionou foi a questão do aborto com a Simone Tebet. Em ambos os casos ele estava fazendo perguntas a pedido de Bolsonaro. Ele só levantava a bola para Bolsonaro chutar.”